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Breves Crónicas do Tempo

A Raiz

Por

 

Guilherme Gomes
December 9, 2022

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A Raiz

O presente é um rebento, diz o padre numa missa em Vinhais. E convida-nos a cuidar das nossas raízes. A relação entre o que alimentamos e o que colhemos, a forma como redes invisíveis ao olhar influenciam o crescimento das árvores - e como isso se traduz para a vida dos humanos.

 

Caminho com o meu avô por entre as árvores de uma floresta plantada por ele. Eu pergunto Vens aqui todos os dias? Ele diz Sim. Eu pergunto E o que fazes? Ele diz Cuido das árvores. Falo com elas., Falas com elas?, Sim, E elas respondem?, Claro, O que dizem?, Dizem: aqui estou a ficar muito fraca, podes cortar; tenho sede; não há sol; coisas assim.

 

O meu avô conta-me que se cortou um pinhal, e plantou um novo. Os pinheiros cortados secaram todos, naturalmente; todos, menos aquele que ficou mais perto dos pinheiros novos.

 

A raíz, a base, a mente de uma pessoa. Cresci a pensar numa correspondência evidente entre a parte visível da árvore e a sua parte enterrada, entre os ramos e a raíz. Dizem-me que um ramo cortado se ressente na raíz. Uma imagem poderosa de integridade, de inteireza. Uma árvore é árvore desde a raiz. E como serão as raízes das árvores com que nos cruzamos?

 

Aquele filme de ’79, o último do Peter Sellers, se não me engano, Being There; aquela personagem: um Mr Gardener que consegue sem intenção ler o mundo político e económico como se fosse um jardim.


Se aceitarmos a proposta do padre, e assumirmos que sim: o presente é um rebento, o que são as suas raízes? Talvez tudo o que antecede e sucede para além do visível: a raíz cresce ao mesmo tempo que os ramos, o que está à face cresce ao mesmo tempo que o subterrâneo. Influenciam-se mutuamente. A mente que cresce com o corpo. A fonte e ao mesmo tempo a água. Uma relação que talvez possamos encontrar no teatro através da relação do texto com o subtexto.

 

Aí está, pelo menos a consciência da raiz. E o meio entre a raiz e os ramos. Entre o que somos e o que fazemos. Como cuidar da raiz sem que isso nos aprisione? Como cuidar do nosso jardim, como sugere Voltaire n’Cândido, ou O Optimismo?

 

Talvez o importante seja outra coisa. Estou numa época de sementeira, comentava com um amigo no verão, E há-de chegar o tempo da colheita. Uma forma de contar a história dos dias, e encontrar sentido entre o que alimentamos e o que colhemos.

Imagem gerada por inteligência artificial com recurso ao Dall.E

BREVES CRÓNICAS DO TEMPO são pequenos episódios, registos, princípios de reflexão pelo dramaturgo Guilherme Gomes.

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