Aida Tavares afastada da direção artística do CCB antes da escolha do sucessor

A programadora cultural Aida Tavares vai cessar funções na Direção Artística das Artes Performativas do Centro Cultural de Belém (CCB) antes de ser encontrado o seu sucessor, apurado por concurso público que só será concluído em novembro. A cessação de funções foi confirmada pelo Conselho de Administração da instituição, que assegura, entretanto, a gestão interina da área através da sua estrutura executiva e de programação.

Segundo apurou a agência Lusa, Aida Tavares terá sido formalmente exonerada na passada terça-feira, numa reunião com o presidente da Fundação CCB, Nuno Vassallo e Silva, e outros responsáveis da instituição. Numa resposta escrita à Lusa, Tavares afirma que a decisão “resulta exclusivamente de uma decisão unilateral da Administração”, sem o seu consentimento e “sem qualquer justificação”, tendo sido recebida com “surpresa”.

A saída da diretora artística ocorre num momento conturbado para o CCB, numa sequência de mudanças internas que começou no final de 2023 com a substituição da presidência da Fundação, então assumida por Nuno Vassallo e Silva. Aida Tavares havia sido nomeada em dezembro desse ano, por convite direto de Francisca Carneiro Fernandes, então presidente do Conselho de Administração, para liderar a recém-criada unidade de Artes Performativas e Pensamento. A sua nomeação gerou desde o início divisões internas.

O Ministério da Cultura, agora sob a tutela de Margarida Balseiro Lopes, garantiu à Lusa que não teve conhecimento prévio da cessação de funções e sublinha tratar-se de uma matéria da exclusiva competência do Conselho de Administração do CCB.

A saída de Aida Tavares reacende o debate político em torno da gestão do CCB. Recorde-se que a sua nomeação esteve no centro de várias audições parlamentares, na sequência das acusações da anterior ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, que denunciou um alegado “assalto ao poder” no CCB protagonizado pelo seu antecessor, Pedro Adão e Silva. Este, por sua vez, rejeitou as acusações, acusando Rodrigues de tentar justificar uma exoneração de que não quis assumir a responsabilidade.

O processo em torno da exoneração de Aida Tavares levou mesmo à demissão em bloco da Comissão de Trabalhadores do CCB, que apontou uma “quebra irreversível de confiança” na administração da Fundação e nas entidades tutelares.

O futuro da Direção Artística das Artes Performativas será decidido num concurso internacional atualmente em curso, com conclusão prevista para novembro. Até lá, o CCB continuará a assegurar a programação com a sua equipa interna.

Aida Tavares optou por não comentar se tenciona ou não candidatar-se ao cargo.

Foto: © Pedro Mendes / Coffeepaste

Notícia adaptada. Fonte: LUSA