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Comentador político, analista de assuntos internacionais e ensaísta, Nuno Rogeiro tem sido, ao longo das últimas décadas, uma das presenças mais constantes e reconhecidas na leitura crítica da realidade global. A sua capacidade de síntese, o rigor factual e a atenção permanente à história e à linguagem fizeram dele uma referência singular no espaço público português — tanto na televisão como na imprensa e na escrita.
A propósito do lançamento do seu novo livro, Abominável Mundo Novo (Dom Quixote, 2025), conversámos com o autor sobre o seu percurso intelectual, os acontecimentos que moldaram o nosso tempo e os desafios de compreender o presente.
Nesta entrevista, Rogeiro fala com clareza sobre a urgência de pensar, diagnosticar e resistir à desinformação e à indiferença. E convida o leitor a enfrentar o mundo com dúvida metódica, atenção às fontes e sentido crítico — ferramentas que, hoje, parecem mais indispensáveis do que nunca.
Ao longo de várias décadas, tem sido uma das vozes mais constantes da análise internacional em Portugal. O que o motivou, desde início, a dedicar-se ao comentário político e geoestratégico?
O facto provado (isto é, a não ficção) da existência de política e estratégia, como motores da vida (e morte) em comunidade.
Costuma referir que o mundo é mais complexo do que parece. Que ferramentas considera essenciais para ler criticamente o presente?
Dúvida permanente e metódica, não confusão entre factos e opiniões, fontes extensas e renováveis, capacidade para reconhecer o que é menos mutável e o que se altera, e tentar compreender as razões de tudo, para além das consequências dos actos individuais e colectivos.
Como vê hoje o papel dos comentadores e analistas na televisão e nos media generalistas? Há espaço para aprofundamento, ou tudo se resume ao imediato?
Não atribuo nenhum papel especial, mas cada um deve responsabilizar-se por aquilo que diz. E devemos esperar que, a seguir ao comentário e a análise, o público possa passar a saber mais. Não menos.
Ao acompanhar de perto temas como conflitos armados, terrorismo ou diplomacia global, como lida com o risco de banalização da violência e do sofrimento?
Não correndo esse risco.
Ao longo da sua carreira, há eventos ou mudanças internacionais que considera decisivos para compreender o mundo actual?
Não é original falar do PREC e do Thermidor, do Cavaquismo governante, do princípio e fim das maiorias absolutas em Portugal, da transformação recente das importâncias dos vários partidos legais, dentro de portas, e, á fora, do fim da Guerra Fria, do 11 de Setembro, do Trumpismo, da invasão da Ucrânia, das sucessões papais, da transformação do projecto europeu e, mais recentemente, da expansão da NATO para a Escandinávia.
O título do seu mais recente livro, “Abominável Mundo Novo”, remete inevitavelmente para o clássico de Aldous Huxley. Que pontes estabelece entre essa distopia e a realidade contemporânea que observa?
O Admirável Mundo Novo de Huxley era, no fundo, um Abominável Mundo Novo, em acto e potência, em torno da desumanização. Vivemo-lo agora na carne e espírito, embora cada um escolha as suas abominações mais terríveis.
O livro começa com uma citação de Shakespeare: “Morta a beleza, o caos negro regressa”. A beleza está morta?
Está morta aos olhos de quem a acha bela.
A sinopse fala de um mundo em transformação veloz, de fronteiras desfeitas e sociedades desnorteadas. Que elementos dessa transformação destaca como mais preocupantes ou paradigmáticos?
Esses três elementos que indica (sendo que o problema é mais a erupção do caos do que a velocidade das mudanças), e ainda o exílio da humanidade e a transformação das linguagens. Em que as palavras oficiais/politicamente correctas chegam a significar o contrário do que julgávamos. Nesse aspecto, é mais 1984 do que AMN.
O subtítulo é claro: Entender o caos. O livro procura mais diagnosticar ou interpretar? E há ainda espaço para alguma esperança nesse caos?
Todo o diagnóstico (mesmo o feito por máquinas) é uma interpretação, que se espera ser sempre fiel, ou autêntica, e capaz de se submeter a juízo e revisão.
O livro está repleto de referências factuais, episódios recentes e análise crítica. Como foi o processo de escrita? Partiu de uma acumulação de notas ou de uma urgência reflexiva?
O sentido de urgência e actualidade parece óbvio. Publicado em Julho, refere-se a acontecimentos de Junho, entre outros. Parte de uma pergunta: «pode entender-se a actualidade, e dar sentido ao que vemos passar à frente - e atrás - de nós?».
A quem se dirige este livro: ao leitor curioso e atento, ao cidadão preocupado, ou a um público mais especializado?
A todos o que o que queiram ler, mesmo que se interessem apenas por alguns capítulos. Particularistas, soldados, generais e generalistas.
Que papel pode ter a Cultura num mundo em permanente turbulência?
A Cultura não é estanque à turbulência. Mas devemos ao menos esperar mais aculturação e menos trogloditização da vida.
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