Ciclo de Cinema | Falésia do Amor
O Medo Come a Alma, de Rainer Werner Fassbinder | 06 fev
Amor, de Michael Haneke | 14 fev
Vulcão, Uma História de Amor, de Sara Dosa | 20 fev
O Azul do Cafetã, de Maryam Touzani | 27 fev
O Medo Come a Alma, de Rainer Werner Fassbinder
Na sua 17.ª longa-metragem, o realizador alemão Rainer Werner Fassbinder desenha a relação entre a sexagenária Emmi, trabalhadora de limpeza, e o emigrante marroquino Ali, com quase 40 anos. A esta ligação genuína, ainda que aparentemente inexplicável, opõe-se o preconceito de uma sociedade rasa, desconfiada por pressuposto – ao ponto de Emmi e Ali começarem a duvidar dos seus próprios sentimentos. “O Medo Come a Alma” é um filme revoltante, mas quieto, de composição imaculada.
Amor, de Michael Haneke
Nesta sessão especial de Dia dos Namorados, o realizador austríaco Michael Haneke testa os limites da palavra “Amor”: torna-se sinónimo de fim, fraqueza e demência. Georges e Anne, professores de música reformados e casados, veem-se a braços com a co-dependência no sentido mais literal. Se “Amor” não deixa de ser um título apropriado, “Agonia” também não seria má ideia.
Vulcão, Uma História de Amor, de Sara Dosa
A morte tende a ser uma inevitabilidade da vida, que nos afasta de quem amamos, sempre demasiado cedo – como aconteceu com Katia e Maurice Kraff. Mas não é exagero dizer que, mais do que ninguém, sabiam para o que iam. Falamos de um casal de vulcanólogos mediáticos, pioneiros na fotografia, filmagem e gravação dessas fendas na crosta terrestre – ou seja, material não faltou para fazer este documentário movido a magma, quase impressionista, portento de cor e textura. Um relato sensorial, belo e assustador, de um amor que se confunde com a vocação. Talvez o menos trágico filme de sempre sobre uma tragédia.
O Azul do Cafetã, de Maryam Touzani
Há um abismo em todos os momentos deste ciclo, em contraciclo ao que seria o tempo ideal do amor. Esse fantasma assombra todo o cinema queer: a sensação de que, face a um romance não heteronormativo, a reação do mundo é sempre imprevisível. “O Azul do Cafetã” propõe não uma utopia, mas um amor amigo, que se adapta e consente – sobretudo quando poucos o compreendem. Assim que os alfaiates Halim e Mina recebem um estagiário no seu ateliê, é fácil prevermos a cena de infidelidade, mas a cineasta marroquina Maryam Touzani leva-nos por um caminho menos óbvio e mais feliz.
Mais informações: https://teatromunicipal.ourem.pt/