Esta semana viajamos ate à Covilhã, para uma entrevista a Fernando Sena, director do Teatro das Beiras, que celebra em 2014 40 anos de actividade.
Quando e como surgiu o Teatro das Beiras?O Teatro das Beiras é o resultado e consequência de uma outra entidade; GICC – Grupo de Intervenção Cultural da Covilhã criado em 7 de Novembro de 1974, como associação sem fins lucrativos dedicada às artes e com o objetivo principal de criar espetáculos de teatro. Em 1994, e na continuidade do trabalho já desenvolvido surge a companhia profissional, o Teatro das Beiras.
Além de apresentarem os vossos espectáculos na Covilhã, também fazem itinerância. Como tem sido essa experiência?O Teatro das Beiras já realizou até hoje mais de 1.000 espetáculos em itinerância, o que nos dá obviamente a convicção de que possuímos hoje um interessante acervo de experiências que nos tem permitido estabelecer com diversos públicos uma relação de partilha e cumplicidade verdadeiramente enriquecedora para ambos. Temos também estabelecido contactos de trabalho com outros espaços geográficos e culturais, apresentando algumas das nossas criações em Espanha e França. Mas é sobretudo importante a nossa experiência a nível nacional mantendo contacto permanente com o público das várias regiões do país e desenvolvendo uma enorme capacidade de adaptação dos espetáculos a espaços e públicos com a sua natural diversidade.
Têm uma equipa de actores fixa?Temos uma equipe fixa nas áreas artística, técnica e administrativa.
Que tipo de linguagem teatral procuram nos vossos espectáculos, e como escolhem os textos?É objectivo do Teatro das Beiras proporcionar ao público um contacto regular tanto com os textos clássicos da dramaturgia universal assim como a abordagem das dramaturgias contemporâneas. Queremos impulsionar através da criação teatral, a promoção de cada espectador que reconheça na fruição cultural um estímulo para o seu crescimento intelectual, reconhecimento identitário e desenvolvimento do sentido crítico e analítico, ou seja Identificar a cultura como valor inestimável na edificação do Homem e das sociedades.
A criação teatral a partir das dramaturgias contemporâneas, tende a motivar os públicos em torno de problemáticas que lhe são naturalmente acessíveis pela proximidade circunstancial. Um teatro capaz de pôr em cena as grandes questões essenciais, tendo o Homem, o espaço e o seu tempo como protagonistas, propondo a reflexão sobre a sua própria condição. O teatro como espaço de proposta estética ao serviço do pensamento e da inteligência.
Como tem corrido e qual o principal objectivo do Festival de Teatro da Covilhã?O Festival de Teatro da Covilhã teve a sua primeira edição em 1980 com a denominação de Ciclo de Teatro de Outono, tendo sido alterado o seu nome desde a data da formação da companhia profissional Teatro das Beiras. O objetivo do Festival foi sempre o de poder mostrar na Covilhã os espetáculos de teatro que as várias companhias produzem no país e ao longo dos anos afirmou-se como um dos principais eventos culturais da região. É também um dos mais antigos festivais de teatro em Portugal.
Há algum envolvimento com a população local?Uma atividade ao longo de 40 anos atesta o carácter do envolvimento e sustentação deste projecto de descentralização cultural e artística nesta cidade do interior do nosso país. Certamente sem o inequívoco apoio e envolvimento da população e de muitas entidades institucionais e privadas não só esta experiência teria falta de sentido como muito provavelmente ter-se-ia perdido inexoravelmente na passagem do tempo.