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Tecnologia: ameaça ou oportunidade? Oportunidade, claro!

7 de Maio de 2013

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Tecnologia: ameaça ou oportunidade? Oportunidade, claro!

Budapeste01Quando estava a fazer o meu mestrado, no início dos anos 90, o debate era sobre os websites dos museus e o facto das colecções ficarem disponíveis online. Havia preocupações sérias por parte dos profissionais que isto iria manter as pessoas longe, não visitariam mais museus uma vez que poderiam ter acesso aos mesmos sem sair do sofá. Não me parece que estes medos se tenham vindo a confirmar...


Hoje em dia o debate é sobre Facebook, Twitter, YouTube, Flickr, Instagram, QR codes, iPad apps, etc. etc. etc. Diferentes meios, as mesmas preocupações: que estas ferramentas tornarão a visita a um museu ou o assistir a um espectáculo desnecessários. Também não me parece que estes receios se venham a confirmar. Vejamos de que forma as pessoas participam em actividades culturais:




  • A maioria participa à distância: através da televisão, da rádio, ouvindo CDs, vendo DVD´s, através do YouTube. É a forma mais cómoda, não envolve grandes riscos (em termos de investimento de tempo ou de dinheiro), é acessível.

  • Visitando museus e exposições; assistindo a espectáculos ou a transmissões ao vivo em teatros e cinemas. O compromisso aqui é maior. Temos que estar num determinado sítio à uma determinada hora, em muitos casos temos que comprar bilhete (às vezes antecipadamente), correndo sempre o risco de não gostar do que vamos ver.

  • Há ainda outras formas de participação, como a prática amadora de certas formas artísticas (pintura, dança, canto, teatro) ou o trabalho voluntário para instituições culturais ou projectos específicos.

É comum ouvirmos dizer quem trabalha no sector cultural que as pessoas não se interessam por cultura, mas, considerando as variadas formas de participação cultural, seria, provavelmente, mais preciso dizer que as pessoas não se interessam por certas formas artísticas ou optam por uma forma de participação e não por outra ou por todas. Por isso, se as pessoas optam por não visitar museus ou assistir a espectáculos, é preciso entendermos o que é que as mantém afastadas.


Diria que, em termos gerais, existem duas categorias de pessoas que não se relacionam connosco:




  • As que não têm uma relação com as nossas instituições culturais porque sentem que são irrelevantes para a sua vida, a sua oferta incompreensível, pensam que poderão ser caras, que estão reservadas para os intelectuais, etc. Uma série de barreiras (mentais e psicológicas em primeiro lugar; também financeiras, em segundo) que não facilitam o primeiro contacto ou, então, uma primeira tentativa de aproximação da parte das pessoas que veio confirmar os seus receios que aqueles são espaços de pouco interesse, compreensíveis  ou acolhedores apenas para alguns.

  • Lidamos também com pessoas que, apesar de nos conhecerem e terem a vontade de estar connosco, não o fazem. As razões, mais uma vez, podem variar, mas, normalmente, não se trata de barreiras psicológicas ou mentais: pode ser falta de informação, a existência de crianças pequenas cuja presença não é permitida em certos recintos ou que não permitem aos pais sair à noite; podem ser os custos associados a esta saída (refeição, estacionamento, babysitting); podem ser barreiras físicas (considerando pessoas com mobilidade reduzida, cegas ou surdas).

Budapeste02Gostaria de me concentrar aqui na primeira categoria de pessoas. Porque, para além de considerar que o início de uma relação com elas exige o esforço conjunto das áreas de programação, educação e comunicação, é aqui que vejo, ao mesmo tempo, a grande mais valia que os novos canais de comunicação e novos meios tecnológicos nos trazem:




  • Ajudam a humanizar as nossas instituições e a desmistificar a experiência, mostrando o que se passa por trás das paredes, quem são as pessoas que ali trabalham e o que fazem (Nina Simon partilha no seu blog Museum 2.0 a sua experiência como directora do Santa Cruz Museum of Art and History; os curadores do Metropolitan Museum apresentam a suas obras favoritas na colecção através dos vídeos do projecto 82nd and 5th; o Museu do Louvre fez o vídeo Louvre" data-src="https://www.youtube.com/embed/DIorflvUnLM">Louvre" frameborder="0" allowfullscreen>
    Invisible
    para dar a conhecer o trabalho dos seguranças do museu; o National English Ballet abriu as portas para dar a conhecer a vida diária dos bailarinos através do vídeo A" data-src="https://www.youtube.com/embed/A2D_NAjbl3M">A" frameborder="0" allowfullscreen>
    day in the life of a ballerina
    ; a montagem de espectáculos e outras curiosidades estão a ser partilhadas por várias instituições através de fotografias e vídeos no Facebook)

  • Ajudam a superar barreiras físicas ou de distância, assim como barreiras financeiras, permitindo ter uma primeira experiência a um custo mais reduzido (as transmissões ao vivo Metropolitan Opera ou do National Theatre; visitas virtuais a museus através do Google Art Project).

  • Ajudam-nos ainda a envolver as pessoas no nosso trabalho e nas nossas decisões: o concurso It´s Time we Met convidou as pessoas a tirar fotografias para serem usadas nos materiais promocionais do Metropolitan Museum; a exposição Pinagram na Pinacoteca de São Paulo foi uma selecção de fotografias tiradas pelas pessoas no Instagram; várias instituições colocam no Facebook as várias opções para os cartazes das suas iniciativas e pedem aos seus fãs para escolher qual será usada.

  • Ajudam-nos a explorar novos meios, aqueles com os quais as pessoas estão mais à vontade, na interpretação ou mediação ou divulgação da nossa oferta: QR codes, audioguias e videoguias, applicações para o iPad (como, por exemplo, esta" data-src="https://www.youtube.com/embed/nYVvbuVjyfo">esta" frameborder="0" allowfullscreen>
    do MOMA
    ), são ferramentas que ajudam a reduzir distâncias físicas, psicológicas e intelectuais.

Algumas pessoas podem pensar que não temos os meios para tudo isto. Para tudo talvez não. No entanto, muitas destas soluções e ferramentas envolvem pouco investimento ou nenhum. É preciso um computador, imaginação e bom sentido de humor.


Irão as novas tecnologias substituir-nos? Creio que não. Podemos ignorá-las? Também acho que não, seria remar contra a maré, seria condenarmo-nos à irrelevância. No fundo, como em muitas outras situações, depende de nós se vamos conseguir tornar a ‘ameaça’ numa oportunidade.


MariaVlachouMaria Vlachou trabalha na área de gestão e comunicação cultural e é autora do blog (e do livro homónimo) Musing on Culture. Contacto: mariavlachou.pt@gmail.com


Mais leituras:
Adler, J. Meet the first digital generation. Now get ready to play by their rules. In: Wired Magazine
Lewis, A. What do visitors say about using mobile devices in museums? In Victoria and Albert Museum blog
Barnnett, L. From Tate to the Louvre, the world´s best museums and galleries online. In: The Guardian
Funt, P. Theater for Twitter users. In: The New York Times
Carpintero, C. Contribución social de las nuevas tecnologías aplicadas al patrimonio y la museología. In: Asimetrica blog

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