Conteúdos
Agenda
COFFEELABS
Recursos
Sobre
Selecione a area onde pretende pesquisar
Conteúdos
Classificados
Notícias
Workshops
Crítica
Por
Partilhar

Beatriz Wellenkamp Carretas e Nuno M Cardoso escrevem, depois de verem “O Direito do Mais Fraco à Liberdade”, SillySeason, no dia 18/10/2025 no Centro Cultural Vila Flor, Guimarães.
Legenda: B: Beatriz Wellenkamp Carretas; M: Nuno M Cardoso
INTRO
M:
before (hyper.txt) list:
{Direito do mais forte à liberdade.[Faustrecht der Freiheit.(1975).Rainer Werner Fassbinder];
Direito do mais fraco à liberdade.SillySeason <> (dmfl.ss);
Lágrimas Amargas de Petra von Kant.Fassbinder;
Café.Fassbinder}
after (dmfl.ss): sound = Michael Gira.“Love will save you from the evil and the greed of ignorant men / And love will save you from the guilt you feel when you betray your only friend / Love will save you from yourself when you lose control / And love will save you from all the lies your lover ever told you / Love will save you from the truth when you think you're free / Love will save you from the cold light of boring reality / Love will save you from the corruption of your lazy-minded soul / And love will save you from your selfish and distorted goals / But it won't save me” ^ Kim Gordon.“Must be a dream/… / «You take me & I'll be you» / «You kill him & I'll kill her»/ Kiss me in the shadow of a doubt” => remember (Each Man Kills the Thing He Loves.Jeanne Moreau.Peer Raben/David Ambach.Ballad of Reading Gaol.Oscar Wilde in Querelle.Fassbinder.
TRÍPTICO
(Diálogos em formato de conversa de café sobre temas relativos aos diálogos do espetáculo que remetem para diálogos dos filmes…)
PERDA DE AMOR | COMPRA DE AMOR | AMAR E MATAR |
Diálogo a partir de Lágrimas Amargas de Petra von Kant… Sofrimento de Amor, Engano…
M: Em a perda de amor, é influência, que é o negócio, a troca, a moeda de troca, é influência. As lágrimas amargas de Petra von Kant é sobre relações… B: Mas estás tu a dizer, eu não saberia dizer. Não posso concordar ou discordar. No espetáculo dos SillySeason, não tem nada a ver com influência. Para mim, tem mais a ver com controlo, uma necessidade de controlo absoluto tanto dela própria como do objeto de amor. M: Mas como ela seduz a jovem é dando-lhe influência, visibilidade. Ela tem determinada influência, e nesse sentido poder. B: Concordamos que influência é poder. M: É uma forma de poder. Ela oferece a esta jovem visibilidade, e a sua influência permite-lhe abrir determinadas portas. Começa ela, então, a brilhar. Quando atinge um grau de conhecimento, relações, rede de contactos, já não precisa da Petra, e abandona-a. Sente-se abandonada e não tem já moeda de troca, já não tem nada a dar. O que acontece aqui… as lágrimas amargas são uma necessidade de controlo, há uma prisão, mas a moeda de troca, quando se esgota, passa a ser esta. (...) B: Esta ideia das regras das coisas, das regras das relações. Gosto desta ideia do contornar. Isto é o que acontece muitas vezes na vida. Crias regras para as coisas, mesmo de ti para ti. E, depois, contornas as regras. Ou ‘ah…’. Em coisas estúpidas, não falando de amor para não dar exemplos muito óbvios. Vou fazer dieta. Vou ter um dia por semana em que posso comer as coisas todas. Esse dia é quinta-feira. No domingo, vais à casa de uma tia e comes. Mas não faz mal, é o primeiro dia da nova semana. Estás a mentir a ti própria. Mas, naquele momento, não. Estás no limite da regra que te impuseste. Nas relações, acontece talvez não o contornar, mas o esticar da corda das regras. Não devia, se calhar devia ser mais honesta, de ‘olha, patatéu, patatá’. Estou a ter como exemplo uma relação em que as pessoas de facto comunicam. Existem relações em que as pessoas não comunicam. M: Comunicam de outra forma. Não é explícito, mas é implícito. B: O que também causa muitos enganos. Tu consegues estabelecer regras sem falar com a pessoa? M: Claro. Através de reações. B: Mas isso dá um espaço absurdo ao subjetivo, e à toxicidade e à expectativa vs realidade. M: São sistemas de controlo, e de fronteiras. A definição de território, de comportamentos, aceitáveis e inaceitáveis, são todos definidos a partir da reação, e da expectativa da reação. B: Da comunicação. Isto é assim assim, aquilo assim assado. M: A premissa de que falavas é sobre relações em que não há comunicação direta, oral. B: Conheces alguma que funcione sem comunicação? M: Comunicação há sempre, porque há uma relação. B: Falo da comunicação das regras. M: Mas o que é funcionar? Aliás, na maior parte das vezes não se comunicam quais são as regras. Vão sendo descobertas e encontradas implicitamente consoante as reações de cada uma das pessoas na relação. Porque não começamos uma relação, na maior parte das vezes, a dizer: ‘estas são as regras’. A monogamia ou poligamia, por exemplo. Poderá ser uma regra implícita, ou explícita? Depende da experiência e das relações de cada uma das pessoas. B: O que acontece é que a monogamia é uma espécie de regra implícita… M: Dependendo das relações. B: Hm. Como a poligamia é a minoria… M: Eu acho que a