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Mais do que uma competição de surf, o PRIO Softboard Heroes tornou-se, ao longo dos últimos cinco anos, um ponto de encontro entre desporto, arte, solidariedade e consciência ambiental. Idealizado e organizado por Tiago Pires, ex-surfista profissional e figura incontornável do surf português, o evento reúne em Santa Cruz surfistas, artistas e figuras públicas para remar por boas causas — literalmente. Em 2025, a iniciativa solidária dá um passo além e lança o concurso de arte sustentável, culminando na criação da PRIO Softboard Heroes Art Room, uma galeria que dá nova vida ao lixo das praias e canaliza a criatividade para o apoio social. Nesta entrevista, Tiago Pires fala-nos sobre o espírito do evento, a importância das causas que apoia e a força transformadora da arte quando se alia à sustentabilidade.
Como descreverias o espírito do PRIO Softboard Heroes a quem não conheça o evento?
O PRIO Softboard Heroes é muito mais do que uma competição de surf. É aquele momento do ano em que juntamos surfistas profissionais, artistas e celebridades para, juntos, darmos palco a instituições solidárias e causas que merecem ser apoiadas.
Há risos, há espírito de equipa, há momentos de partilha. E este ano vamos ainda mais longe: aumentámos o valor do donativo para 20.000 euros, vamos ter uma demonstração de surf adaptado — de forma a incluir surfistas com algum tipo de limitação, seja ela motora, visual ou cognitiva —, e lançámos um concurso de arte sustentável para dar nova vida ao lixo das praias.
Desde o início que temos um forte compromisso com a sustentabilidade. Este ano, aliado a isso, convidamos artistas a demonstrarem o seu talento e darem uma nova vida a resíduos e materiais recicláveis através da arte. Tudo isto com um objetivo de impactar positivamente quem mais precisa, dentro e fora de água.
Esta é já a quinta edição do evento. Que balanço fazes da evolução do PRIO Softboard Heroes desde a sua criação?
Tem sido uma viagem incrível. O que começou como uma ideia de unir surf e solidariedade tornou-se numa referência no calendário nacional, com um espírito que vai além das ondas.
Ao longo destas quatro edições, já conseguimos doar 55.500 euros a várias instituições portuguesas sem fins lucrativos e, este ano, reforçamos esse compromisso com mais quatro associações: a SURFaddict - Associação Portuguesa de Surf Adaptado, a Fundação Infantil Ronald McDonald, a Make-A-Wish Portugal e o Centro Social de Silveira.
O que torna este evento diferente de outras competições de surf em Portugal?
No PRIO Softboard Heroes, o espírito competitivo dá lugar à empatia. Não há pressões, nem rankings, só partilha e uma vontade genuína de fazer a diferença. Para todos os envolvidos o foco nunca foi ganhar. É uma competição, sim, mas com um propósito social e ambiental que lhe dá uma dimensão especial.
Como é que se escolhem os surfistas e figuras públicas que participam? Existe algum critério ou é mais espontâneo?
A escolha dos participantes tem sido feita de forma bastante orgânica. Procuramos surfistas e figuras públicas que partilhem os nossos valores, como a solidariedade, práticas sustentáveis e a paixão pelo mar. Não interessa só se sabem surfar, interessa que estejam ali de coração cheio, prontos para remar por uma boa causa. E temos tido a sorte de contar com participantes que representam isso na perfeição. Em todas as edições, dividimo-los em quatro equipas, cada uma composta por surfistas profissionais masculinos e femininos, jovens promessas da modalidade e algumas figuras públicas convidadas, para representar as instituições. O ano passado contámos com os surfistas João Kopke, Yolanda Hopkins e Inês Bispo, bem como com a Rita Piçarra e o António Raminhos. Este ano, já temos os olhos postos noutras personalidades de renome.
Qual tem sido o impacto social do evento ao longo dos anos? Há alguma história que te tenha marcado especialmente?
Há tantas histórias que nos marcam, todos os anos. Mas, para mim, o mais bonito é ver o impacto real nas instituições: o sorriso de quem sente o apoio, o agradecimento de quem ganha visibilidade e recursos para continuar a sua missão. Uma das memórias mais fortes que guardo é a emoção partilhada nas cerimónias finais, quando percebemos que, juntos, conseguimos criar algo com verdadeiro significado.
Como é feita a escolha das instituições que beneficiam do evento? Há algum critério específico ou é por convite?
A seleção é feita com os vários parceiros do evento. Duas das instituições são selecionadas pela nossa equipa, uma é indicada pela PRIO, o nosso main sponsor, e outra pela Câmara Municipal de Torres Vedras, também parceira oficial do evento. Desta forma garantimos diversidade nas causas e representatividade no apoio. Este ano, reforçámos ainda mais esse impacto ao incluir as instituições no projeto de arte sustentável “Art Room”, onde parte das receitas obtidas com a venda das obras reverterão também às quatro associações.
O que significa para ti, pessoalmente, conseguires usar o surf como plataforma para ajudar causas sociais?
É um privilégio. Poder continuar ligado ao surf, mas agora com um propósito solidário, dá um significado ainda mais profundo a tudo o que este desporto sempre representou para mim.
Ver que podemos usar esta paixão para mobilizar pessoas e apoiar quem precisa é algo que me toca muito. No fundo, é dar mais sentido às ondas que sempre me guiaram.
