Ler: é já um hábito?

Os hábitos de leitura têm sido, sem dúvida, um assunto de muita discussão em Portugal.

Uma coisa é certa: muitos factores têm influenciado a sua alteração nos últimos anos. A questão é se estes se têm alterado para melhor ou para pior.

Há quem considere que promover a leitura é já uma guerra em vão contra as novas tecnologias que enfraquecem os hábitos culturais de modo subtil. É cada vez mais difícil competir com a internet, a televisão, os video-jogos e conquistar os mais jovens para a prática da leitura.

No entanto,não podemos negar uma evolução nos hábitos de leitura nas últimas décadas, proporcionadas pelo lançamento de novas iniciativas culturais como feiras do livro, debates com autores, novas bibliotecas e até o aumento da escolaridade dos cidadãos.

É certo que os hábitos das pessoas que já tinham um gosto pela leitura ganharam espaços e novos meios para se intensificarem nos últimos anos. A tecnologia tem procurado facilitar a leitura através de e-books. As feiras do livro estão mais dinâmicas a apostar na sua programação e proporcionam cada vez mais um contacto mais próximo entre o leitor e o autor. O lançamento de eventos, revistas e jornais de teor literário têm alimentado o gosto pelos livros e dado espaço a novos escritores e novos géneros de escrita.

Um bom exemplo desta a evolução é a chegada da famosa revista Granta a Portugal, em Maio deste ano, uma revista com edições em vários países que se caracteriza pelo seu carácter literário sendo composta por textos de todo o género, seja poesia, ensaio, ficção, etc. Esta publicação semestral prima pela importância dada à qualidade, à forma e ao talento presente na peça escrita, trazendo inéditos de autores já conhecidos mas também dando espaço a novos autores.

O importante será então direccionar esta evolução para os mais jovens, procurando que também eles encontrem na leitura uma fuga para novos mundos, um desbravar de novos horizontes e novas descobertas. Para isso, que se aposte num Plano Nacional de Leitura actual e dirigido a todo o tipo de pessoas, com gostos e vidas diferentes, para que encontrem na leitura algo com que se identifiquem e para que deixem de olhar para a literatura como algo indecifrável e desinteressante.