Morreu Sebastião Salgado, mestre da fotografia humanista, aos 81 anos

O mundo perdeu hoje uma das suas lentes mais sensíveis e comprometidas com a condição humana. Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro de renome internacional, faleceu esta sexta-feira, aos 81 anos. A notícia foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada pelo próprio Salgado em parceria com a sua mulher, Lélia Deluiz Wanick Salgado.

"Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade", lê-se no comunicado do Instituto. "Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora", acrescenta a nota.

Salgado notabilizou-se pelo seu trabalho documental em preto e branco, através do qual retratou o sofrimento, a dignidade e a resiliência humanas em contextos de guerra, migração, exploração laboral e destruição ambiental. Projectos como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis tornaram-se marcos da fotografia contemporânea, merecendo-lhe os mais prestigiados prémios do sector.

Curiosamente, a morte do fotógrafo ocorre no mesmo dia da inauguração da exposição Venham Mais Cinco – O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa (1974–1975), patente em Almada, que inclui fotografias captadas por Salgado durante a Revolução dos Cravos. As imagens, agora expostas, oferecem uma perspetiva singular de um dos momentos mais marcantes da história recente de Portugal, captada pelo olhar atento de alguém que soube ver além da superfície.

Sebastião Salgado parte, mas deixa um legado vasto e profundo, tanto no campo da fotografia como na defesa do ambiente. Através do Instituto Terra, ajudou a recuperar milhares de hectares de floresta atlântica brasileira, provando que é possível reverter os danos ambientais com compromisso e visão.

Foto: © Francesc Melcion

Notícia adaptada. Fonte: LUSA