Este ano o evento apoia instituições como a SURFaddict, a Fundação Infantil Ronald McDonald, a Make-A-Wish Portugal e o Centro Paroquial de Silveira. Que importância têm estas associações na comunidade?
Cada uma destas associações desempenha um papel fundamental na comunidade, atuando em áreas muito distintas, mas igualmente importantes. A SURFaddict, por exemplo, leva o surf a pessoas com mobilidade reduzida sejam motoras, visuais ou cognitivas.
A Fundação Infantil Ronald McDonald apoia famílias com crianças em tratamento hospitalar, e garante que se mantêm unidas durante estes momentos tão delicados, e com o acompanhamento médico de que necessitam.
Já a Make-A-Wish Portugal realiza desejos de crianças e jovens que enfrentam doenças graves, levando-lhes momentos de esperança, força e alegria.
Por fim, o Centro Social de Silveira trabalha todos os dias com crianças, jovens, idosos e famílias em situação de vulnerabilidade na comunidade local, promovendo o seu desenvolvimento pessoal e social.
O que te inspirou a introduzir um concurso de arte nesta edição do PRIO Softboard Heroes?
Acredito que a arte tem um poder incrível de nos fazer sentir, pensar e agir. E se há uma mensagem que precisa de ser reforçada hoje é a da sustentabilidade. O “Art Room” nasce da vontade de unir criatividade e consciência ambiental. Por isso, desafiámos artistas de todo o país a transformar lixo em obras de arte.
A intenção é mostrar como a arte pode e deve ser um catalisador de mudança, de modo a sensibilizar para a importância de cuidar do planeta. Este projeto convida à reflexão e à ação, e penso que, pelo caminho, incentiva a adoção de práticas mais sustentáveis.
Além de inspirar comportamentos mais conscientes, como referi anteriormente, parte das receitas da venda das peças será doada às quatro instituições apoiadas nesta edição do PRIO Softboard Heroes.,
As inscrições já se encontram a decorrer e terminam a 2 de maio, por isso, os interessados podem inscrever-se aqui.
Qual é a tua ligação pessoal com a arte e a sustentabilidade? Houve algo que te motivasse particularmente neste cruzamento de temas?
Numa altura em que enfrentamos desafios ambientais cada vez mais visíveis, acredito que é essencial encontrar formas criativas de passar a mensagem e mobilizar as pessoas. A minha ligação com a arte e a sustentabilidade nasce dessa urgência. Quando reutilizamos materiais descartados para criar algo com valor estético e simbólico, estamos a dar um exemplo de que é possível transformar a poluição e o desperdício em algo bonito e significativo.
Como será feita a seleção das 10 obras vencedoras? Quem compõe o júri?
O júri é composto por representantes da organização do evento e serão escolhidas as 10 obras que melhor se destacarem pela sua criatividade, originalidade pela força da mensagem e pelo uso inteligente de materiais reciclados.
Podes contar-nos um pouco sobre a parceria com a Noah Surf House e como surgiu a ideia da exposição?
A Noah Surf House acompanha-nos desde a primeira edição e tem sido uma parceria fundamental, não só pela ajuda na montagem do espaço com materiais recicláveis e biodegradáveis, mas também por estar em linha com os nossos valores. O espaço é conhecido pelo seu compromisso com a sustentabilidade, desde o uso exclusivo de painéis solares e LEDs, à reutilização de águas pluviais e materiais reciclados na construção está profundamente enraizado. A forte consciência ecológica e ligação muito genuína ao mar e à comunidade local, fazem deste local o cenário ideal para receber o “Art Room”. E a verdade é que, desde que propusemos a ideia, mostraram-se logo disponíveis e entusiasmados com o projeto.
A “PRIO Softboard Heroes Art Room” é um projeto que vês como algo pontual ou com potencial para continuar nas próximas edições?
O nosso objetivo é dar continuidade ao projeto e fazer com que cresça a cada edição. Acreditamos que o “Art Room” tem tudo para continuar a integrar o evento e tornar-se, ano após ano, uma plataforma criativa de consciencialização ambiental e apoio social.
Como será feita a venda das obras e de que forma os lucros serão entregues às instituições?
Cada artista define o valor da sua peça. Após a venda, 20% será destinado às instituições apoiadas nesta edição do PRIO Softboard Heroes e os restantes 80% revertem para o artista. Desta forma, conseguimos apoiar as causas sociais envolvidas e, ao mesmo tempo, valorizar o trabalho criativo dos participantes.
Há planos para levar esta galeria a outros locais ou eventos futuros?
Por enquanto, a galeria é parte integrante do PRIO Softboard Heroes. No entanto, não sabemos o que o futuro nos reserva e poderá, efetivamente, surgir essa oportunidade, mas, para já, a exposição irá manter-se em Santa Cruz, na Noah Surf House.
Como imaginas o futuro do PRIO Softboard Heroes? O que gostarias de ver acontecer nos próximos anos?
Neste momento, estamos totalmente focados em tornar esta quinta edição a mais especial de sempre. Mas a verdade é que o futuro continua em aberto e cheio de ideias por explorar.
Gostava que o evento crescesse não só em escala, mas também em impacto — chegar a mais pessoas, apoiar mais instituições, envolver novas formas de expressão e ação social. Mas, acima de tudo, que continue a ser esta “bolha de solidariedade” onde o surf e a criatividade se encontram.
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