Anne Teresa De Keersmaeker apresenta “Exit Above” em Portugal

A coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker, figura incontornável da dança contemporânea europeia, regressa esta semana a Portugal para apresentar a sua mais recente criação, “Exit Above/depois da tempestade”, um espetáculo que cruza dança, música ao vivo e reflexão poética e política em torno do ato de caminhar.

A peça será apresentada nos dias 3 e 4 de junho na Culturgest, em Lisboa, e nos dias 6 e 7 de junho no Teatro Municipal do Porto – Rivoli, numa parceria entre as duas instituições. Estreado mundialmente em Bruxelas, em 2023, o espetáculo marca o reencontro do público português com o trabalho da fundadora da companhia Rosas, conhecida por explorar a interseção entre movimento, música e pensamento.

Inspirada pelo gesto ancestral de andar, “Exit Above” parte de “Walking Blues”, de Robert Johnson, para desenvolver uma viagem coreográfica que evoca também “Der Wanderer”, de Schubert, cruzando referências do blues americano com a música clássica europeia. Para De Keersmaeker, caminhar torna-se aqui um gesto de resistência e reencontro com a beleza num mundo em desequilíbrio.

“O blues remonta à essência”, afirma a coreógrafa, que vê nesta obra uma tentativa de “transformar a tristeza em alegria partilhada, num gesto coletivo de transfiguração do quotidiano através da música e da dança”.

Nesta nova criação, De Keersmaeker colabora com a cantora e compositora flamenga de origem etíope Meskerem Mees, que interpreta ao vivo variações de walking songs, em parceria com Jean-Marie Aerts (ex-TC Matic) e com o bailarino e guitarrista Carlos Garbin.

O espetáculo conta com um elenco internacional de 14 intérpretes e cocriadores, incluindo nomes como Abigail Aleksander, José Paulo dos Santos, Ariadna Navarrete Valverde, Rafa Galdino (substituído por Nathan Felix-Rivot), Mariana Miranda e Jacob Storer, entre outros. A cenografia é assinada por Michel François.

Com esta obra, Anne Teresa De Keersmaeker propõe uma resposta sensível ao tempo presente, marcado por crises múltiplas, convidando o público a “refazer o caminho” e a reencontrar, no gesto simples de caminhar, uma forma de resistência e beleza.

Foto: © Anne Van Aerschot

Notícia adaptada. Fonte: LUSA