
O Festival de Cinema Indie Lisboa vai na sua 12ª edição. Conversámos com Nuno Sena, da direcção do festival, para saber mais sobre a edição deste ano.
Que balanço faz dos 12 anos que levam de actividade?O IndieLisboa mostra ao público as novas vozes do cinema independente de todo o mundo, um voto que fizemos há doze anos e que temos cumprido ao longo de todas as edições. Pode parecer um paradoxo mas o que muda todos os anos no festival também faz parte da sua base e da sua essência: a oportunidade de descobrir novos cineastas que serão o futuro do cinema português e internacional. O IndieLisboa amadureceu mas continuará sempre a trazer boas surpresas aos espectadores que o acompanham.
Quantos filmes vão estar presentes na edição de 2015?A 12.ª edição do Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa vai trazer aos espectadores portugueses a melhor e mais recente cinematografia nacional e internacional. De um total de mais de 4500 filmes recebidos, o IndieLisboa 2015 seleccionou 260 (86 longas e 174 curtas metragens) para as várias secções do festival. O IndieLisboa 2015 conta com um total de 208 sessões de cinema divididas pela Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e Cinema Ideal .

Capitão Falcão
O contingente luso está bem representado no Festival?O IndieLisboa reserva todos os anos um destaque especial ao cinema português. Este ano estarão presentes 35 filmes portugueses (9 longas e 26 curtas metragens), 20 dos quais integram a competição nacional (16 curtas e 4 longas metragens). Uma importante alteração trazida pela presente edição resulta da mais completa autonomização da Competição Nacional. Até aqui, as longas e curtas metragens portuguesas em competição estavam dispersas pelas várias secções do festival. A partir deste ano, a Competição Nacional é uma secção estanque e com um júri próprio (que avalia também a secção Novíssimos, dedicada aos valores portugueses emergentes), de forma a dar maior destaque à Competição Nacional no conjunto do festival e contribuir para a sua maior visibilidade junto do público nacional e dos profissionais estrangeiros que acompanham o festival de forma a conhecerem o que há de novo no cinema português (quase todos os filmes portugueses apresentados na Competição Nacional deste ano são estreias absolutas).

Force Majeure
Qual o papel que o IndieJúnior tem na formação de públicos?Esta secção fundamental do IndieLisboa é dedicada aos espectadores mais novos.
Desde o início que o IndieJúnior visa contribuir para a formação estético-cultural das crianças e jovens através de uma experiência artística e lúdica diferenciada do seu habitual consumo de imagens em movimento, seja na televisão ou no circuito de cinema comercial. Em 2015 o IndieJúnior preparou um momento especial para além das sessões de cinema e oficinas para famílias e escolas que acontecem ao longo de todo o festival: uma festa para todas as idades no primeiro Domingo, dia 26 de Abril. A festa começa com uma sessão no Grande Auditório da Culturgest e continua logo de seguida no
jardim do Edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos com um conjunto diversificado de actividades desenvolvidas pelos parceiros do IndieJúnior.
O que destacaria da programação deste ano?A principal alteração na estrutura do festival é a criação da secção Silvestre como consequência do desaparecimento de três secções distintas (Observatório, Cinema Emergente e Pulsar do Mundo). Abolindo fronteiras artificiais entre géneros cinematográficos e gerações de realizadores que marcavam o anterior desenho do festival, a Silvestre vai ser a secção mais livre e inventiva do IndieLisboa e justificar a inspiração monteiriana do seu nome. Na sua estreia, a Silvestre vai incluir desde logo um foco num realizador, apresentando a primeira retrospectiva completa da irreverente, desconfortável e prolífica obra do jovem cineasta alemão Jan Soldat, certamente um nome e um percurso que vamos continuar a acompanhar nos próximos anos.
No Herói Independente homenageamos dois realizadores com universos vincadamente autorais e que procuram de forma estimulante renovar a tradição de um cinema resolutamente romanesco, a cineasta francesa Mia Hansen-Love e o norte-americano Whit Stillman, através de retrospectivas completas das suas filmografias até ao presente momento (no caso de Stillman, a oportunidade será também de descoberta, já que nenhum dos seus filmes teve qualquer anterior exibição em Portugal). A última novidade na organização do programa do IndieLisboa’15 é a criação de uma secção especialmente pensada para as sessões da meia-noite intitulada Boca do Inferno e desaconselhada a almas mais sensíveis. Sem querer revelar demasiado, achamos que vai valer a pena descobrir aqui experiências cinematográficas mais bizarras, extremas ou apenas desconcertantes que serão alguns futuros filmes de culto.
Quais as actividades paralelas do Indie Lisboa?Entre o conjunto de actividades paralelas que preparámos destacam-se as conferências das LisbonTalks e as festas e concertos do IndiebyNight. A expectativa é que, como sempre tem acontecido, volte a haver um público numeroso e entusiasta que queira acompanhar estes eventos do festival, que acontecem paralelamente à programação de cinema e em relação estreita com ela.