poligamia é a maioria, apesar de ser a maioria não declarada. B: Não falamos de mentiras ou de enganos. M: A poligamia é a maioria, num conceito temporal. Falo da poligamia num conceito temporal. Se tiveste várias relações durante a tua vida, foste poligâmica. Não no mesmo período, não há esse… numa orgia é possível ser poligâmico ao mesmo tempo… B: Diga-me um que só tenha amado uma pessoa a vida inteira. Nem as freiras amam só Deus, também amam os passarinhos. M: Acho ótimo! B: Que infelicidade deve ser a vida a amar só uma pessoa. Acho que isso deve ser impossível! Não conheço ninguém. Só conheço pessoas que nunca amaram ninguém, e essas são ruins. M: Ou cínicas. B: Não, são ruins. Os cínicos também amam. Acho que os cínicos são só pessoas muito sensíveis que amam demais e depois têm de se resguardar. M: Não. B: Depende. Se calhar, conhecemos cínicos diferentes. Ou cáusticos. Acho que o cinismo vem de acreditar bastante, e por isso desacreditar. Há ali uma relação tóxica com a vida. Os cínicos querem muito viver, mas não podem viver a vida que querem, então são cínicos em relação à realidade. Todos os cínicos que conheci eram assim. Muitos deles, muito ruins. É uma frustração constante com a realidade. | Diálogo a partir de Fox and his Friends… Dinheiro Dinheiro Dinheiro…
B: Podes amar alguém numa semana? M: Acho que se pode amar alguém num dia, numa hora. B: Achas? M: Tenho a certeza. B: Podes apaixonar-te, mas uma paixão assolapada? M: Morrer de amor. Numa hora. B: Ao ponto de lhe dares todo o teu dinheiro? Comprar uma casa? Suportar injúrias da família da pessoa? M: Ao ponto de dares a tua vida. (...) A minha proposta é que o amor não seja comodificado mesmo. Nesse sentido, precisamente como não tem um valor, exceto da própria vida, não há nada que possas trocar, só podes dar. B: Nem isso é suficiente para que alguém te ame. M: Não, porque tu não queres ser amado. Queres amar. Nesse sentido, e isso é socrático, em que proteges o corpo do teu amigo, que amas, e não lhe mostras, sequer, a ferida que recebeste para o proteger. E morres com a ferida, mas nem sequer a queres dar, porque não queres cobrar. (...) B: Mas falamos, então, de coisas diferentes. (...) porque depois há esta coisa de que não se pode fugir ao capitalismo. M: Não? Eu acho que sim. B: Na sociedade. Tudo está estruturado dessa forma. O amor está estruturado dessa forma. M: O amor ou as relações? B: As relações. Sejam amorosas ou familiares, há uma estrutura, em tudo (...) M: As relações, antes de serem relações de estrutura capitalista, são relações de poder. B: O capitalismo é só a materialização de como manter o poder, em última instância. M: Não. Porque o capitalismo é uma estrutura que vive para lá de nós, e para lá do poder. É uma estrutura que necessita da nossa existência para ter a sua própria existência, mas ela está para lá de nós. Nós alimentamos esse sistema. B: Mas só continua a funcionar porque dá poder a algumas pessoas. Se ninguém precisasse ou beneficiasse deste sistema, não existia. Outros sistemas de poder houve que foram sendo sobrepostos por outros, e outros… (...) No caso do Fox, há claramente, uma crítica a uma coisa e a outra, e como uma alimenta a outra. Só por isso. No espetáculo, aquele momento dos amigos é cruel, talvez não tanto como no filme, mas chega a um sítio cruel, e mostra o poder instituído, bem como as relações que… percebes? (...) B: Sobre a moeda de troca e a liberdade. Quando uma relação de amor é saudável, não se sente que exista uma moeda de troca. A moeda de troca é o próprio amor. M: Não há moeda de troca. B: É isso. Quando digo que a moeda de troca é o próprio amor, é porque se troca amor com amor. E o amor pode ser dado de forma diferente da do outro. Mas eu não dou para ter alguma coisa. (...) Não é em troca seja do que for. É-me dado amor de volta, porque aquela pessoa me ama também, e isso é feito, apesar de tudo, dando liberdade ao outro, que é uma outra coisa que é precisa. M: Não podes dar liberdade ao outro. Não podes é prender o outro. A liberdade não se dá. A liberdade existe. B: A liberdade dá-se. Se fores patrão, a liberdade dá-se. Parte da liberdade vem com muita coisa. M: Mas aí estás no conceito próximo do da Angela Davis e de muitos outros, em que a liberdade é uma luta constante e é preciso lutar para manter a liberdade. Mas partes do pressuposto de que há um sistema que te aprisiona. Que tens de lutar pela liberdade e o outro tem de te dar liberdade. Mas o meu ponto… B: Numa relação, há quem tenha mais poder. M: Percebo perfeitamente o que dizes, não concordo é com a definição do conceito. Podes não prender o outro, mas não, dar liberdade. B: Sim, não podes dar… M: Podes não aprisionar, cortar, reduzir a liberdade. B: Em princípio, também concordo. Não acredito que aconteça, mas como teoria é muito bonito. M: Porque a liberdade devia existir, ponto. Não é, de todo, o que acontece. Mas, ao afirmares que estás a dar liberdade, estás a colocar-te numa… B: Posição de poder perante o outro. M: E, em vez de dizer: ‘eu não te estou a