"Self-Uncensored" questiona a censura e a liberdade artística em contextos democráticos

A Galeria Mono, no Bairro das Colónias, recebe no domingo, 27 de julho, a primeira apresentação pública do projeto artístico Self-Uncensored, um programa que propõe uma reflexão profunda sobre as múltiplas formas de censura que persistem — inclusive em sociedades democráticas — e sobre a forma como estas se infiltram no próprio trabalho artístico.

Sob a direção de Tânia M. Guerreiro, e com produção da plataforma ORG.I.A (SELF-MISTAKE), Self-Uncensored #1 reúne performances de três artistas internacionais — Mei Liu, Gustavo Gomes e Sepideh Khodarahmi — cujos trabalhos exploram poéticas de resistência através do corpo e da palavra, confrontando subtis mecanismos de censura e autocensura.

A performance-conferência "Homesick for Another World" de Mei Liu, a peça de dança "Tintinnabulum" de Gustavo Gomes, e o espetáculo "The Erotic Clown" de Sepideh Khodarahmi compõem o núcleo performativo do evento, que será seguido de uma conversa moderada por Alice Azevedo, actriz e dramaturga portuguesa.

O evento decorre entre as 15h e as 20h, com entrada livre, e será conduzido em inglês, sem legendas ou tradução. Mais do que uma mostra artística, Self-Uncensored afirma-se como uma plataforma de resistência e consciência crítica, chamando a atenção para os perigos da adaptação às pressões de mercado, às expectativas normativas da comunidade artística e às dinâmicas de poder que silenciam de forma indireta.

“O projeto quer expor como, mesmo em democracias, a liberdade de expressão pode ser subtilmente condicionada — pela autocensura, pelas estruturas de apoio artístico ou pela própria fragilidade da condição de migrante,” refere a organização.

Com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Direção-Geral das Artes, o evento marca o arranque de uma série de ações que pretendem provocar o debate sobre liberdade criativa, num mundo onde a censura já não veste farda, mas se disfarça de consenso.

Mais informações: self-mistake.pt/uncensored