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O Festival Contrapeso chega à sua quarta edição, consolidando-se como um marco cultural em Loulé e no Algarve Central. Desde a sua estreia, o festival tem crescido em escala e impacto, mas mantendo sempre uma abordagem íntima e próxima, que reflete a essência da organização, a Mákina de Cena. Com uma programação que desafia categorizações, o tema deste ano, NO CODER, traduz a ousadia de apresentar espetáculos transdisciplinares e surpreendentes, promovendo um diálogo vibrante entre música, teatro, dança e outras formas artísticas.
Nesta entrevista, Carolina Santos, da direção artística da Mákina de Cena, reflete sobre o crescimento do festival, os desafios da curadoria e o papel transformador do Contrapeso na promoção das artes performativas, sempre em proximidade com a comunidade local.
O Festival Contrapeso chega à sua 4ª edição. Como avalias o crescimento e impacto do festival desde a sua primeira edição?
O Contrapeso continua, em certa medida, a ser um festival pequeno, muito embora a programação esteja cada vez mais ousada. Esta é uma escala que nos interessa, de proximidade - entre os artistas programados, a própria organização do festival e o público - que foi criada nas duas primeiras edições e que não queremos perder. Desde o segundo ano (2022) que apresentamos espetáculos também no Cineteatro Louletano e no Solar da Música Nova, sempre mantendo sessões na Casa da Mákina, e foi aí que “explosão” aconteceu: do Contrapeso #1 de solo a solo para o #2 From Paris with Love, o público quase triplicou, e no Contrapeso #3, estabilizou. Percebemos que, para o festival funcionar e espelhar a essência da Mákina, precisamos de chegar a diferentes públicos, sobretudo no que diz respeito à faixa etária. Uma preocupação nossa é incluir sempre acções para públicos mais novos, sejam espetáculos ou workshops, por exemplo. Sendo um festival independente - a nível de pensamento, programação e organização, não podemos de deixar de nos sentir muito felizes com o alcance que conseguimos ter em Loulé, e no Algarve Central! Esperamos que este 4º ano seja mais um passo para firmar o Contrapeso no panorama cultural regional e nacional dos festivais de Artes Performativas.
O tema deste ano, "NO CODER", propõe uma programação que escapa a categorias tradicionais. O que inspirou essa abordagem?
Bem, na verdade foram mais as coisas que queríamos trazer que “obrigaram” a que o festival tivesse este mote… Neste momento, pela maneira como tudo se desenrola em termos de financiamentos e apoios, é necessário pensar e praticamente fechar programações com mais de um ano de antecedência e, embora esta edição também tenha tido umas quantas alterações,
O festival decorre em 5 espaços do município. É uma ocupação feliz?
Sim, sem dúvida! Houvessem mais espaços alternativos para receber espetáculos de média dimensão!...
Como foi o processo de curadoria para selecionar os espetáculos e atividades desta edição?
Oops, acho que já nos adiantámos numa pergunta anterior. Uma vez que o mote para o Festival ficou claro, a pesquisa foi sempre em torno de artistas multifacetados que estejam a trilhar um caminho fora das normais “caixas” e “categorias” que existem na música ou no teatro e que, claro, coubessem no nosso orçamento.
Houve uma altura em que sonhámos com Tigran Hamasayan - claramente de outra estratosfera - e por isso conhecemos Yessai Karapetian que, para além de ter sido um dos músicos a integrar o seu último projeto e de ser um multi-instrumentista fora de série, é também um virtuoso pianista distinguido com o Letter One Jazz Rising Star em 2021. Para nós é uma loucura conseguir trazê-lo a Loulé!
Como estabeleceram o equilíbrio entre propostas nacionais e internacionais?
Acho que não foi assim tão refletido... A ideia de trazer As Criadas da Companhia do Chapitô, por exemplo, foi-se tornando clara quando percebemos que este espetáculo procurava um lado mais negro e menos mainstream da comédia física a que nos têm habituado, e isso interessa-nos muito. O mesmo aconteceu com Zé Cruz Quinteto…assim que ouvimos o álbum Kandar percebemos que era obrigatório trazê-los para o NO CODER… Ou quando vimos pela primeira vez o teaser de Jacarandá...
O festival reúne teatro, jazz, dança e oficinas. Como é que essas diferentes formas artísticas dialogam entre si no contexto do Contrapeso?
A beleza do Contrapeso é que olha para artistas sem distinção de disciplinas. Todos são recebidos do mesmo modo, fazemos questão de partilhar refeições e garantir que há contacto entre os diferentes músicos, performers e atores ao longo do festival. É um festival misto, feito por uma equipa pequena numa cidade pequena. Geram-se afinidades e afetos, mesmo! Desafiamos músicos a ver teatro e atores a ir a concertos antes e depois das suas atuações e é inegável o quanto isto enriquece a experiência de todos. O próprio público também adere à correria, de um evento para o outro, ao longo dos 4 dias, e faz o milagre acontecer - mobiliza ainda mais gente.
Como é que as atividades paralelas, como o Clube de Leitura Teatral e as masterclasses, enriquecem a experiência do público e dos artistas?
O Clube de Leitura Teatral é um dos pilares das atividades de programação e mediação da Mákina. Para além de ser um meio de trazer autores e encenadores de todos os cantos do país até à nossa sala-estúdio e de nos pôr a ler teatro em voz alta, forma e fideliza públicos. O mesmo acontece com os workshops e as masterclasses, que são as ações mais diretas que temos para chegar a pessoas interessadas em aprender ou desenvolver competências na área das artes performativas. Juntar tudo isto no Festival é uma das formas que temos de chegar às diferentes camadas de público que sabemos existir na nossa proximidade, e tornar o festival num encontro de praticas, pessoas e artes!
Como vês a relação entre o festival e a comunidade local?
Como dizíamos antes, é uma cidade pequena que, por norma, já tem uma fervorosa programação artística municipal o ano inteiro. Acreditamos que a comunidade adere ao Festival Contrapeso muito pelo trabalho paralelo que a Mákina faz - para e com ela - durante o ano inteiro, sejam oficinas, concertos de jazz, clubes de leitura ou criações. O Contrapeso não está isolado, é como uma última grande vaga de calor antes do frio e da humidade consumirem o ar algarvio durante o inverno.
Como vês o futuro da Mákina de Cena e seu papel na promoção da cultura em Portugal?
Que pergunta difícil! Às vezes perguntamo-nos sobre que futuro é que está reservado para a própria cultura, no Algarve e no país…Fala-se muito na necessidade de criar cursos artísticos na região, de estimular as manifestações artísticas amadoras e profissionais, e nós, que obviamente queremos ajudar a que isso seja uma realidade, tentamos contribuir com oportunidades de trabalho, capacitação profissional, e de acessibilidade às mais diferentes propostas artísticas.Gostaríamos que o trabalho que desenvolvemos fosse um motivo e um motor para as pessoas virem até Loulé (voltarem...ficarem…?), tanto artistas como público.
Que conseguíssemos circular cada vez mais com as nossas criações, claro, e que elass servissem de prova e garante de que há muitas estruturas de qualidade a emergir neste território, e que valeria a pena um olhar mais atento sobre ele - menos comercial e turístico e mais estratégico-pedagógico-artístico…A Mákina ainda tem muito para trabalhar!
Imagem: Jacarandá, de Universo Paralelo
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