querer prender’, estou a dar, a delegar, a permitir, a ter. B: A Gabriela, Cravo e Canela ensinou-me isso também desde criança. M: Parte-se do pressuposto que o outro é prisioneiro ou escravo e se tem o poder de dar a liberdade, e isso é terrível. (...) B: A liberdade não é uma coisa que se possa dar. M: Podes, se te considerares senhora do outro. B: Exatamente. É algo enraizado no glossário das relações e das coisas que se dizem. Tens toda a razão. Vinha a propósito… M: Do controlo, da troca, de liberdade. B: Numa relação amorosa, familiar, que seja saudável, abrindo esse parêntesis, não há moeda de troca. Não troco alguma coisa que eu… ou pelo menos não dessa forma. Acho que isso acontece de forma natural, no sentido em que dás de ti ao outro e ele de si a ti. Todas as relações são assim, num sentido trocas sempre alguma coisa. Chamar-lhe moeda faz disso negócio. (...) Numa relação de amor saudável, isso não acontece. Trocas amor por amor. A imagem que deste, de que se dá mostrando a ferida, e o outro para ti. M: Mas é egoísta, isso. B: Como, porquê? Se vives o outro, não é egoísta. Depende de contexto para contexto. Há momentos, se calhar, em que pode ser, mas noutros é ao contrário. E não falo de desonestidade ou esconder coisas. M: Era isso. B: Não vais dizer a alguém que amas tudo o que te vai na cabeça. M: Pois não. B: Para magoar o outro? Para ser cruel? É ridículo, não faz sentido. De alguma forma, é fácil sentir que o amor nos reduz a liberdade, seja ele qual for. Eu sinto que, por vezes, não fiz coisas pelo outro. M: Isso é amor. É como te sentes em relação à vida e às coisas. É a tua dívida. B: Falas em dívida. M: Quando dizes que deves algo a outro… B: Não é de dever algo, mas sentir que não fiz coisas por causa de outras pessoas. M: Isso é diferente. B: Condicionei, de certa forma. Se estas pessoas não existissem na minha vida… M: Mas não é uma questão de liberdade, mas de escolha. De decisão. B: A liberdade de escolha tive-a sempre. M: Exatamente. Preferiste uma coisa em prol de outra. B: A razão da preferência não interessa, a liberdade de escolha existe. M: Não fui ver o concerto, fiquei em casa. Não li este livro, estive a ver um filme. Vou culpar o filme por não ter lido o livro? (risos) B: Sim! (risos) Vou começar a fazer isso. Nada é responsabilidade minha! A culpa era do filme, mais aliciante, mais rápido! Vou começar a fazer isso, só por pirraça. É um ótimo exemplo para explicar a questão da responsabilidade às pessoas. Vou levar comigo. M: Por exemplo, se te responsabilizas, ou o outro com quem tens uma relação, de algo que não fazes… B: A ti tens de responsabilizar. M: Claro, mas não da relação em si. Há uma premissa relacional. Há premissas para que a relação se mantenha. B: Que aceitas. M: Ou que vais negociando, e aí sim, há um negócio de regras e comportamentos. B: Podes chamar-lhe um acordo. M: É verdade. Mas, antes disso, isso já não faz parte do amor, mas da relação. B: O amor manifesta-se nas relações. M: O amor é o que sentes, nutres, e podes revelar. B: Dentro desse, há vários tipos. M: Definitivamente. Mas é na relação que se vão estabelecendo acordos, discussões, entraves… B: Transações, ou não. Depende da relação. Se trocas influência por tempo com a outra pessoa, já ‘fodeu’. M: E vai depender de cada um deles, ou delas. B: Se estás numa relação, seja de que tipo for, seja com quem for, em que sentes que estando com aquela pessoa estás a ganhar alguma coisa a não ser estar com aquela pessoa, então já é um negócio. (...) B: Exato. Quando amas alguém, podes sentir que ganhas muitas coisas que vêm com aquela pessoa. Mas, quando estás com aquela pessoa, a única coisa que sentes que ganhas é estar com aquela pessoa. Quando vou ter com os meus amigos, é porque gosto, não porque vou receber alguma coisa daquela relação. Voltando ao Fox, o Eugen estava com o outro porque queria dinheiro. M: Claro. B: Não há amor nenhum. M: Não. Interesse. B: Talvez o amor, quando se chame amor, não peça nada em troca, não seja fungível. As estruturas amorosas, as relações amorosas, são. M: Apesar de tudo, Fox, quase a totalidade, o faz. Ele não pede nada em troca, exceto… B: No fim, pede. M: Quer a casa de volta, e mesmo isso… B: Ele reclama de tempo, o que é diferente. O que pede à pessoa é o que ela não pode dar, que é amor. M: Quer a relação, não quer o dinheiro, a casa. B: As roupas, os amigos, a influência, nada. M: Mesmo a irmã. B: Da irmã quer dinheiro. M: Quando já não o tem. B: Logo no início, a primeira vez que vês a irmã, ele vai pedir dinheiro para jogar na lotaria. M: Ah! Pois. Mas pede emprestado, como com o florista. Aí, é um esquema. B: Aí, pedirmos dinheiro a alguém que amamos não é propriamente pedir uma moeda de troca. Vais amar a pessoa na mesma, mesmo que não te dê dinheiro. Se só amas a pessoa porque te empresta dinheiro, não é amor. M: Não deixa de ser uma pessoa que tem um bem que tu estás a pedir, mas não é numa troca. B: É isso. Não é em troca de ti, é porque precisas, às vezes a vida é uma merda e tens de a isso recorrer. Mas se só te dás com ela porque te dá dinheiro, não é amor. M: Definitivamente, é o caso do Ugen. B: Ele nem empresta. Quer dizer, há, assina um contrato. É uma coisa horrível, do salário. M: É um esquema de burla, total. B: O triste é que sabes, como espectador, que aquilo vai acontecer. Não és enganado de que vão ser felizes para sempre, sabes as intenções das pessoas. M: Tu que não és ingénua é que consegues ler essas informações. Porque, se fosses ingénua, acredito que não lerias, continuarias a acreditar. ‘Não, ele vai!’