
Entrevistámos Carlos Martins, Director Artístico da Festa do Jazz, que acontece dias 5 e 6 de Abril no Teatro Municipal S. Luiz em Lisboa.
Como surgiu a ideia para a Festa do Jazz?A Festa do Jazz surgiu há mais de 12 anos quando fiz uma proposta para um festival português ao então recém-nomeado director do TM São Luiz professor Jorge Salavisa. Acordámos que deveria ter o nome de Festa de São Luiz e, tal como no Lisboa em Jazz que eu tinha criado uns anos antes, convidei o Luis Hilário para fazer parte da equipa de produção. No segundo ano tínhamos as escolas do país a apresentarem-se numa mostra inédita em Portugal e no Mundo e começámos a chamar a Festa do Jazz Português. Em poucos anos praticamente todos os músicos de relevo passaram pela Festa do Jazz.
Qual o balanço que faz dos 12 anos de actividade?O balanço (groove) é muito bom! Há uma inteira geração de músicos que tem como referência a Festa do Jazz e há uma transversalidade em termos geracionais, estéticos e pedagógicos única em Portugal na música improvisada. Há artistas que começaram na Festa integrando um combo de uma escola e agora são músicos de craveira internacional depois de passarem em todas as salas da Festa do Jazz. Que melhor balanço pode haver?
Qual a importancia que este evento tem para os músicos portugueses?Para alguns é uma experiência de vida! Porque passaram a ter como referência a Festa como o grande local de encontro nacional e como o spot onde se podiam mostrar e ver os seus colegas. Para todos os músicos a Festa veio confirmar o que já existia e reforçar a ideia de comunidade tão rara em Portugal. Esta comunidade foi construída sobre a excelência e a curiosidade e o facto de ser músico e director artístico creio ter criado um clima de confiança único entre os programadores nacionais. Inspirada pela forma como os músicos portugueses, principais estrelas deste festival, têm feito a sua própria internacionalização, ainda tímida é certo, a Festa do Jazz vai agora participar na Feira internacional de jazz de Bremen -JazzAhead- criando pela primeira vez a possibilidade de o nosso país estar representado colectivamente num fórum internacional com uma estratégia pensada que nos pode levar muito mais longe na presença da música portuguesa na Europa.
Como surgiu a decisão de incluir as escolas de musica no projecto?O trabalho da ASL sempre teve como centralidade a união entre a performance e a pedagogia. Daí que tenha sido natural a criação destas apresentações das escolas. Graças ao Luis Hilário estas apresentações foram de início um sucesso inesperado. As escolas evoluiram muito desde então e não podemos deixar de pensar que a Festa ajudou a sedimentar e transgredir a qualidade que foi instituída. Hoje, ao fim de 12 anos, é necessário repensar a relação com as escolas, tal é a evolução exponencial dos músicos aprendizes, por causa dos métodos de ensino que teimam em não evoluir organicamente.
Que musicos gostaria de trazer, e que ainda não teve oportunidade?A Festa do Jazz deverá ser a curto prazo um ponto de encontro entre músicos portugueses e internacionais, ou seja, deverá ser um Festival Internacional também. Gostaria de trazer só os que tiverem vontade de se desafiarem a si mesmos e que tenham o sentido da sua pertença no mundo.
Quais os principais destaques da programação deste ano?Não há destaques numa Festa onde tudo é tão bom e tão diferenciado. Se vierem à Festa vão compreender na perfeição o que quero dizer!!!
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