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Ana Rita Feijão: ‘O nosso papel é central no fortalecimento do ecossistema musical português’

Por

 

Pedro Mendes
27 de Setembro de 2025

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Ana Rita Feijão: ‘O nosso papel é central no fortalecimento do ecossistema musical português’

A WHY Portugal nasceu com uma missão clara: apoiar a internacionalização da música portuguesa, criando pontes entre artistas nacionais e o circuito global de festivais, agentes e programadores. Desde 2016, a associação sem fins lucrativos tem sido um motor essencial na projeção do talento português além-fronteiras, promovendo showcases, missões internacionais e oportunidades de networking que abrem novos caminhos para músicos e profissionais do setor.

À conversa com Ana Rita Feijão, da direção executiva da WHY Portugal, exploramos os desafios e conquistas deste percurso de quase uma década, a importância de eventos como o Mercat Música Viva Vic e o papel central que estruturas de exportação podem ter no fortalecimento do ecossistema musical português.

Como nasceu a WHY Portugal e o que te motivou a envolver-te neste projeto?
A Why Portugal é uma associação sem fins lucrativos, fundada em 2016, pela AMAEI – Associação de Músicos, Artistas e Editores Independentes. Já existiam gabinetes de exportação noutros países e, quase há 10 anos, entendemos que estava na altura de Portugal afirmar-se também neste contexto, mostrando ao mundo que temos talento para exportar. O próprio nome WHY Portugal nasceu da pergunta que nos faziam: “Mas porquê Portugal?”. Hoje, a resposta é clara — Acreditamos que todas as dúvidas foram rapidamente dissipadas, e os resultados comprovam-no. Faço parte da equipa executiva desde o início e tem sido muito gratificante participar e assistir de perto a este percurso de 10 anos. Foram vários os passos importantes até onde estamos hoje e motiva-nos este sentido de missão para continuar o nosso trabalho e de alguma forma dar o nosso contributo para a internacionalização do sector.

O que é que torna a internacionalização dos artistas portugueses um processo tão desafiante?
Portugal é um país pequeno, mas com um talento imenso. Se no início desta aventura os outros países olhavam para nós com desconfiança, rapidamente perceberam o potencial e profissionalismo dos nossos artistas e profissionais.

O maior desafio prende-se com a imprevisibilidade na medida em que nada está garantido. Os passos vão sendo conquistados e todo o processo é fruto de muito trabalho e dedicação. Há ainda o peso da distância e dos custos logísticos, mas quando a preparação é feita a sério e o trabalho é consistente, a receção internacional tem sido muito positiva, com curiosidade crescente pela nossa música, nos seus mais diversos géneros.

Para além de abrir portas, em que aspetos concretos apoia a WHY Portugal os músicos e os profissionais da música?
A WHY Portugal atua como mediador e catalisador. Organizamos missões internacionais, apoiamos a participação de artistas em showcases, promovemos ações de networking, formamos e capacitamos artistas e profissionais para se apresentarem da melhor forma. Fazemos a ponte com festivais, conferências, agentes e programadores internacionais, preparando o terreno para que o talento português seja ouvido no contexto certo.

Que balanço fazes da presença de Portugal no Mercat Música Viva Vic desde 2019?
O MMVV tem sido um marco importante na agenda da WHY Portugal. Desde 2019, Portugal tem reforçado a sua presença, primeiro de forma tímida, depois com missões mais robustas, até chegar ao estatuto de país foco em 2024. O balanço é extremamente positivo: mais artistas em palco, mais profissionais envolvidos, e sobretudo mais oportunidades concretas de circulação no mercado ibérico. A equipa de programação artística (tanto a anterior, como a atual), acompanha com muita atenção o que de novo surge no tecido artístico português, e tem levado, anualmente, mostras interessantes.

No ano passado Portugal foi país foco do festival. Que impacto teve essa visibilidade extra para os artistas e profissionais que lá estiveram?
Ter Portugal como país foco deu uma maior exposição perante os delegados internacionais. Os artistas beneficiaram de uma visibilidade multiplicada, tanto junto de público como de programadores, e os profissionais portugueses tiveram acesso direto a parceiros estratégicos em Espanha e noutros países representados. O impacto foi imediato em várias frentes: convites para festivais, parcerias de booking e novas datas confirmadas.

Este ano a comitiva leva cinco artistas de géneros muito distintos. O que é que orienta a seleção e curadoria destes nomes?
A seleção e curadoria dos artistas é uma responsabilidade exclusiva da equipa do festival, mas resulta sempre de um trabalho articulado. No caso do MMVV, convidámos o diretor artístico, Jordi Casadesús, a visitar o Westway Lab 2025, em Guimarães. Durante a sua estadia, participou em sessões de networking com vários agentes portugueses e assistiu a diversos concertos, o que lhe permitiu ter um contacto direto com a diversidade e a qualidade da nossa cena musical.

Paralelamente, promovemos a comunicação da open call do MMVV junto dos nossos associados, o que ampliou ainda mais o leque de opções. Este processo garantiu que a equipa do festival tivesse acesso a uma amostra representativa do que se faz em Portugal: diversidade de géneros, propostas artísticas singulares e diferentes gerações.