. (...) M: É um bocadinho pigmaleónica, no sentido de que quer que a outra se torne ela, tal como no Fox e o Ugen não tenta, diminui-o tentando ensiná-lo. B: Aquela cena do café com os pais, tirar o açúcar, é tão cruel, é horrível… É preciso ser de outra classe. Tenho muitos amigos de classes sociais diferentes da minha, e há uma coisa que não consegues explicar, que é a desadequação. (...) M: Acho que há aqui uma tese, realmente, que é, uma, a questão do negócio e o dinheiro capitalista, ou seja, o capital no sentido em que o dinheiro surgiu para substituir a troca direta e que o empréstimo de dinheiro, ou o empréstimo de determinado tipo de indicações que houve, isto para que tu pudesses viajar sem levares o teu próprio dinheiro e sem teres que, portanto, a ideia de banca, neste sentido, é algo que temos aqui, na compra de amor, na venda, nas relações e no negócio. Do capital (...) O Fox, neste caso, eu não o vejo como ingénuo, mas eu o vejo como aquele que ama. Não é amado, mas é aquele que ama, e esse amor pouco ou nada pede em troca, ou seja, e este amor aqui é o amor na dádiva, na entrega, na entrega da sua própria riqueza, dos seus bens, da sua vida, do seu corpo. | Diálogo a partir de Querelle, que tem como subtítulo Amar e Matar… Amor, Sexo e Morte…
And all men kill the thing they love in The Ballad of Reading Goal, de Oscar Wilde
AMAR E MATAR M: Então, lanço para o amar e matar. O Querelle. As relações, ali, são de amor e morte. Ou, sexo e morte. Querelle é um escroque, um ladrão, um assassino, e seduz para matar. O matar fá-lo sentir vivo, mais do que o sexo é o matar que o faz sentir vivo. Seduz um jovem para o incriminar de um homicídio que ele cometeu, para que o capitão o não prenda a ele, mas prenda este jovem com quem ele estabeleceu uma relação… B e M: amorosa. M: E hesita sobre se o há-de entregar no seu lugar. Tenta seduzir o capitão, que por sua vez também tem uma relação de poder. (...) M: No amar e matar, é no sentido de que, ou seja, morrer, matar, amar, não são moedas, não são trocas, não é negócio, é a vida e a morte, ou seja... (...) B: Mas ele mata as pessoas com o objetivo. M: O objetivo é matar, não é para ficar com um totem. B: Mas certo, mas como é que o matar, ou seja, se calhar pergunto desta forma, para ele matar é amor? Ele sente amor quando mata? Ou seja, sente o equivalente, percebes? Explica isso, eu não estou a perceber. M: Questiono aqui alguma vez se Querelle terá amado. (...) M: Que se entrega no corpo, na relação sexual, há esta entrega erótica do Eros, fortíssima, se isso é o amor, então sim ama. B: Mas ou seja, o Querelle. Fala-me do Querelle. M: Alguém que vive no mar, em viagem, é um marinheiro. E que de porto em porto vai seduzindo e matando. Mas não é para se apropriar de absolutamente nada. Podia-se fazer a leitura... B: É para se satisfazer. M: É para existir. A sua própria existência é aquilo. Ou seja... Não é para fechar algo. Poderia ser que amei e esta ser não pode ter mais existência porque foi amada e possuo-a matando-a. Porque a tive, porque a amei, porque a possuí. A extrema possessão, posse, é matar. Porque após mim não tem mais existência. Poderia ser essa... B: Louva-a-Deus. M: Precisamente. Louva-a-Deus, Viúva Negra, etc. Poderia ser isso, poderia ser essa a leitura. A minha leitura é que mata para se sentir vivo. Para sentir a sua existência. E é um sobrevivente. Onde eu quero chegar aqui é... Nesta relação não há negócio. Ou seja, esta relação não é, nem pode ser, capitalista, comodificada, uma relação negocial. Porque não é uma relação de troca. Nem nunca poderá ser. B: Porque ele mata as pessoas. M: Precisamente. B: Ou seja, tu não podes... Não há diálogo. Ou seja, não o há outro lado. Só existes tu. M: Existe o outro, mas depois deixa de existir. B: Certo. Ou seja, tu podes falar da objetificação do outro. M: Não necessariamente. Porque o outro não é um objeto que usas. O outro tem que ter existência para tu existires. Porque senão não há amor. B: Mas tem de ser uma existência que tu acabas com ela. M: Mas isso é poder. B: A única coisa que eu conheço da mesma forma é comprar flores. M: Pois que elas morrem. Espera, mas mais uma vez é uma compra. Podes colhê-las, não precisas de as comprar. Sim, podes colher as flores. B: É a beleza, é aquela coisa de ter aquele bonito. M: Mas não é a posse da coisa. Nem é o descartar. Porque depois tens o contraponto do capitão ou comandante da polícia que faz a investigação e que abusa sexualmente dos suspeitos e mete-os na prisão. Ou seja, o