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André E. Teodósio – Entrevista

May 14, 2013

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André E. Teodósio – Entrevista

praga01O Teatro Praga é um grupo de artistas que trabalham sem encenador e que pretendem sublinhar a irrepetibilidade da prática teatral.
O projecto nasceu em 1995 e está sedeado no Espaço Teatro Praga, em Lisboa. Colabora regularmente com algumas das mais prestigiadas estruturas culturais em Portugal e tem-se apresentado em festivais e teatros de diversos países europeus (Itália, Reino Unido, Alemanha, França, Hungria, Eslovénia, Estónia e Dinamarca).


Qual o balanço que fazes da actividade do Teatro Praga?
Ter encontrado a Praga foi a melhor coisa que me aconteceu. Continuamos iguais. Certo, vivemos um pouco mais e atravessámos mais experiências. Mas a nossa atitude mantém-se semelhante: sabemos de onde vimos e para onde vamos. E isso relaxa-nos. Optámos sempre por caminhos difíceis mas tivemos a sorte de encontrar pessoas que nos foram apoiando entre ‘boa, vocês são malucos’ e um ‘não percebo nada, mas um dia a coisa dá-se’. Fomos fazendo muitos amigos durante estes anos. Mais do que os do facebook. São os mil que num só dia viram a Tempestade no CCB multiplicados por mais infinitos mil milhões. E entretanto o Estado notou um grupo considerável de pessoas em torno de uma ideia ou de um desejo e foi obrigado a reconsiderar a sua distribuição de recursos. O que é positivo. No entanto, nunca nos esquecemos de onde viemos e como era ter de trabalhar em coisas horríveis para, durante umas horas, poder devolver ao teatro o que era dele por direito próprio: o infinito.


O Teatro Praga tem tido a oportunidade de apresentar o seu trabalho no estrangeiro. Qual a importância desse reconhecimento, e o que retiras dessa experiência?
As recordações que tenho de fronteiras são muito vagas. Como o meu pai era militar, as passagens entre países corriam sempre sem qualquer tipo de percalço. Para além disso, vivi no estrangeiro durante muitos anos. A nossa geração, em parte, teve a oportunidade de conseguir viver no mesmo ‘tempo real’ que o resto do mundo. Acesso à educação e a dispositivos de comunicação garantem a qualquer um, hoje em dia, conseguir estar a par com os avanços do mundo. Apresentar o trabalho no estrangeiro levanta muitas questões. Que estrangeiro? O distante culturalmente? E qual é esse, Lagos ou Lagos? Viver no mundo deve ser possibilitado a qualquer pessoa e isso deve incluir o Estado olhar para os cidadãos como cuidando de si.


Foi-vos recentemente atribuído um espaço em Santos, cujo projecto chamaram DNA. Como estão a correr as coisas?
Está em processo de desenvolvimento. Acabámos de receber um apoio monetário para as obras (que devem levar cerca de dois meses) a cargo da Artéria, que este ano está em destaque na Trienal de Arquitectura, e encontrámos um novo projecto associado, o Projecto Ulisses, que nos tem insuflado de energia. DNA vai ser um espaço autónomo como que um país utópico. Aberto a qualquer pessoa, entenda-se. Um verdadeiro local comunitário. Em breve saberão de tudo.


Qual a tua opinião sobre a critica de teatro em Portugal?
Há pouco tempo encontrei isto num livro sobre Teatro de Revista: “O teatro tem percorrido dois caminhos: um desses caminhos vem ‘das suas origens’ e concede toda a importância à representação, ao ritmo, à música, às linhas, às cores, isto é, ao actor e ao espectáculo; corresponde às representações mágicas ou litúrgicas dos povos primitivos, aos mistérios eleusinos, aos mimos da decadência romana, à commedia dell’arte, aos espectáculos de feira, ao ballet, à ópera clássica, à patomima dos funâmbulos; enquanto o outro, posteriormente encetado, concede toda a importância ao texto e não admite os elementos espectaculares e mímicos senão como acessórios, reduzindo a arte dramática a um género literário.


Neste último caso, o espectáculo prolonga e completa o texto, que fora dele conserva a sua autonomia própria; no primeiro, o espectáculo absorve o texto, que, podendo até nem existir, nele praticamente se esgota.”


Acho que para bom entendedor meia palavra basta. Portugal é, ainda, dos poucos sítios onde animar um texto é uma mais-valia. Pensar e ousar criar são o oposto dessa actividade.


Quais os vossos projectos para o resto de 2013?
Agora em 2012 começamos em Julho com uma carta aberta no Théâtre de la Ville, no Chantiers d’Europe 2013, comissariada pelo Tiago Bartolomeu Costa, onde vamos apresentar tanta coisa que nunca me consigo lembrar de tudo!, depois seguimos para o projecto Taburopa, um projecto com financiamento europeu, em que cinco estruturas europeias colaboram na criação de cinco novos espectáculos, entretanto o Pedro volta a Paris para apresentar a primeira versão do seu novo espectáculo, e nos últimos três meses do ano começamos a criação ‘Terceira Idade’ que estreia no Teatro Viriato (segue para Aveiro, Porto, Torres Vedras e Lisboa). No final do ano começamos a pensar no mega espectáculo que vamos fazer no Teatro Nacional D. Maria II e em Bobigny no ano seguinte. E pronto, isto é tudo.


O que precisa de mudar a curto prazo para melhorar o cenário cultural em Portugal?
A Arte tem de passar a ser vista por todos (sobretudo por aqueles que se afirmam como sendo artistas) como uma ferramenta de compreensão do mundo tão importante ou reveladora como qualquer outra ciência. Enquanto for vista como o sub-produto de algumas pessoas que é consumido por outras pessoas durante os seus tempos livres, ela continuará a valer ainda menos do que o que vale no orçamento do Estado: 0,00001% .


http://www.teatropraga.com

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