NADIA BEUGRÉ

Há dois anos, Nadia Beugré encontrou-se com membros da comunidade trans de Abidjan, a cidade onde nasceu e cresceu. Identificadas como rapazes à nascença, navegam entre géneros numa sociedade que – no melhor dos casos – nega a sua existência. Muitas trabalham como cabeleireiras durante o dia e divas dos clubes à noite, onde inventam as suas próprias danças a partir de estilos como voguing e coupé-décalé. Movem-se entre a clandestinidade e um circuito de entreajuda.

Em conjunto com membros desta comunidade, Beugré desenvolve uma investigação coreográfica sobre género, identidade e a vida na periferia da norma. Convida a um espaço híbrido onde o palco do teatro se transforma num salão de beleza, que, mais tarde, se torna uma pista de dança. Nada é imutável e cada movimento é uma ode à possibilidade de se ser várias coisas ao mesmo tempo. Nesta coreografia, por vezes íntima, por vezes explosiva, Beugré fala da condição feminina e da solidariedade.