Quais são os principais ganhos que um artista pode retirar da participação em festivais como o Mercat Música Viva Vic, mesmo sem garantias imediatas de contratos?
O networking e a possibilidade de tocar para o público certo. Muitas vezes, o impacto não é imediato, mas cada concerto é uma oportunidade de ser descoberto por um programador, de criar laços para futuras colaborações ou de abrir caminho para outros mercados.

Na tua opinião, que papel podem ter projetos como a WHY Portugal no fortalecimento do ecossistema musical português a médio e longo prazo?
Acreditamos que o nosso papel é central no fortalecimento do ecossistema. Ao longo de quase 10 anos, já acompanhámos centenas de artistas de todos os estilos, realizámos perto de 50 missões e ajudámos a promover quase 150 showcases. Esses momentos criam oportunidades que não existiriam sem esta estrutura e contribuem para profissionalizar o setor, tornando-o mais competitivo internacionalmente.

Olhando para o futuro, quais são as ambições da WHY Portugal em termos de novos mercados e festivais?
Queremos consolidar os festivais onde já temos presença regular, mas também abrir novos caminhos. A Coreia do Sul e o Canadá são mercados nos quais já demos passos importantes. Em novembro, e já a pensar em 2026, a Why Portugal realiza mais uma missão de prospeção a um novo mercado, onde irá participar no Iceland Airwaves, na Islândia, com o objetivo de conhecer o evento e os profissionais que nele participam, para avaliar o potencial de uma futura missão internacional neste mercado. E França é o próximo grande foco estratégico, com a preparação de três missões em diferentes regiões, em articulação com o Centre National de la Musique.

Que festivais estão previstos para os próximos meses, como se processam as candidaturas e quais os timings de inscrição?
O último quadrimestre de 2025 está a ser muito produtivo. Realizámos em setembro o Reeperbahn Festival (Alemanha, 16–19 de setembro), um dos maiores encontros profissionais da Europa, que recebeu os showcases de Madmess, Them Flying Monkeys e Unsafe Space Garden no âmbito da iniciativa The Portuguese Discovery, organizada pela Gig.Rocks e o Mercat de Música Viva de Vic (Espanha, 17–21 de setembro), festival de referência na Península Ibérica que reforça este ano o seu foco em Portugal, com showcases de Capitão Fausto, Fidju Kitxora, MOVE, Sofia Leão e LINA_ & Marco Mezquida, e uma comitiva de profissionais portugueses em sessões de networking.

Em outubro vamos estar no Zandari Festa (Coreia do Sul, 17–19 de outubro), onde a banda MAQUINA foi convidada oficialmente pela organização do festival para atuar, no WOMEX – World Music Expo (Finlândia, 22–26 de outubro), onde Portugal volta a estar representado com stand próprio desde 2018, este ano com 7 empresas nacionais participantes, no MaMA Festival & Convention (França, 15–18 de outubro) e Les Trans Musicales (França, 3–7 de dezembro). Estes dois últimos fazem parte do projeto 2025/2026 que a WHY Portugal vai promover, com o apoio da DGARTES com foco no intercâmbio e promoção de oportunidades com e no mercado francês.

 

O início do novo ano arranca com um marco importante o Eurosonic (Groningen, 14-17 janeiro) onde está prevista a atuação de 4 artistas portugueses; Fidju Kitxora foi o primeiro a ser anunciado, escolha da Antena 3, no âmbito da sua participação na rede EBU (European Broadcasting Union). Ainda no primeiro trimestre marcamos presença no Babel XP (Marselha, 19-21 Março).

 

Neste momento e até dia 9 outubro, estão a decorrer as inscrições para showcase o Westway (Guimarães, 8-11 abril), durante o qual promovemos o acolhimento de uma comitiva de programadores e agentes internacionais.

O Westway, por exemplo, é um festival que se realiza em Portugal. Em que difere das restantes missões internacionais e o que se pode esperar para a edição de 2026?
O Westway é um showcase festival e conferência profissional que nasceu em Guimarães, inspirado por outros formatos internacionais mas com identidade própria. A grande diferença é que acontece em Portugal e isso permite-nos trazer até cá programadores, agentes e profissionais estrangeiros, colocando os artistas portugueses a tocar “em casa” mas para uma audiência internacional.

Enquanto muitas missões obrigam os artistas a viajar para mostrar o seu trabalho, o Westway cria o contexto inverso: é o mundo que vem a Portugal para conhecer a nossa cena musical.

Para 2026, queremos consolidar esta lógica, reforçando a presença de delegações internacionais, aprofundando o papel do Westway como parte da rede europeia de festivais e gabinetes de exportação (ESNS Exchange). Será mais uma oportunidade de mostrar que Portugal não é apenas um país que exporta talento, mas também um ponto de encontro relevante no mapa global da música. Nomes já confirmados de convidados da WHY Portugal: Jordi Fosas (Diretor artístico, Fira Mediterrània Manresa); Jordi Casadesus (Diretor artístico MMVV); Joyce Jenny Loir (prgramadora Ancienne Belgique); Eugenio Gonzalez (programador Festival La Mar de Músicas); Isleifur Thorhallsson (CEO Sena Live & Iceland Airwaves).

Foto: Capitão Fausto © Xavi Caparros

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