poder aqui é de abusar e aprisionar. B: Sim, mas ali também há um poder de os matar, não é? É poder. M: É, mas o outro também te pode matar. B: Sim, mas se o outro não sabe que vai ser morto é difícil. M: Pois. B: Se calhar se ele os avisasse, podia ser uma relação transacional. Transacional nunca seria, mas mais justa pelo menos. Ou seja, eu agora quero muito ler o Querelle porque não sei muito bem se quer o que dizer. Porque, bem, está tão fora do meu imaginário. Mas no sentido em que, no meu imaginário, uma relação assim. No sentido em que tu teres de destruir para amar. É, sei lá, parece aqueles magnatas que destroem empresas só para se sentirem bem. Ou seja, aquelas pessoas que compram empresas para depois as destruir. Voltando ao Pretty Woman, que era o trabalho do Richard Gere. Percebes? Mas isso é uma coisa de te sentires God-like. Ou seja, percebes? É controlo. M: É poder, não é controlo. É poder. B: É só poder? M: É. (...) B: Mas se tens um brinquedo... Para que é que o vais destruir? Isso é não ter amor ao dinheiro ou não ter amor à vida. Percebes? Para mim, tu destróis a vida de alguém é não ter amor à vida. M: É? B: Eu acho que se tu és muito egoísta não tens amor à vida. Porque acho que a vida não é isso. Ou seja, no sentido que acho que é muito... Acho que a vida é uma coisa que se faz com os outros. Por isso é que eu acho que tenho tanto medo de ficar sozinha. De... A vida não faz sentido se tu fores só um. Se for só para ti. Se for de ti para ti, de ti sobre ti. Se forçares os outros a ti. Ou seja, acho que é bonito quando... Se tu... Para te sentires realizado. Se tu, para viveres plenamente... Precisas da destruição constante dos outros. Então mata-te. Ou seja, ou vai para uma ilha deserta qualquer. Porque isso é horrível. Isso é o pior que há. Isso é ótimo como simbolismo de muita coisa. Atenção, mas…Uma das grandes belezas da vida, para mim, são os outros. Também são o inferno, está certo. Mas... Também é parte da beleza. Eu acho que por isso é que a vida é uma constante luta. Tu para a viveres tens de estar com os outros. E às vezes não queres. Mas também não há outra forma. Pronto, não é? Mas isto, eu sou uma pessoa que não estaria bem... Num mundo sem mais ninguém. É sempre a precisar de outra pessoa. Há quem não veja a vida assim de todo. M: Sim. B: A vida pode ser só tu e a natureza. Com tudo o que a natureza tem para te dar. Mas, por exemplo, se o Querelle precisa de matar outros, a vida... E a minha questão aqui é essa. Tu precisas de um outro meramente para o destruir. M: Mas a palavra precisar... Eu usei a palavra precisar? É que eu acho que não. B: Mas então porquê é que ele mata pessoas? Porquê... Percebes? É isso que não... M: Precisas de uma causa? De uma justificação? B: Não, mas precisas de um outro.
M: E ao limite, o Querelle mata, porque não vai criar. Destrói porque não vai haver criação. B: Achas que ele tem uma sede de fim do mundo? M: Não. Tem uma sede de sobrevivência. B: Sim. Então para ele amar é como comer. E usamos amar aqui como uma palavra mais bonita para foder. M: Há entrega. Aquilo que eu disse no início. Acredito que possa haver amor num minuto, numa hora, num momento. B Eu percebo o que dizes como conceito, mas novamente. O que é que entendemos por amor? Eu não sei se o amor é uma sensação como é a paixão. Eu não sei se o amor é... Eu acho que o amor não é uma coisa tão... Eu acho que o amor carece sempre de construção. Carece sempre de tempo. Não sinto que o amor possa... Eu acho que o... Não é amor. Acho que são coisas diferentes. O amor é um... E eu agora digamos que punha Rita Lee, desculpa. (...) M: Ótimo. Mas considerando que o ódio é o oposto do amor. B: Sim. M: É? B: Sim. Não sei. Não. Para mim, eu acho que talvez seja... A indiferença. A indiferença. M: Ou o desprezo. B: A indiferença. M: O desprezo já necessita de energia. B: É. M: Já tem que considerar o outro. B: É. Para mim... Ah, que horror. Isso explica porque é que eu tenho horror à indiferença. M: É. B: Porque é o não-sentimento. É o apagar da existência. M: É. Mas pior que a indiferença, nesse caso, é o desprezo. Porque o desprezo destrói a tua própria imagem. A indiferença é, nesse sentido, não seres vista. E quando tu não és vista, não sobrevives. Ou seja, a nossa necessidade de aceitação é um sistema de sobrevivência. Nós precisamos de ser aceites no grupo. Precisamos de ser vistos e aceites pelos progenitores, dos que nos alimentam. |
___________________________________________________________
INTERRUPÇÃO
______________________________________________________________________
MONÓLOGO I: MONÓLOGOS de LIBERTAÇÃO e EMPODERAMENTO dos ‘FRACOS’ | GRITOS de LIBERDADE
B: Começa nas pequenas coisas. Coisas tão pequenas que achamos que somos loucas de fazer disso caso. Mania de falar no plural, desculpem. Não sei se é porque é mais fácil, ou simplesmente porque me fazem parte de um todo que, muitas vezes, não tem direito a ter identidade própria:
- “ Lá estão vocês”, “que mania que vocês têm de pôr as coisas nesses termos…”, “lá vêm as histéricas”...
