
'A Peça' estreou em Maio no espaço Ribeira - Primeiros Sintomas e está em cena até domingo 26 no Teatro do Bairro em Lisboa. Entrevistámos um dos 4 actores, Diogo Andrade.
Fala-nos um pouco do teu percurso artístico.Costumo dizer que sou actor quando posso e (quase) tudo quando tem de ser, por isso o meu percurso é bastante variado. Fiz um curso de artes performativas na Escócia e de formação de actores no Evoé. Vivi um ano nas Caldas da Rainha onde fiz muita animação rua, dança e performance. Depois voltei para Lisboa e comecei a fazer mais teatro, locuções e animações em eventos. Dou aulas de iniciação ao teatro e frequento workshops com regularidade. Para já não tenho preferência: quero actuar em palcos e ecrãs.
Vais ter agora uma peça em cena no teatro do Bairro. Como é que te envolveste nesse projecto?Conheci o Daniel Fialho (autor e encenador) num daqueles trabalhos que se faz mais pela experiência e pelos contactos do que pelo dinheiro. Demo-nos bem e ele convidou-me. Só por isto já valeu a pena!
O que é que te atraiu nesta peça?Na peça em si foi o texto. Acho que não é fácil escrever diálogos realistas, em que seja natural para um actor habitá-los. Nunca me aconteceu pensar "Ninguém diz isto" ou "Esta frase não é nada orgânica". Além disso trabalhamos em dois planos realistas: um a que chamamos peça e outro a que chamamos não-peça, o que torna as coisas divertidas e desafiantes.
Já em relação ao projecto, foi a possibilidade de trabalhar com pessoas novas e num espectáculo com este tipo de linguagem, no qual tenho menos experiência.
Como foi o processo de criação do espéctaculo?Apesar de um pouco atribulado (um dos actores não pôde continuar e teve de ser substituído) foi interessante e variado. Interessante porque, mesmo depois de termos terminado o trabalho de leitura e começarmos os ensaios, fomos descobrindo coisas novas nas perspectivas e intenções de cada personagem. Só descobri algumas coisas no meu personagem, e que lhe dão mais dimensões, conforme o tempo ia passando.
Variado porque experimentámos formas diferentes de aproximação aos personagens (ou começando mais pela voz, ou pelo corpo, ou pelo texto...).
Qual é o processo que utilizas na composição de personagens para um espectáculo como este?Não tenho definido um processo fixo, até porque, como referi, tenho mais experiência noutro tipo de teatro (poético, físico, clownesco) mas um dos métodos que usámos e que funcionou comigo, foi a utilização dos arquétipos e do gesto psicológico propostos por Michael Chekhov.
Que outros projetos podemos esperar de ti a curto, médio e longo prazo?Para começar "A Peça" está disponível para circulação.
A curto prazo - um projecto de clown, a médio - a reposição do espectáculo Robes da Isabel M. Machado e a longo - quem sabe?
Se fosses Ministro da Cultura por um dia, como o ocuparias?Trancava-me lá dentro e só saía quando me garantissem pelo menos 1% do OE para a cultura.