TUDO SOBRE A COMUNIDADE DAS ARTES

Ajuda-nos a manter a arte e a cultura acessíveis a todos - Apoia o Coffeepaste e faz parte desta transformação.

Ajuda-nos a manter a arte e a cultura acessíveis a todos - Apoia o Coffeepaste e faz parte desta transformação.

Selecione a area onde pretende pesquisar

Conteúdos

Classificados

Notícias

Workshops

Crítica

Entrevistas
Umbigo

Entrevista com Juan Martín Prada | Cluster Arte, Museus e Culturas Digitais

Por

 

José Pardal Pina
December 21, 2023

Partilhar

Entrevista com Juan Martín Prada | Cluster Arte, Museus e Culturas Digitais 

Coordenado por Helena Barranha, o Cluster Arte, Museus e Culturas Digitais foi lançado em abril de 2021 no âmbito de uma conferência internacional, com o grande desígnio de estudar o impacto das tecnologias de informação sobre os museus e o sistema global da arte. A compilação das intervenções resultantes desse evento – editadas num e-book disponível no website do Cluster – constitui um testemunho crítico fundamental da complexa relação entre cultura e tecnologia.


A série de entrevistas que a Umbigo e o Cluster agora encetam, tanto sob forma impressa como online, procuram clarificar, expandir e investigar muitos dos tópicos já tratados nesse primeiro esforço inaugural, nomeadamente a condição pós-digital, os desafios para as democracias e o potencial que o digital e o virtual representa para os museus e para o mundo da arte.


Autor de Prácticas artísticas e Internet en la época de las redes sociales (2015) e Art Theory and Digital Culture (2023), Juan Martín Prada – membro integrante do Cluster desde a sua origem – debate aqui esses pontos e introduz outros, como a pedagogia, o papel das grandes corporações tecnológicas e a Inteligência Artificial.

 

José Pardal Pina: Há cerca 30 anos, a internet e a maioria das investigações no campo do digital eram generalizadamente otimistas quanto ao potencial da tecnologia e das redes de comunicação. Atualmente, contudo, verifica-se um descrédito ou suspeição crescentes em relação às redes sociais, aos fóruns de discussão e aos media em geral. Como é que podemos repensar de forma crítica esse otimismo inicial do projeto digital e reposicioná-lo novamente a favor da democracia?


Juan Martín Prada: O desenvolvimento de valores democráticos na esfera digital exige muitos passos, a começar desde logo pela esfera educativa, na procura de uma literacia digital que ajude a fomentar a capacidade de utilizar adequadamente estas tecnologias e de confrontar a desinformação. Devemos também conhecer e refletir de forma crítica sobre a forma como funcionam os modelos de negócio das grandes empresas digitais, e como estes nos afetam. É essencial tomarmos consciência de como o ambiente digital se baseia na crescente colonização total das nossas interações vitais por interesses corporativos, e dos inúmeros perigos colocados por este parasitismo económico de toda a nossa vida afetiva e comunicativa canalizada através de dispositivos ligados em rede. Parece-me também fundamental que houvesse uma maior transparência em relação ao modo como as plataformas digitais funcionam e como obtêm benefícios económicos, com uma supervisão pública mais eficaz das suas práticas, a fim de evitar abusos na utilização dos nossos dados e de nos permitir utilizar os seus serviços com maior segurança.

Da mesma forma, a prática educativa deve ensinar como evitar a eventual dependência da utilização de tecnologias. Neste contexto, considero essencial que compreendamos a progressiva dependência da nossa subjetividade em relação à máquina.

Mas é igualmente indispensável desenvolver uma maior regulamentação à escala internacional para garantir a segurança e os direitos individuais dos utilizadores da internet, entre os quais, como é óbvio, a liberdade de expressão, mas também medidas para travar as formas de desinformação e de cyberbullying, sob todas as suas formas E, naturalmente, acredito também que é fundamental um maior apoio ao desenvolvimento de software grátis e open-source, que permita a educação, a investigação e o desenvolvimento da criatividade digital em ambientes menos corporativos e mais inclusivos, providenciando mais oportunidades a países e ambientes sociais e educativos com menos recursos económicos.

