Mónica Calle: A arte de superar limites e reescrever o espaço teatral

Mónica Calle é uma das figuras mais singulares do teatro contemporâneo em Portugal, destacando-se pela forma como utiliza a palavra, o corpo e a relação entre o espaço e o público como elementos centrais de sua criação artística. A partir do seu trabalho com a Casa Conveniente, marcada pela itinerância e pela busca de novos contextos urbanos, até projetos como "As Mulheres Que Não Veremos Duas Vezes", Calle desafia as fronteiras entre o teatro e a realidade quotidiana, propondo reflexões profundas sobre temas como solidão, sacrifício e superação.

Nesta entrevista, exploramos o processo criativo de uma artista que, ao longo dos anos, desenvolveu uma abordagem radicalmente honesta, muitas vezes partindo de situações de exaustão e limite para gerar experiências artísticas que questionam o espectador. A ausência de um espaço fixo desde 2014 transformou-se numa metáfora poderosa na sua obra, refletindo não apenas os desafios do artista em tempos de especulação imobiliária, mas também a resiliência e a capacidade de adaptação como elementos essenciais para a prática artística.

Falaremos sobre os textos e autores que inspiram o seu mais recente trabalho, como Thomas Bernhard e Shakespeare, e a construção de cartografias urbanas que misturam arte e cidade. A entrevista revela uma criadora que vê no "tentar, falhar e superar" uma filosofia que ultrapassa os palcos, refletindo sobre o papel do artista e da arte na sociedade contemporânea.

O espectáculo "As Mulheres Que Não Veremos Duas Vezes" apresenta-se em dezembro de 2024, de 2 a 5 na ZDB 8 Marvila, e de 9 a 12 no Drama Bar Lisboa , e de 22 a 24 de janeiro de 2025 no CAL - Centro de Artes de Lisboa.