
O Festival internacional de cinema Queer Lisboa celebra em 2016 a sua 20ª edição. Fomos falar com o Diretor Artístico
João Ferreira para saber um pouco mais sobre o evento deste ano, que decorre de 16 a 24 de Setembro.
O Festival celebra este ano a sua 20ª edição. Qual o balanço destas duas décadas?
O Festival evoluiu muito nestes últimos 20 anos. E de alguma forma foi acompanhando, não só a evolução do cinema queer, mas da sociedade portuguesa, das novas gerações e dos próprios avanços em termos de legislação em relação às questões homossexuais. É bom chegar à 20ª edição e perceber que temos um público fiel, acompanhado de um público novo, em cada edição, e que temos apoios importantes das principais instituições da cultura, bem como de variadas empresas privadas.
Quando comparas os últimos anos com as primeiras edições, quais as principais diferenças que encontras?
O Festival sofreu grandes alterações na sua 11ª edição, quando passou para o Cinema São Jorge. Foi nessa altura em que começou a ganhar a estrutura de programação que mantém até hoje, e foi também a partir desse momento em que se consolidaram os apoios públicos e privados ao Festival, o que nos permitiu passar a ter uma equipa permanente, todo o ano dedicada exclusivamente a programar e produzir o evento. Além disso, as primeiras edições foram naturalmente muito dedicadas a dar a conhecer o que era o cinema queer e a sua história. Hoje, continuamos atentos e a fazer programas sobre essa história, mas estamos sobretudo focados nas novas linguagens e narrativas
Como caracterizas o vosso público em termos de diversidade?
O Festival, desde a sua primeira edição, nunca foi pensado para uma comunidade específica. E esse foi um ponto de partida muito importante, pois inevitavelmente iria reduzir o seu interesse e relevância culturais e iria limitar a sua programação. O nosso público tem uma expressiva presença das comunidades e indivíduos queer, naturalmente, mas é um festival para qualquer espectador, mais ou menos cinéfilo, com interesse na nossa programação. Daí termos um público muito diversificado.
Que passos têm sido tomados, além do festival, para levar o cinema de temática LGBT ao público em geral?
O nosso campo de ação acaba por estar muito focado em exibir este cinema no Festival. O que fazemos, paralelamente às exibições de cinema, é organizar debates, performances, master classes ou exposições que entrem em diálogo com os filmes. Desta forma, conseguimos chegar a outros públicos com interesses mais específicos e dar a conhecer melhor os nossos filmes.
O que destacas da edição 2016 do Festival?
A 20ª edição do Queer Lisboa vai ser marcada pela grande retrospetiva que dedicamos ao cineasta britânico Derek Jarman, a ter lugar na Cinemateca Portuguesa. Vai ser um programa muito especial, à volta da relação de Jarman com a cultura punk e pós-punk, com a realidade política da Inglaterra dos anos 1970 a inícios dos anos 1990, e do seu ativismo queer. É também uma oportunidade de conhecer muitos dos seus filmes, inéditos em Portugal, e perceber a forma como ele foi absolutamente inovador na linguagem experimental e em novas abordagens à narrativa cinematográfica.
O Festival alargou a sua presença ao Porto no ano passado. O que esperar do Queer Porto 2016?
O Queer Porto 2, para além da Competição Oficial iniciada logo na sua primeira edição, vai ter uma nova competição dedicada a curtas-metragens de alunos de escolas de artes, bem como a artistas, da região norte, denominada In My Shorts. O grande destaque este ano vai para uma retrospetiva que organizámos dedicada ao movimento do New Queer Cinema, de inícios dos anos 1990 e que veio revolucionar, não apenas o cinema queer, mas o cinema independente norte-americano de uma forma geral. No total vão ser seis filmes e vamos ter no Porto a presença de dois grandes realizadores, o Tom Kalin, que virá apresentar o “Swoon”, e Cheryl Dunye, que vem apresentar o “The Watermelon Woman”.
Sabe mais sobre o Queer Lisboa e vê a programação em http://queerlisboa.pt/