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Por Patricia Portela“What best can I do? Exactly what I’ve done.
My voice for the voiceless.“
Philip K. Dick, The Exegesis
Clarissa Rêgo proporciona-nos em Bloom um (re)encontro comovente entre Francis Bacon e Rodin no seu próprio corpo num diálogo permanente com o público enquanto se metamorfoseia na história de arte. Bloom, como tão bem nos diz Natasa Pnin, não é um solo, é um dueto entre os braços de Clarissa e os nossos pulmões, entre a curva da sua espinha dorsal e os nossos corações, entre a sua expressão visível e a a nossas dores invisíveis.
Bartosz Ostrowski in Walkie Talkie propõe descascar os múltiplos filtros das múltiplas traduções a que recorremos diariamente (analógicas e digitais) numa tentativa (sempre falhada? Sempre conseguida?) de comunicarmos uns com os outros. Sob o signo de David Foster Wallace e de uma enigmática frase “How exactly is this supposed to work is hard to pin down”, Bartosz move-se como o mais belo dos cisnes enquanto pisca o olho à realidade virtual das linguagens (físicas e verbais) e dos corpos (de carne e osso, de metal, feitos de algoritmos).
Navina Neverla em I see you_you see me convoca o seu alter ego Lakshmi Chellani, especialista em dança Kathak e práticas ritualistas de alteração dos estados de consciência, conduzindo-nos até ao seu mui peculiar mundo onde ironia e sinceridade se tocam num discurso que provoca, desafia, questiona posicionamentos simultaneamente políticos e rituais, artísticos e xenófobos, radicais e tradicionais, liberais e redutores através de uma sequência de eventos ou momentos que ocupam diferentes espaços e pedem ao espectador o seu envolvimento total incluindo a desobediência. Sem medo e sem rede, Navina Neverla leva-nos até a um lugar que desconhecemos, razão suprema para o encontro entre a arte e o seu leitor.
Em Does it Dance without a push? João Abreu revela-nos o seu talento enquanto natural-born-demiurgo e convoca o seu infinito arquivo de objectos e reflexões para discorrer sobre plástico, capitalismos, antropocenas, paranóias coletivas e uma imensa solidão que afinal nos une a todos. Com uma rara capacidade de nos comunicar o incomunicável, João Abreu cria um espaço confessional onde ninguém se atreve a dizer o que já todos sabemos: que ninguém escapa da rede, que ninguém sabe o que é a rede, que todos contamos sempre com uma solução, seja na experiência científica, no clic de um programa de computador, no encontro com a alma gémea, na recolha de informação, ou na dança que não diz.
Catarina Marcos em Entre o Tutti Fruti e a Natureza Morta convoca Cézanne e Jackson Pollock num momento de happening que homenageia as correntes mais radicais da história da performance. Criando um quadro em movimento de frutas vivas, Catarina bebe, come, escreve, desfaz, faz a fruta que apanha, atira, corta, espreme ou descasca e com ela desenha paisagens que se passeiam entre a abstracção e o figurativo. Uma peça para fazer pousar os olhos enquanto o pensmento se devaneia.
João Estevens encosta-nos à parede e entala-nos entre a nossa própria preguiça de reagir e a eterna curiosidade pela imagem mais banal na esperança de descobrirmos nela a pólvora. Na companhia de Mafalda Miranda Jacinto e João Abreu, Estevens lança-se num jogo avesso de sedução com o público, com os seus parceiros, com a rede digital e as suas promessas virtuais.
Em Hidebehind, Josefa Pereira transforma-se num bicho alado para nos perseguir de costas. Num movimento gradual cíclico e circular, Josefa entrelaça-nos na sua jornada e convida-nos a aceitar um estado de contemplação próprio do viajante que, quando a caminho, sabe desfrutar o seu lugar.
Em peça um, Blanca G. Téran propõe-nos uma instalação em movimento. Numa acumulação quase claustrofóbica de elementos, materiais, símbolos e movimentos, Téran adiciona e sobrepõe camadas de roupas, significados e adereços multiplicando o seu corpo, metamorfoseando-o, desfazendo-o, destruindo-se, construindo-se. Um objecto de rara beleza e susto.
Em estocolomo ou Logomania, Daniel Lühmann é Patty Hearst e nós o exército simbionês de libertação. Partindo do rapto da filha do magnata em 1973, Luhmann transpõe a relação entre refém e sequestrador para a que mantemos entre língua e palavra, entre palavra e quotidiano, entre corpo e mente, entre poesia e a simples lista de compras e Kills us softly with the translation of his song num solo de cortar a respiração.
Querida Tia é a instalação, cabinet curiosité, arquivo privado, exposição epistolar, encontro discreto, fábrica de rebuçados selvagens e memórias afectivas de Margarida Bak Gordon, uma artista que dialoga com o passado e presente de uma certa Senhora M. combinando ilustração, literatura, nós de marinheiro e pasta de fígado. Entramos no seu mundo como quem entra por uma vida adentro num album de fotografias.
Anthi Kougia e Mafalda Miranda Jacinto convocam armas, palavras, tragédias gregas e estratégias troianas para uma luta comum contra aquele Mosquito. Aquele que está sempre presente. e que, ainda que mínimo, ainda que parecendo frágil, nos massacra diariamente. Aquele que parece intocável, infalível, indestrutível porque invisível.
Em e.le.men.to, Bruna Carvalho apresenta um manifesto coreográfico sobre os elementos básicos da liberdade: água, terra, fogo, ar. Num delicado equilíbrio entre movimento, imagem e composição musical, Tal como o caçador que reconhece uma melodia nas cordas que roçam o seu arco e fleche, Bruna Carvalho faz do seu corpo uma harpa que ode aos deuses e às musas deste evento a que chamamos vida. E grita. Mas sempre em silêncio.
Por fim em Ponte insular de Gabriela D’Angelis devolve-nos o lado de dentro do corpo num sensível exercício sobre a necessidade de transmissão de um gesto e o seu bloqueio. Num mergulho em profundidade, D’Angelis navega por fluxos híbridos e dissolve-nos em líquidos ainda que de pé no terreno mais sólido.Apoiar
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