Morreu Mário Martins, produtor que marcou a música portuguesa

O produtor discográfico Mário Martins, figura incontornável da música portuguesa e responsável por lançar e apoiar alguns dos maiores nomes da canção nacional, morreu hoje, em Lisboa, aos 90 anos. A notícia foi confirmada pela Casa do Artista, onde residia.

José Cid, um dos muitos artistas cuja carreira foi impulsionada por Mário Martins, recordou-o como “fulcral” para a música portuguesa e para a sua vida artística. “Foi incondicional comigo e com muitos colegas. Nos anos 1960, eu tinha a maior dificuldade em entrar em qualquer editora, e foi ele quem me abriu as portas da Valentim de Carvalho, colocando-me até num lugar prioritário”, contou à Lusa.

Ao longo de cerca de três décadas, Mário Martins dirigiu o departamento de Artistas e Reportório (A&R) da Valentim de Carvalho, onde entrou em 1966, convidado por João Belchior Viegas. Foi determinante para dar a conhecer nomes como Carlos Paião, Marco Paulo, Rui Veloso e António Variações, e trabalhou com figuras de referência como Amália Rodrigues, Simone de Oliveira, Frei Hermano da Câmara, Luís Goes, Jorge Palma ou Fafá de Belém.

Martins foi também responsável por momentos marcantes, como a gravação por Amália, em 1982, de “O Senhor Extraterrestre”, de Carlos Paião. Descrito como culto, inteligente e por vezes “divertidamente sarcástico”, cultivou amizades duradouras com vários artistas, incluindo Maria Germana Tânger, José Alberto Reis e o próprio José Cid.

Fora do universo discográfico, trabalhou em televisão, colaborando com Teresa Guilherme e José Nuno Martins, e criou e apresentou o programa “Fado Fadinho” (TVI, 1993), que lhe valeu um Prémio Bordalo.

Em 1993, deixou a Valentim de Carvalho para integrar a Movieplay Portuguesa, onde coordenou a coleção “O Melhor dos Melhores” (1994), reunindo sucessos de cerca de 100 artistas nacionais.

Foto: © Techivation | Unsplash

Notícia adaptada. Fonte: LUSA