Começa nas pequenas coisas. Coisas tão pequenas que EU acho que sou louca de fazer disso caso. Os comentários que nos limitam, os olhares que nos metem no nosso lugar, os reparos ao decoro, ao corpo, à falta de elegância, à arrogância despropositada, ao tom de voz agudo demais para ser ouvido, ao semblante carregado, à frigidez, ao despudoderamento, ao sorriso que não se dá, ao sorriso que se dá ao desbarato. Ah, as pequenas coisas!
Eu senti durante muito tempo que era louca por fazer disso caso, que não era por ser mulher, toda a gente é tratada assim. Erro meu, parece, porque me pessoalizei. Achei que os comentários eram só para mim, mas não eram. Eram generalizados. E depois vamos sentindo cada vez mais as pequenas coisas, que vão cortando como folhas de papel nos dedos, que achamos que são por distração e que vão sarando mas voltam sempre, mesmo quando nos parece que já lemos tanto que o papel já não corta. E começamos a perceber que as pequenas coisas não são assim tão pequenas, são a demonstração de um problema muito maior.
E, como a Petra dos SillySeason, eu sinto que devia ter trabalhado melhor o meu grito. Também eu quero sacudir isto tudo e dizer: Eu estou aqui. E fazer com o que tenho e posso, que mesmo que só me permita as pequenas coisas, mudar essas pequenas coisas. Porque não sabemos outra forma de Poder que não esta. Podemos tentar reinventá-la. Não reproduzir o que conhecemos mesmo que a raiva acumulada das pequenas coisas nos incite a fazê-lo. Por muito que eu, nos meus sonhos, queira objetificar como me objetificam, e mal tratar como me maltratam. Talvez para pensar noutras formas de poder tenhamos de pensar sobre isto sem ter vergonha de admitir que também somos violentas, más, grosseiras, terríveis. Mania de falar no plural, desculpem.
A mim, Beatriz, não me interessa ser como os outros me dizem para ser, nem como os outros me veem. Interessa-me pensar noutras formas de ser. O que é que eu quero ser livremente? Sem o olhar dos outros sobre mim? Talvez queira escrever sobre coisas que nada tenham a ver com isto.
MONÓLOGO II: INVISIBILIDADE
FRANZ Tive sorte (em ganhar a lotaria). É o único alento para pessoas que são ninguém. Como eu. Invisível, já viste? As pessoas iam contra mim na rua porque não me viam. Era ninguém e agora sou a própria sorte. A primeira vez que me beijaste, não beijavas ninguém, e agora beijas 900 000 paus cheios de desejo.
(...)
DUARTE Sinto-me a ficar transparente, que é diferente. Desde que nos cancelaram que me sinto a desvanecer. Começou a doer-me tudo. Já não tenho segredos nem truques na manga. Não tenho manga. Não tenho cheiro. Não tenho uma única pinga de suor. Podem atravessar sobre mim que eu nem noto. Nem por cima do meu cadáver dá para me ver. É isto a transparência. Um corpo a tornar-se miragem.
