Uma “Alice” adulta e sombria abre temporada no Teatro da Trindade

O Teatro da Trindade, em Lisboa, estreia esta quinta-feira “Alice no País das Maravilhas”, um espetáculo encenado por Marco Medeiros que inaugura a temporada 2025/2026 da sala do Chiado.

Longe de ser uma versão infantil, esta “Alice” assume-se como um objeto artístico “para adultos, algo experimental entre os musicais, sem ser um típico musical”, explicou o encenador à Lusa. Trata-se de uma adaptação livre do clássico de Lewis Carroll, em que a protagonista surge marcada por “angústias e desesperos próprios do mundo adulto”.

Embora respeite a “verdadeira história” de Carroll, Medeiros acrescentou novas cenas e textos, atualizando-os para a realidade contemporânea. A Alice que sobe ao palco da Sala Carmen Dolores confronta-se com a pressão das regras sociais e das “novas ditaduras” das redes sociais e da televisão, num paralelo com os mecanismos de censura e manipulação da atualidade.

“Nem enquanto criança consegui acompanhar ‘Alice no País das Maravilhas’, nem enquanto pai a consegui contar aos filhos”, confessou o encenador. Daí o tom mais sombrio e fatalista desta encenação, que culmina num final trágico, assumidamente oposto ao desfecho convencional dos musicais.

O espetáculo conta com música e direção musical de Artur Guimarães, direção vocal de Carlos Meireles e cenografia de Ângela Rocha. Em cena estarão Soraia Tavares (Alice), Alexandre Carvalho, Diogo Mesquita, FF, JP Costa, Mariana Lencastre, Rita Tristão da Silva, Romeu Vala, Ruben Madureira e Sissi Martins.

Os figurinos são de Rafaela Mapril, o desenho de luz de Marco Medeiros, o som de Sérgio Milhano e o movimento de JP Costa, com Rebeca Costa na assistência de encenação.

“Alice no País das Maravilhas” estará em cena até 2 de novembro, com sessões de quarta-feira a sábado, às 21h00, e domingos às 16h30. No dia 12 de outubro haverá uma conversa com o público após a récita.

Na véspera da estreia, realiza-se um ensaio solidário cuja receita reverterá integralmente para a Associação Crescer Bem, instituição que apoia crianças em situação de internamento hospitalar prolongado e as respetivas famílias.

Foto: © Alípio Padilha

Notícia adaptada. Fonte: LUSA