Os rapazes da praia Adoro

A partir de um convite conjunto da BoCA (que este ano decorre entre Lisboa e Madrid) e do TBA nasce Os rapazes da Praia Adoro, uma nova criação que propõe diálogo singular entre um artista português e um espanhol.

Nas pinturas de João Gabriel vislumbram-se fantasmas errantes nas praias. Nas peças de Alberto Cortés (como em Analphabet, apresentada em setembro no TBA) reconhecem-se palavras e corpos que se revelam como paisagens. Deste encontro surge a visão de dois corpos masculinos, um português e outro espanhol, numa praia exatamente a meio caminho entre Lisboa e Madrid, a 312,45 Km de cada cidade. Essa praia, chamada Praia Adoro, assume-se como um buraco espácio-temporal e um paraíso queer.

Na Praia Adoro, os dois corpos fundem-se na intimidade dos recantos naturais que os espaços de cruising oferecem. Unem-se para se reconhecerem, num ato sexual íntimo que procura saldar as dívidas pendentes entre dois países que vivem de costas um para o outro. Tomando como referência o arquivo de cinema pornográfico dos anos 70 e 80 que inspira as pinturas de João Gabriel, as palavras sobrepõem-se a esses corpos, imaginando outra forma de intimidade gay, também atravessada pela delicadeza e pela poesia. Imaginam-se outras formas de entender o sexo entre homens, talvez como uma necessidade atual de que seja uma ação curativa. Porque assim o desejam.

Com Alberto Cortés e João Gabriel

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