in O Direito do Mais Fraco à Liberdade, de SillySeason
M: Na sua inquietante e pertinente apologia da barbárie, Louisa Yousfi, em a impossível comunhão das lágrimas, faz referência à invisibilidade da personagem central de Homem Invisível, de Ralph Ellison como avatar do homem negro que se torna «invisível» pela negação da sua humanidade no seio da sociedade americana, e que tem assim existência somente na violência e no desprezo que recebe. A existência apenas nesses momentos de opressão e de humilhação, impele-o a reagir e a querer devolver a violência para poder sentir a existência que lhe é negada, descarregando, numa noite numa rua mal iluminada, uma fúria incontrolável sobre um homem alto, loiro, de olhos azuis com quem, inadvertidamente chocara e este consequentemente se virara para o insultar. O homem negro, sem nome nem rosto, para poder finalmente ser mais que nada e se libertar da invisibilidade, reage espancando-o e exigindo que o homem peça desculpa. Este não o fazendo provoca assim o homem «invisível» que se prepara para o navalhar, mas que se interrompe com a dúvida se o homem caído no chão o terá realmente visto. Recuando, com a hesitação, envergonhado do crime que estava prestes a cometer, toma consciência de que o que vê a seus pés é para além de um carrasco, uma vítima. Vítima não só da sua desesperada tentativa de vingança, mas sobretudo, vítima de uma «cegueira» moral e social que não permite ver a identidade do protagonista. A violência torna-se assim a única forma de comunicação possível, de igual para igual, de humano para humano. A invisibilidade como destruição da existência, da identidade, da humanidade, do outro. Esse caminho da desumanização do homem invisível rumo à alienação faz-me recordar o Estrangeiro, de Albert Camus. Meursault, um francês na Argélia, narrador e protagonista do romance, é o estrangeiro que não se integra na cultura mediterrânea tradicional do Norte de África, que semanas após o funeral de sua mãe, mata um árabe, sendo consequentemente julgado e condenado à morte. Muito oblíqua à explicação de Sartre do romance, volto a ouvir “Standing on a beach / With a gun in my hand / Staring at the sea / Staring at the sand / Staring down the barrel / At the Arab on the ground / To see his open mouth / But I hear no sound / I'm alive / I'm dead / I'm the stranger / Killing an Arab” seguido de “I yelled and I yelled / But nobody cared /… / It isn't my fault / That I'm strange / I’m the Stranger” e parafraseio o próprio Camus na introdução e resumo da sua obra. "«Na nossa sociedade, todos os homens que não choram no enterro da sua mãe correm o risco de serem condenados à morte». [O] herói do livro é condenado porque não segue as regras do jogo. É um estrangeiro na própria sociedade onde vive, vagueia de uma forma marginal pela periferia da vida privada, solitária e sensual. (...) Para mim, Meursault não é um inútil, mas sim um homem pobre e nu, apaixonado por um sol que não projecta sombra. Longe de ser um insensível, o que o move é uma paixão profunda e tenaz, a paixão do absoluto e a verdade, uma verdade negativa, a verdade de ser e de sentir, mas sem a qual nunca poderá levar a cabo nenhuma conquista sobre si. (...) O Estrangeiro é a história de um homem que, sem nenhuma pretensão heróica, aceita morrer pela verdade."
MONÓLOGO III
Discurso interior durante a festa
Porque é que durante a vida vamos criando diferentes histórias sobre os mesmos acontecimentos? É porque sentimos a necessidade de nos adequarmos aos novos tempos? É porque de repente já existe na sociedade um novo glossário que nos permite adequar melhor o que sentimos ao acontecimento? Ou porque convém que isso aconteça para que possamos criar uma identidade/persona mais adequada a esses tempos? Se criarmos constantemente narrativas para justificar as nossas ações passadas, mudando assim o que elas outrora significaram para nós, isso altera de facto o que aconteceu? Como é que as coisas são o que são e podem ser outras coisas? O que é que prevalece? Aquilo que criamos sobre o que aconteceu é suficiente para alterar o que os outros acham sobre o que aconteceu? Só criamos narrativas para poder viver com os outros? Para os outros? Se podemos perpetuamente reescrever-nos quem é que somos afinal? E como é que sabemos quem são os outros? Como é que vivemos uns com os outros? Como é que nos construímos?
FESTA
M: Para uma boa Festa é sempre bom ter sonhos fabulosos, ótimas pessoas anfitriãs e convidadas e excelentes cocktails. Receitas para um bom cocktail: Nunca, mas nunca incomodar a pessoa que está atrás do bar a preparar as bebidas e a servi-las!
AFINAL QUERO AMANHECER NA PISTA! Vamos deixar de ser transparentes, vamos fazer de nós Inesquecíveis. Vamos gostar tanto deste bocadinho. Hoje mudei o meu alarme para aplausos, para ter o reconhecimento de acordar no meio disto tudo.
in O Direito do Mais Fraco à Liberdade, de SillySeason
B: Receita para o Moscow Mule em 40 segundos.
Acho que é de valor mencionar que a primeira vez que provei um Moscow Mule foi contigo e que se tornou o meu cocktail preferido.
