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“Jesus, o Filho” é uma imersão nas relações familiares – com os seus conflitos, incertezas, dúvidas e arrependimentos.
Neste episódio escrito e encenado por Elmano Sancho embrenhamo-nos nas amarguras de Jesus. Começa por partilhar a solidão, a angústia sempre do ponto de vista de quem se sente deixado para trás por todos os seus. Ao ponto de considerar como única alternativa o seu próprio fim.
Os pais entram então em cena, José e Maria. Como todos os pais, em todos os momentos da vida, ouvem-se os imensos “E se…”. Pensamos sempre como teriam sido as coisas se tivessem ocorrido de outra forma. Como se fosse essa a nossa única capacidade de apaziguar o resultado final do que nos acontece. José e Maria olham para o que lhes resta da memória, num chão manchado pela podridão. Debatem (e debatem-se) com frustração, tristeza, raiva. Passam-nos esses sentimentos – porque todos nós, em alguma fase da vida já tivemos manchas podres no nosso chão.
É hora do cozido e ficamos com Jesus novamente. Continuamente insatisfeito consigo, com a sua pele. Com o que sente, o que é. O que fez, o que podia ter feito.
Numa nota irónica chega-nos a informação radiofónica sobre como fazer face ao aumento da população no planeta. E, apesar de haver a promessa de um extermínio, sentimos a felicidade da família por não preencher os requisitos – ainda para mais é Ano Novo. O ano que nos traz as portas abertas novamente, as hipóteses de recomeço, de alegria. As passas, mais do que desejos, parecem promessas do que se anseia para a vida. Ritmadas, obrigatórias.
O conflito familiar continua – a mudança da hora, a mudança da estação. A mudança de planos. A vida como ela é e nunca como poderia ter sido. A vida olhada por cima do ombro, para trás. A incerteza do que estamos a ver: é o que nos aconteceu ou o que poderia ter acontecido?
A peça desenvolve-se no recurso aos 4 passos para uma boa confissão:
Exame de Consciência (“… tenho muita pena de Vos ter ofendido…”)
Contrição (“…. Ajudai-me a não tornar a pecar…)
Confissão
Penitência
Com interpretação de Elmano Sancho, Joana Bárcia e Vicente Wallenstein este pedaço de retábulo faz-nos a todos pensar nas nossas amarguras, nos nossos mundos paralelos desenhados com base no caminho que não fizemos. A mensagem é forte, dura e desconcertante. Mas consegue ser passada com pequenos apontamentos de humor magistralmente interpretados.
As luzes e sonoplastia têm um papel preponderante para a passagem da mensagem. Jesus, o jovem cidadão comum – sozinho – sem direito aos ladrões – um de cada lado.
Jesus olha-nos nos olhos, coloca o dedo nas nossas feridas e faz-nos juntar as nossas vozes à sua numa pergunta que fica por dizer, mas que está em todo o texto desta peça: “Meu Deus, porque me abandonaste?”
Jesus, o Filho
Texto e encenação: Elmano Sancho
Teatro da Trindade
Foto de Filipe Ferreira
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