Economistas alertam para risco de colapso do jornalismo de interesse público

Vários economistas de renome internacional, incluindo os prémios Nobel Joseph Stiglitz e Daron Acemoglu, alertaram hoje para o risco de um “colapso do jornalismo de interesse público” a nível mundial. O aviso surge após uma reunião do Fórum sobre Informação e Democracia, que decorreu em França.

Na declaração conjunta divulgada, os signatários sublinham que o acesso a informação fidedigna é o “recurso fundamental” da economia do século XXI, comparável ao papel que o vapor e o carvão tiveram no desenvolvimento industrial.

Entre os economistas que subscrevem o documento estão também Philippe Aghion, Tim Besley, Diane Coyle e Francesca Brian. Para todos eles, a informação será um bem central na economia futura, fortemente marcada pelo avanço da Inteligência Artificial.

O texto destaca que a comunicação social de interesse público - entendida como aquela que fornece informação factual, independente e fidedigna - desempenha um papel crucial, mas encontra-se sob forte ameaça em todo o mundo. Entre os fatores apontados estão a concorrência “cada vez mais desleal” das grandes tecnológicas e plataformas digitais, bem como a “crescente interferência dos governos”, sejam eles autoritários ou não.

Os economistas defendem que as autoridades públicas devem apoiar o jornalismo livre e independente através de subsídios diretos ou indiretos e apelam à criação de regulamentação adequada para moldar os ecossistemas de informação em benefício do interesse público.

“As medidas necessárias têm um custo relativamente baixo e devem ser aplicadas em consulta com a sociedade civil e o setor privado”, refere a declaração, frisando que esse investimento é essencial para evitar uma trajetória de colapso, com graves consequências para a economia, a sociedade e as democracias.

O Fórum sobre Informação e Democracia foi criado em 2019, a partir de uma parceria entre a França e a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), e conta atualmente com a adesão de cerca de 50 países.

Foto: © AbsolutVision | Unsplash

Notícia adaptada. Fonte: LUSA