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As paixões de Steven Gillon

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COFFEEPASTE
19 de Fevereiro de 2024

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As paixões de Steven Gillon

"9 Pieces for Childhood", o segundo disco do jovem compositor Steven Gillon, chegou dia 2 de fevereiro às plataformas digitais. Uma composição de piano e violoncelo de 9 faixas,

numa homenagem nostálgica à infância. O álbum reflete sobre a beleza da inocência da infância e a tristeza de se crescer demasiado rápido. Conversámos com Steven Gillon para saber mais.


Como é que a música entra na tua vida? 

Cresci numa família em que se ouvia música praticamente todos os dias, por isso é difícil escolher um momento exato. Recordo-me vagamente de a música ser algo intenso para mim. Recebi uma bateria de brincar aos 3 anos, e a minha mãe conta que passava muito tempo a tocar. Diria que essa altura foi crucial para o desenvolvimento do meu interesse musical. 


Aos 11 anos comecei a ter aulas de bateria e mais tarde fiz parte de bandas de garagem, onde predominava o rock e o metal, que eram os estilos que ouvia naquela altura. Foi aos 16 anos que começou a minha aventura ao piano, quando descobri o mundo da música clássica, um género a que nunca tinha dado a devida atenção. Comecei a ter uma maior necessidade de me expressar musicalmente e apenas segui o meu instinto, dedicando-me à composição para piano no meu tempo livre. 

 

Fala-nos um pouco do teu percurso artístico 

Ao mesmo tempo que comecei a estudar piano, ganhei muito interesse por cinema. Acabei por escolher estudar na Escola Artística António Arroio, no curso de Comunicação Audiovisual, com a intenção de ser um futuro realizador. Apesar de já ter muito amor pela música, naquela altura nunca considerei a possibilidade de me tornar compositor. Mas com o passar do tempo a minha paixão por piano e composição foi crescendo e a ideia de me tornar compositor como profissão começou a parecer-me fascinante. Decidi que o melhor seria fazer música para filmes e não, realizá-los. Hoje em dia não só tenho o foco de trabalhar nas minhas peças, como também tenho muito interesse em trabalhar em cinema.


Em 2019 lancei o meu primeiro disco “Pequenas Inquietudes” que deu início à minha carreira como compositor. Tive a oportunidade de trabalhar em alguns projetos de cinema e televisão, como as curtas-metragens “Escuro”, de Leonor Alexandrino e “Meu Castelo, Minha Casa”, de José Mira e a série documental “Raízes & Frutos”, de Edgar Ferreira. Escrever bandas sonoras para publicidade também tem sido algo recorrente no meu percurso. 

 

Que inquietações te levam a criar? 

Criar é algo que me traz imensa felicidade e acrescenta valor à minha vida. Não vejo uma inquietação específica para além desta vontade de criar. Estar em constante conflito comigo mesmo, à procura da melhor forma de expressar musicalmente o que desejo comunicar é muito entusiasmante para mim. O meu maior foco tem sido ser o mais honesto possível com a minha música. Sinto-me verdadeiramente realizado quando sei que o que crio é genuíno e sincero para comigo mesmo. 


Que compositores influenciam o teu trabalho? 

São quatro os compositores que têm sido importantes para o meu processo criativo: Federico Mompou, Alexander Scriabin, Arvo Pärt e Jóhann Jóhannsson. Compositores um pouco distintos, com uma voz muito própria, onde a sua influência depende muito do projeto que esteja a desenvolver. "9 Pieces For Childhood" foi principalmente influenciado pelos pequenos prelúdios de Scriabin e Mompou, já o meu single "Desolatus" Pärt e Jóhann foram a principal influência. A presença destes quatro compositores tem sido determinante para o meu processo criativo. 

 

O que inspirou o álbum "9 Pieces for Childhood”? 

Após o lançamento do meu primeiro disco, “Pequenas Inquietudes”, em 2019, comecei a refletir profundamente sobre a minha infância. Este tema tornou-se constante na minha mente, e percebi rapidamente que desejava explorá-lo musicalmente. Este álbum é uma homenagem nostálgica à infância, que contempla tanto a beleza da sua inocência como a tristeza de crescer demasiado depressa. Apresenta diversas perspetivas, tanto a de uma criança, como a de um adulto que reflete sobre a sua infância de forma mais consciente. 


Sendo este disco inspirado em acontecimentos da minha própria vida, optei por numerar as faixas, de modo a que o título não influenciasse o ouvinte, permitindo a cada um relembrar a sua infância sem a influência da minha. 

 

Como descreverias a sonoridade do álbum? 

Nostalgia, inocência, simplicidade, delicado e intimista são algumas palavras que para mim definem a sonoridade do meu disco. 

 

Fala-nos da escolha de piano e violoncelo para este trabalho 

A decisão de juntar estes dois instrumentos foi muito natural. Não tenho uma razão forte para ter escolhido este duo. Violoncelo é um dos instrumentos para o qual mais gosto de escrever, além disso, é um instrumento muito versátil, com um timbre quente capaz de expressar tanto melancolia como alegria com uma forte sensação de profundidade. Estes dois instrumentos fazem uma perfeita simbiose e é certo que não vai ser a última vez que escrevo para este duo. 

 

Que desafios te trazem os teus trabalhos para TV, cinema e publicidade? 

Escrever música para cinema, televisão ou publicidade, apesar de exigir uma abordagem distinta para cada meio, é um processo de trabalho que requer colaboração e adaptação às necessidades de cada produção. A principal função do compositor é compreender a visão do realizador e ser o mais criativo possível com as limitações musicais impostas. Este é o maior desafio e, talvez, o mais entusiasmante. A presença destas restrições, permite-nos ser inovadores e promover um resultado artístico que, sem as mesmas, seria muito difícil de concretizar. Outro ponto importante, é que não interessa se fazemos a nossa maior obra-prima, se a peça não está em harmonia com a imagem ou filme, tem que ser descartada. Isto é uma lição de humildade que nos obriga a compreender que, nesta área, estamos sempre ao serviço da imagem e não do nosso ego. O segundo maior desafio são as míticas “deadlines”. Quando trabalhamos na nossa própria música, podemos demorar 3 meses ou mais a escrever uma peça. Por sua vez, em projetos de televisão, cinema ou publicidade, acontece termos de compor e entregar uma proposta em 2 a 3 dias. Isto faz com que a abordagem criativa e o processo de trabalho sejam totalmente diferentes. É crucial aceitar as nossas fraquezas e limitações, como o nosso skillset, ou ferramentas que temos ao nosso dispor, para conseguir entregar o trabalho a tempo e horas. Este processo já me proporcionou descobertas magníficas, onde não só percebi áreas que posso melhorar, mas também me surpreendi com o que sou capaz de realizar ao aceitar as minhas limitações e me deixar guiar pelo instinto. Acredito que podia falar de mais dezenas de desafios que esta área proporciona, mas no final do dia, o que realmente me fascina e me faz querer continuar a compor para imagem é a constante procura de inovação dentro dos limites musicais de cada projeto. 

 

A música pode salvar? 

A minha resposta é sim, pode salvar, mas depende sempre do ouvinte e não da música. Temos de estar emocionalmente disponíveis para receber música com uma certa intensidade. Tanto podemos usar a música como um escape à nossa vida como uma exploração e reflexão daquilo que somos e o mundo que nos rodeia. Mas claro, a música é diferente para toda a gente e cada um usufrui esta arte da forma que entender. No meu caso, vivo a música intensamente, começo e acabo o meu dia a pensar em música. Portanto, diria que a música me salva todos os dias. 

 

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