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Falta pouco para Lisboa voltar a transformar-se na capital do cinema de terror. De 9 a 15 de setembro, o MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa regressa ao Cinema São Jorge para a sua 19.ª edição, com uma programação que cruza estreias internacionais, clássicos revisitados e iniciativas que reforçam a ligação entre criadores e público. Este ano, a sessão de abertura traz “The Long Walk”, baseado em Stephen King, e o encerramento fica a cargo de “The Home”, de James DeMonaco. A lendária produtora Gale Anne Hurd, responsável por títulos como Aliens e The Walking Dead, será a convidada de honra e a primeira distinguida com o novo Prémio Noémia Delgado para Mulheres Notáveis no Terror.
Conversámos com Pedro Souto, cofundador e codiretor do festival, sobre as novidades desta edição, o percurso do MOTELX e os desafios futuros do terror em Portugal.
Como descreverias o espírito desta 19.ª edição do MOTELX em relação às anteriores?
Na realidade, esperamos sempre que a próxima edição seja a melhor... Estamos muito entusiasmados com a selecção deste ano e extremamente satisfeitos por podermos continuar a mostrar o melhor cinema de terror nacional, seja em formato curto, médio ou longo, filmes ou séries e até documentários. O novo Prémio Noémia Delgado, a nova secção Suite 13, ou o renovado programa do MOTELX Lab, são algumas das novidades que esperamos possam também entusiasmar o público do Festival.
“The Long Walk”, baseado em Stephen King, abre o festival e “The Home”, de James DeMonaco, encerra. O que vos levou a escolher precisamente estes dois títulos para momentos tão simbólicos do festival?
Temos sentido que existem alguns filmes que casam muito bem com a Abertura e o Encerramento e este ano escolhemos estes dois por nos darem um lamiré do estado do mundo, directamente do centro de um dos maiores furacões sócio-políticos da actualidade, os EUA.
A secção Serviço de Quarto tem vindo a ganhar cada vez mais relevância. O que distingue as estreias deste ano - de Julie Pacino, Tina Romero e Quentin Dupieux - dentro do panorama internacional de terror?
São três filmes completamente diferentes que mostram a riqueza e variedade do género. Julie Pacino explora um terror mais existencialista sob a perspectiva da condição feminina, Tina Romero faz uma homenagem ao seu pai através de uma hilariante comédia queer, e Quentin Dupieux apresenta-nos uma criadora de conteúdos digitais que explora monetariamente a sua condição rara de Insensibilidade Congénita à Dor (ICD), com Adèle Exarchopoulos, irreconhecível, no papel principal.
Notas alguma tendência comum nos novos realizadores e realizadoras de terror que têm surgido nos últimos anos?
A condição feminina e a geriatria.
Gale Anne Hurd é uma referência incontornável no cinema de género. Como nasceu a ideia de a homenagear e de criar o novo Prémio Noémia Delgado para Mulheres Notáveis no Terror?
Este Prémio era uma ideia já antiga que ainda não tínhamos oportunidade de concretizar. A nossa amiga Heidi Honeycutt ("I Spit on Your Celluloid: The History of Women Directing Horror Movies") fez-nos a sugestão para convidarmos a Gale Anne Hurd, ajudando-nos com os contactos. Pareceu-nos perfeito, claro! Tornou-se óbvio que, caso aceitasse, seria a pessoa certa para receber o primeiro Prémio Noémia Delgado para Mulheres Notáveis no Terror. A ideia é não só homenagear mulheres com carreira no terror, como também mulheres com momentos notáveis no terror. Limitar este Prémio apenas a carreiras longas não tinha grande sentido pois sabemos que a luta ainda é precisamente essa, ter uma carreira.
Que impacto esperas que a presença dela, com masterclass e sessões especiais, tenha no público e na comunidade cinematográfica portuguesa?
Por vezes, ainda surge a falsa ideia de que terror é maioritariamente um género de homens para homens, mas quem frequenta o MOTELX sabe que isso não é verdade. A presença da Gale Anne Hurd no Festival vai de certo contribuir para que essa ideia se desvaneça completamente, mas esperamos, acima de tudo, que possa ser uma inspiração para todos os cineastas nacionais, independentemente do género.
Ao longo de quase duas décadas, o festival consolidou-se como referência no cinema de terror em Portugal. O que consideras ser a maior conquista do MOTELX até hoje?
A maior conquista é continuar a ser um palco privilegiado para o cinema de terror português, incentivando muitos cineastas a fazerem filmes com o objectivo de serem exibidos no MOTELX e aí iniciarem o seu percurso, ao mesmo tempo que se vai apresentando, ano após ano, uma possível história do cinema de terror português, através do Quarto Perdido, que até já deu um livro inédito em Portugal - "O Quarto Perdido do MOTELX - Os Filmes do Terror Português (1911-2006)".
Como tens sentido a relação do público português com o género de terror? Ainda existe resistência ou já é um território totalmente conquistado?
Diria que já não existe grande resistência. O terror evoluiu muito enquanto uma espécie de género pop globalizado com ícones recentes que marcaram indelevelmente o género contribuindo para essa expansão, como foi o caso dos zombies através do The Walking Dead (produzido pela Gale Anne Hurd), os Óscares de Jordan Peele e Guillermo del Toro ou o legado de James Wan. A tudo isto junta-se ainda fusão entre videojogos e cinema, algo muito presente no terror desde Resident Evil. Continuam, claro, a existir pessoas que não gostam e possivelmente nunca irão gostar, porque é um tipo de cinema que pode provocar efeitos secundários...
O MOTELX não é apenas exibição de filmes, mas também criação de uma comunidade de fãs e profissionais. Que novos caminhos estão a pensar explorar nos próximos anos?
No seguimento das experiências com a recepção do GUIÕES - Festival do Roteiro de Língua Portuguesa no MOTELX e do MOTELX AV Lab com o Liquid Sky no ano passado - que aconteceu no Beato Innovation District durante o Warm-Up do Festival - este ano vamos apresentar um programa mais intensivo dedicado à indústria e a todos os curiosos com diversas materclasses, conversas e encontros, desta vez durante os dias do Festival, muitas a decorrer no Lounge MOTELX em frente ao Cinema São Jorge. Paralelamente, temos mais um acolhimento, desta vez é a primeira edição do Digital Film Festival, um evento dedicado predominantemente aos conteúdos digitais, uma temática cada vez mais interessante de discutir e analisar pois, de certo, vai continuar a influenciar e a transformar, para o bem e para o mal, o cinema a nível global. Esperamos poder continuar a evoluir e a crescer a esse nível nos próximos anos. Juntar cada vez mais realizadores, argumentistas, produtores e financiadores no Festival parece-nos essencial para o futuro do género em Portugal.
A 20.ª edição está já ao virar da esquina. Estão a preparar algo especial para esse marco?
Estamos!
Foto: “The Long Walk”, de Francis Lawrence
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