M:D
The Golden Ratio: 2:1:1
There's No Place Like a Stranger's Floor, The Lawrence Arms
Album: Cocktails and Dreams
Cocktail Golden dream
Ingredientes
2 cl Galliano
2 cl Triple Sec
2 cl Sumo de Laranja fresco
1 cl Natas
Bebida base: Licor de laranja Galliano
Utensílio padrão: Taça de cocktail
Servido: Puro: gelado, sem gelo
Preparação: Agite com gelo picado. Filtre para a taça pré arrefecida e sirva
HIPERLIGAÇÕES
Direito do mais forte à liberdade, de R. W. Fassbinder: https://www.cinemateca.pt/CinematecaSite/media/Documentos/2024-08-12_FAUSTRECHT-DER-FREIHEIT.pdf
Faustrecht der Freiheit, de R. W. Fassbinder: https://www.imdb.com/pt/title/tt0072976/
Rainer Werner Fassbinder: https://www.fassbinderfoundation.de/
Direito do mais fraco à liberdade, de SillySeason: https://www.ccvf.pt/detail-eventos/20251018-o-direito-do-mais-fraco-a-liberdade/
SillySeason: https://sillyseason.pt/
Lágrimas Amargas de Petra von Kant, de R.W. Fassbinder: https://www.imdb.com/pt/title/tt0068278/
Querelle, de Jean Genet: https://www.librairie-gallimard.com/livre/9782070263295-querelle-de-brest-jean-genet/
Jean Genet: https://fr.wikipedia.org/wiki/Jean_Genet
Café, de Fassbinder: https://www.publico.pt/2009/02/13/jornal/nos-negocios-e-no-amor-vale-tudo-295367
Love will save you, de Michal Gira: https://swans.bandcamp.com/track/love-will-save-you-2
Michael Gira: https://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Gira
Shadow of a doubt, de Sonic Youth: http://sonicyouth.com/mustang/lp/index.html
Kim Gordon: https://en.wikipedia.org/wiki/Kim_Gordon
Each Man Kills the Thing He Loves, de Jeanne Moreau.Peer Raben/David Ambach, Oscar Wilde: https://youtu.be/qfLPdqgjr_E?si=X8v8AZ-VGonwPzeB
The Ballad of Reading Gaol, de Oscar Wilde: https://www.poetryfoundation.org/poems/45495/the-ballad-of-reading-gaol
Oscar Wilde: https://en.wikipedia.org/wiki/Oscar_Wilde
Querelle, de Fassbinder: https://www.themoviedb.org/movie/42135-querelle
Alain de Botton: https://www.alaindebotton.com/
Freedom is a Constant Struggle, de Angela Davis:
Angela Davis: https://en.wikipedia.org/wiki/Angela_Davis
Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado: https://www.imdb.com/pt/title/tt0262958/
Jorge Amado: http://www.jorgeamado.com.br/obra.php3?codigo=12588
Roy Andersson: https://www.imdb.com/pt/name/nm0027815/
Crash, de David Cronenberg: https://www.imdb.com/pt/title/tt0115964/
In The Mood For Love, de Wong Kar-Way: https://www.imdb.com/pt/title/tt0118694/
O Perfume, de Patrick Süskind: https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Perfume
Rita Lee: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rita_Lee
Pretty Woman, de Garry Marshall: https://www.imdb.com/pt/title/tt0100405/
Fistright of Freedom: https://www.nytimes.com/1975/09/27/archives/fassbinders-fistright-of-freedom.html
Survival of the Fittest: https://www.imdb.com/pt/title/tt0072976/mediaviewer/rm2622331904/?ref_=tt_ph_1_1
On the Origin of Species, Charles Darwin:: https://darwin-online.org.uk/converted/pdf/1861_OriginNY_F382.pdf
Mutual Aid, de Piotr Kropotkin: https://theanarchistlibrary.org/library/petr-kropotkin-mutual-aid-a-factor-of-evolution
A Ficção como Cesta, Ursula L. Le Guin: https://www.academia.edu/44858388/A_Fic%C3%A7%C3%A3o_como_Cesta_Uma_Teoria_The_Carrier_Bag_Theory_of_Fiction_Ursula_K_Le_Guin
Ursula L. Le Guin: https://www.ursulakleguin.com/
Woman’s Creation, de Elizabeth Fisher: https://archive.org/details/womanscreationse00fish
Elizabeth Fisher: https://en.wikipedia.org/wiki/Elizabeth_Fisher_(journalist)
Coitus Interruptus, Fad Gadget: https://www.youtube.com/watch?v=pcR5gAW8iTs
Fox e os seus amigos, de R. W. Fassbinder: https://en.wikipedia.org/wiki/Fox_and_His_Friends
O Estrangeiro, de Albert Camus: https://www.ebooksgratuits.com/html/camus_l_etranger.html
https://classiques.uqam.ca/classiques/camus_albert/etranger/etranger.html
Albert Camus: https://fr.wikipedia.org/wiki/Albert_Camus
Explication de l’Étranger, de Jean-Paul Sartre:
Jean-Paul Sartre: https://plato.stanford.edu/entries/sartre/
Killing an Arab, de The Cure: https://en.wikipedia.org/wiki/Killing_an_Arab
The Stranger, de Tuxedomoon: https://www.youtube.com/watch?v=C-ZsHsumNS4
Moscow Mule em 40 segundos: https://www.tiktok.com/@thegreatgentlemansodas/video/7250564885480819974
Golden Dream: https://fr.wikipedia.org/wiki/Golden_Dream
Lista de cocktails: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_cocktails
Galliano: https://en.wikipedia.org/wiki/Galliano_(liqueur)
There's No Place Like a Stranger's Floor, de The Lawrence Arms, Album: Cocktails and Dreams:
https://www.youtube.com/watch?v=8XScuJNkU9o
Apoiar
Se quiseres apoiar o Coffeepaste, para continuarmos a fazer mais e melhor por ti e pela comunidade, vê como aqui.
Como apoiar
Se tiveres alguma questão, escreve-nos para info@coffeepaste.com
Mais
INFO
CONTACTOS
info@coffeepaste.com
Rua Gomes Freire, 161 — 1150-176 Lisboa
Diretor: Pedro Mendes
Inscreve-te na mailing list e recebe todas as novidades do Coffeepaste!
Ao subscreveres, passarás a receber os anúncios mais recentes, informações sobre novos conteúdos editoriais, as nossas iniciativas e outras informações por email. O teu endereço nunca será partilhado.
Apoios