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uma composição enguiçada e inacabada de Nelson Guerreiro
Nota preliminar
Este texto foi, é e será uma promessa não cumprida! Jamais!? Decidi, por isso, que também será um texto sobre o processo da (sua) escrita e das suas contingências; desde logo e, no caso concreto, quando de me deparei com o facto irreversível de que não o iria conseguir acabar na data-limite a que me tinha proposto e aventado entregar ao Pedro.
Estava mesmo convencido que este texto já seria passado. Iludi-me que tinha um início plausível, capaz de me impulsionar uma escrita compulsiva até ao remate final - da minha segunda composição para o CoffeePaste, numa secção que auto-intitulei TEMA LIVRE.
Nota Preliminar Extra (escrita às 01h32m do dia 29 de abril)
Ia enviar o texto durante o dia de ontem, mas o apagão geral impossibilitou-o. Pode parecer já demasiada ênfase na dimensão esotérica, mas não deixa de ser um aspecto curioso, ainda para mais quando já tinha sido pré-avisado por duas pessoas próximas há cerca de três semanas que deveria reforçar o stock de água e de produtos alimentares não perenes e, acredite-se ou não, confesso que as minhas prateleiras já estavam reforçadas.
Antes de partilhar esse início, pré-aviso que darei muitas voltas ao texto.
Ei-lo que já está escrito desde janeiro.
Intro:
Numa noite fria de janeiro, fui ao LUX assistir ao concerto de Rafael Toral de re(-a)presentação de “Spectral Evolution”.
Os arrepios da aragem ribeirinha maresia à entrada transformaram-se em afrontamentos inflamatórios ou suores frios do meu corpo-estético, absorvente e ecológico. Vou simplificar como se estivesse a enviar um telegrama em 1976 desde Santa Apolónia até Aldeia Nova de São Bento (Serpa): - Foi sublime e no final Ele - o Rafael Toral - despediu-se depois de agradecer a nossa presença - a de todes - dizendo isto: - Isto não está fácil. Portanto força aí!
Essa mensagem estilhaçou em mim. Dias depois, fui - como se esperava antes e depois do live-act do Rafael Toral - embatendo - imbuído de uma hermenêutica aguda sem histrionismo, reactiva sem belicismo e atenta sem raiva - com acontecimentos, ocorrências, discursos e retóricas, cúmulos, bizarrias, relevando o triunfo impiedoso do paradoxo e das contradições gritantes e deliciosas da condição humana, sem me auto-excluir. A redundância avessa só reforça as nossas acrisias.
E não é que o início do ano ofereceu-me tantas e tantas contradições e paradoxos.
(Será que é por causa do tema que o texto não se finda?)
Quem é que nos convenceu de que só seremos tão inteiros, porque somos e desprovidos de incoerências? A nossa inteireza não se mede aos palmos da correspondência e da coerência máxima, aliás a incoerência que é harmoniosa, desde logo com a nossa natureza: nascemos e morremos. Tenho que me travar, sob a pena de converter este texto num chorrilho de banalidades insufláveis e esvaziadas com uma leitura aguda e implicada. (- talvez tenhas que rever este excerto para a versão final…)
Estas palavras produziram-me - ainda que com a auto-consciência que as iria rever - uma pulsão para continuar, pois pressenti que tinha uma boa ignição: o paradoxo, a contradição, a ambiguidade, a incoerência, etc. e que estas palavras, significados em busca de exemplos seriam bons motores de arranque.
Enganei-me profundamente. É claro que tenho imensos textos, quer dizer escritos, notas soltas que são apenas isso. São o que eu quero que sejam se for o seu único leitor. É o habitual, não me estou a pôr em bicos de pés, quanto muito das letras que me fascinam; falo da tipografia, ortografia e da sua junção, mas também do toque subjectivo autoral com mil e uma revisões induzidas por releituras infinitas - ah pois escrever é rever - não haverá literatura sem revisão, nem labor meticuloso, intenções profundas na jiga-joga do pensamento. Contudo, há textos que se escrevem e se partilham, mas sobre isso o melhor é falarmos cara-a-cara, seja aqui ou seja na ponta mais longínqua do mundo. Já é possível, (sempre) para o bem, e (sempre) para além do mal.
Excursos: apontamentos para inserir no texto
1. tens que escrever sobre a demora da entrega do texto, a ausência de explicações racionalmente comprovativas, porquanto possa fazer sentido agenciar factores exógenos, sem esquecer eventuais causas sobrenaturais;
2. cita os Von Calhau e os seus avessos, oxímoros e obras onde se evidencia a partilha do paradoxo e outros artistas que também o façam: portugueses ou estrangeiros, mortos ou vivos;
2.1. Significado de Oxímoro: substantivo masculino: figura de linguagem em que palavras de sentidos opostos são combinadas de modo a parecerem contraditórias, mas que reforçam a expressão: gentileza cruel; belo horroroso; música silenciosa. Etimologia (origem da palavra oxímoro).
3. elabora uma lista de contradições a partir de um critério preciso, como por exemplo: actos praticados inesperados em espaços públicos ou privados por pessoas impensáveis ou insuspeitas;
4. cita a história da Colgate e de uma pessoa ligada à Produção que fez ganhar à empresa mais 15% de um ano para o outro e que é claramente um roubo ao consumidor, mas que é altamente valorizado pelo CEO;
5. insere a martelo o ocorrência em que assistes a um miúdo - entre os 10 e 12 anos, jogador de futsal no supermercado a gozar com as amigas que faziam patinagem artística mimetizando os gestos e gracejos (como se quisesse carregar na sua feminilidade dessa modalidade e das suas apetências resultantes de horas de treino) e que eu lhe disse: - Goza! Goza! e qual é o problema delas o fazerem, assim como se fossem rapazes… se calhar deverias ir lá fazer uns treinos talvez te tornassem um melhor jogador e amigo. Durante este sermão, missiva, mensagem o petiz nem sequer olhou para trás, não quis saber quem eu era e elas a rirem-se e e acenarem-me com o polegar!!! e a dizerem-lhe: - vês… para quê isso?
Estive quase para lhe dizer, mas contive-me… pois se calhar já me tinha esticado… - Se não gostas desses movimentos porque é que estás com elas e vais atrás de delas… se gostas mais de gestos de rapazes vai ter com eles… e elogia-os e diz-lhes com voz grossa falsa e de menino crescido: - adoro como fintas e como comemoras os golos que marcas ou a forma como colas a bola ao pé e abraça-os no campo, na escola e nos corredores de um supermercado. Faz isso, por favor!
6. utiliza como exemplo: o gesto racista das turistas AMERICANAS na GARRAFEIRA NACIONAL quando outro cliente negro se aproximou de uma prateleira de vinhos: - na aproximação, resguardou a sua mala;
7. o rapaz da pregaria que fala sobre a chuva e a mulher que está piursa por causa da roupa não secar por e por causa do elevado preço da luz;
8. o dono de um “restaurante típico” no Bairro Alto a queixar-se da concorrência desleal dos indianos e afins e a meter a unha nas bebidas;
continua…
nelson guerreiro
25 de abril de 2025
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