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António Manuel Ribeiro: 'ser coerente não custa muito e faz bem à alma'

Por

 

Pedro Mendes
14 de Agosto de 2025

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António Manuel Ribeiro: 'ser coerente não custa muito e faz bem à alma'

António Manuel Ribeiro, fundador e vocalista dos UHF, é uma das vozes mais marcantes da história do rock português. Com quase cinco décadas de estrada e canções que atravessaram gerações, continua a subir aos palcos com a mesma energia e coerência que o tornaram um ícone. Em plena digressão “Cromados & Limalha / O Lugar do Rock” – que celebra também os 45 anos do clássico “Cavalos de Corrida” – prepara-se para um concerto intimista no Palácio Baldaya, em Lisboa, no próximo dia 31 de agosto. Entre memórias, novas canções, poesia e a eterna missão de mexer com consciências, António Manuel Ribeiro falou ao Coffeepaste sobre o passado, o presente e o futuro dos UHF.

A digressão “Cromados & Limalha / O Lugar do Rock” está a decorrer. O que é que este novo espectáculo traz de diferente em termos de energia e vínculo com o público?
O novo é algo que se faz todos os dias, começa nos ensaios, depois vem o estúdio e a seguir o ao vivo. A canção “Cromados & Limalha” fala de como aparecemos no panorama musical português, uns tipos que faziam ‘barulho, coitados’. Mas depois a canção “Cavalos de Corrida” surge e muda tudo na música portuguesa. Num ápice, nós incluídos, os putos, começamos a ser levados a sério porque somos novos, diferentes, atrevidos e estão a gerar receitas – tínhamos público, o nosso novo público. É este o nosso lugar do rock, no ano em que se celebram 45 anos sobre a edição de “Cavalos de Corrida”. Olhas para trás e sabes que a tua pele é a mesma – ser coerente não custa muito e faz bem à alma.

Neste álbum “O Lugar do Rock”, como foi o processo de composição e arranjo? Que influências estavas a sentir no momento desta escrita?
Este disco foi ensaiado em três ou quatro dias, parámos a gravação do outro disco que estávamos a gravar, e que iremos retomar em Outubro. Segui, enquanto autor e produtor, um caminho muito linear, rápido e eficaz. Sem discussões. Havia um alvo.

És frequentemente descrito como um “poeta-rock”, tendo publicado livros de poesia e crónicas. Como é que esse universo literário se entrelaça com o rock que fazes ao vivo?
Às vezes é difícil dar seguimento temporal às ideias – neste momento estou a finalizar a selecção de poemas para um novo livro de poesia – os outros três estão esgotados. Sou apenas um observador do que se passa em redor, e sobre esses movimentos da sociedade dou a minha visão. Ser útil é isto.

Como se mantém a energia pioneira da formação inicial dos UHF - em Almada nos anos 70 - no som e atitude da banda em 2025?
Não sei muito bem, está cá dentro. Por vezes ando fatigado, estas diatribes climatéricas desgastam muito, mas depois chega o dia de um novo concerto e há um sopro que afasta essa fadiga e tudo renasce. É muito bom para o equilíbrio mental saber que as pessoas nos querem bem e fazemos parte da sua história.

Os UHF são uma das bandas mais antigas em atividade em Portugal. Qual é o segredo para permanecerem fiéis ao rock e ao público, após quase cinco décadas de estrada?
Os UHF são mesmo a banda mais antiga em actividade. O segredo é muito simples, chama-se coerência, sem espalhafato, sem pedir ao público imbecilidades para uma foto que será plasmada nas redes, com canções que marcam gerações. Ser simples e honesto é fácil.

Muitas canções dos UHF têm uma forte carga social e política. Achas que a música ainda tem a responsabilidade de mexer com consciências hoje?
Para mim tem, e lá tenho de voltar às músicas de trombeta. Já passei pelas boys bands, pelo pimba, pelo brejeiro foleiro (porque há um brejeiro de tradição, malandreco) e haverá sempre mais do mesmo em cada época.

Temos uma tradição que vem desde a Idade Média, as canções de escárnio e maldizer; depois, na década de ’60 do século passado, veio a música de intervenção. Hoje, quem sabe e quer mais que rimanços, fala e desperta os que querem ouvir acordados.

Tens tocado com o teu filho António nos UHF. Como é essa dinâmica artística e pessoal dentro da banda?
Não é fácil, nem foi um benefício meu, foram os meus colegas em 1996 que o trouxeram. Mas ele conquistou o seu espaço e a sua identidade. Não é fácil ser guitarrista nos UHF e aturarem-me em estúdio.

Falta pouco para o concerto no Palácio Baldaya a 31 de agosto. O que podem esperar os fãs - há momentos especiais pensados ou surpresas reservadas para essa data?
Pediram-nos um formato acústico e naquele ambiente algo pode e vai florescer, é o diálogo de participação que propomos ao público.

Quando olhas para trás na tua carreira — desde os primeiros concertos, os primeiros álbuns, até aos dias de hoje - o que te deixa mais orgulhoso? E que mensagem gostarias de deixar aos novos músicos que agora começam?
Não gosto da palavra orgulho, substituo-a sempre por honra. A paz interior que sinto vem de ter seguido um rumo, mesmo no meio das maiores tempestades (algumas pessoais), porque essa convicção foi (e é) a bússola que me indicava e indica o Norte.

Numa entrevista afirmaste: “O Cristiano Ronaldo para fazer golos chuta à baliza todos os dias. É assim que eu vejo a música.” Podes desenvolver essa metáfora sobre a disciplina e entrega artística?
Os músicos para realizarem uma gravação, ou uma digressão, têm de repetir e repetir fechados na sala de ensaios, longe de todos, para lapidarem o diamante que é canção e depois o concerto. Foi isso que um dia ouvi ao Ronaldo, e que todos sabem: ele é o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos, sem se esquivar ao trabalho.

Conheci muito bons músicos que desapareceram à primeira intempérie. Mas o mau tempo faz parte das nossas vidas.

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