“Being a body, having a body - thematic touch”, resulta do trabalho de criação entre a cooperativa Maura Morales e a Intranzyt Cia.®, numa pesquisa entre o corpo como campo de batalha inescapável da política de poder social e o corpo como lugar de onde irradia o "ponto zero da utopia do corpo", como dissertava M. Foucault.
Partindo destas e de outras reflexões de M. Foucault, como a pergunta: “Meu corpo é um assunto impiedoso. E se agora eu tivesse a sorte de viver com ele, somente, como uma sombra?", levou à pesquisa de movimento sobre “os outros corpos”, “o corpo do outro”, “que corpo?”, onde foram criadas extensões do trabalho, durante o processo de criação, a grupos da população com faixas etárias distintas, com corpos muito díspares do corpo do bailarino tradicional.
Numa transmissão de rádio de 1966, Foucault dizia desejar emergir das "tristes topologias do corpo" e lamentava o corpo como um lugar "ao qual estou condenado". Dissertava ainda sobre a “…carapaça feia e objeto de escrutínio, prisão decrépita e porta de entrada para estruturas de poder social - o corpo é uma praga para o ego, e as maiores utopias são sempre tentativas de fazer o corpo desaparecer”, concluindo mais adiante “…porém, o corpo já é o ponto zero do mundo”.
O trabalho criativo, coreográfico e musical, de Maura Morales e do compositor Michio Woirgardt, concentrou-se no “o pequeno núcleo utópico” (o corpo): o “corpo utópico” de Foucault que oscila entre as normas culturais, poderosas invocações e curativas. Corpo que é ao mesmo tempo o ponto zero de qualquer utopia e o derradeiro veículo do ser.
A afirmação de Silvia Federici: "A nossa luta, então, deve começar pela reapropriação dos nossos corpos, individual e coletivamente, para redescobrir e valorizar a sua capacidade de resistência. (...) A dança tem um papel central nesta reapropriação.", foi outro dos vetores orientadores do processo criativo tomando-se numa reflexão aglutinadora do conceito geral e do ponto de partida.
Classificação etária: M/6
Duração: 70 min.