Academia Portuguesa de Cinema apela à proteção do Cinema Império e à sua preservação como espaço cultural

A Academia Portuguesa de Cinema (APC) apelou hoje ao Governo e à Câmara Municipal de Lisboa para que tomem medidas urgentes para proteger o Cinema Império, defendendo a sua preservação enquanto espaço cultural da cidade.

O apelo surge na sequência da aprovação de uma proposta pela Câmara de Lisboa, na quarta-feira, que prevê a alteração do uso do edifício de equipamento cultural para equipamento religioso, com outras valências como salas de atividades para crianças e jovens, formação e serviços administrativos. A proposta inclui ainda a ampliação do edifício, com alterações significativas na sua estrutura, fachada e cobertura.

Em comunicado, a APC manifesta preocupação com o impacto desta decisão: “As notícias que nos chegam da sua desclassificação de equipamento cultural para uso religioso e o início de obras que ignoram o seu valor cultural deixam antever mais uma perda irreparável para a cidade.” A organização alerta para a ameaça de desaparecimento do Cinema Império, comparando-o ao destino de outras salas icónicas como o Monumental, Condes, Éden e Odeon.

A APC apela à intervenção das autoridades, afirmando ser essencial salvaguardar o Cinema Império: “É tempo de exigir a salvaguarda do Cinema Império e de reconhecer o seu papel insubstituível na identidade cultural de Lisboa e do país. Não se trata apenas de salvar um edifício, mas de proteger a memória, a história e o futuro cultural da cidade.”

A associação Fórum Cidadania LX também reagiu à decisão, solicitando esclarecimentos à Câmara de Lisboa e à ministra da Cultura sobre a legalidade da proposta e as suas consequências. “Não podemos deixar de manifestar a nossa tristeza pela indiferença continuada dos poderes públicos para com as grandes salas de cinema de Lisboa, que outras cidades europeias têm procurado preservar”, sublinha a associação, destacando a relevância arquitetónica do Cinema Império como uma “obra total”.

O Cinema Império, inaugurado em 1952 e encerrado como sala de cinema em 1983, encontra-se atualmente ao serviço da Igreja Universal do Reino de Deus. Apesar do seu valor cultural e arquitetónico, o futuro do edifício permanece incerto, aguardando-se uma resposta da Câmara de Lisboa, que ainda não se pronunciou sobre a polémica.

A APC e outras organizações culturais reiteram que a preservação do Cinema Império transcende a mera conservação arquitetónica, representando um compromisso com a memória e a identidade cultural de Lisboa.

Foto: Cinema Império (1952)