 

JPP: Se alguns encaram as publicações em redes sociais como uma manifestação de liberdade, outros consideram que essa pretensa liberdade é antes obra do lado negro do capitalismo, que explora a seu bel-prazer a nossa presença online hiperativa. Será que os museus, ao abraçarem esta viragem digital, não correm o risco de enveredarem por esse caminho e jogarem a favor do tecnocapitalismo?

 

JMP: Penso que os museus têm de reagir devidamente à revolução digital, tirando partido de todas as possibilidades que esta gerou. Para mim, é inaceitável não aproveitar estas novas oportunidades. Julgo, além disso, que os museus devem assumir um papel de liderança na testagem de novos modelos de utilização da rede que incentivem o pensamento interpretativo, a comunicação crítica e pertinente e, em resumo, antecipem modos mais criativos, conscientes e sensíveis de habitar a rede. Uma vez que os centros de arte e os museus são especializados em imagens, creio que têm um papel importante a desempenhar na promoção - numa cultura cada vez mais visual -, de um tipo de experiência da imagem que exija interpretação e uma contemplação muito mais detalhada do que aquela a que estamos habituados na esfera digital. 


De resto, é necessário não esquecer que o público será, a muito curto prazo, maioritariamente constituído por "nativos digitais". Os museus não podem esquecer que, tal como García Canclini salientou em tempos, “os públicos não nascem, fazem-se”, embora de formas diferentes, nas eras de Gutenberg e na digital.


No meu entender, apesar desta colonização económica das nossas interações essenciais sobre a qual assenta o modelo de negócio das redes sociais, estas constituem um campo de novas possibilidades para que as instituições artísticas se tornem espaços mais abertos, acessíveis, recetivos e adaptáveis, o que, em última análise, se enquadraria na ideia de "instituição líquida", ou o que alguns preferem denominar "museu social".


É preciso utilizar o digital para passar da conceção tradicional do museu centrado na coleção para o museu orientado para a missão. Talvez o desafio mais importante na reflexão sobre o seu futuro consista, justamente, em falar mais "com" públicos do que falar "para" públicos, como tradicionalmente tem sido feito. E aí, claro, creio que as redes sociais desempenham um papel que pode ser muito relevante. A meu ver, contêm um potencial ainda muito pouco explorado.

 

JPP: Muitos pensadores têm vindo a alertar para a crise de mediação precipitada pela internet e pelos media digitais. De que modo podem os museus e as instituições culturais debelar essa crise e propor novos e mais eficazes meios de comunicação, participação e literacia?

 

JMP: Não são poucas as instituições expositivas que ainda olham para as redes sociais com alguma reticência, ligando-as, por exemplo, a condutas um tanto ou quanto inapropriadas em centros de arte, como as constantes e compulsivas selfies, ou interpretando a esfera das redes sociais como um simples meio de quantificar a visibilidade do centro ou museu, medida pelo número de "gostos" recebidos ou pela quantidade de partilhas das suas publicações informativas. Mas estas abordagens correspondem a uma visão bastante deficitária das redes sociais, que as tende a valorizar, sobretudo, enquanto meio de difusão publicitária de baixo ou raro custo económico, pelo menos quando comparado com a muito dispendiosa publicidade que os museus, centros de arte e galerias costumavam ter de fazer, quase obrigatoriamente, em revistas e jornais impressos. Pelo contrário, considero que os departamentos de comunicação e educação das instituições culturais deveriam tentar aproveitar as redes para estabelecer uma relação mais personalizada e, por conseguinte, mais relevante, com o público. O objetivo é estabelecer uma relação mais próxima e bidirecional com os visitantes. Acredito que isto é essencial, não só para que mais pessoas conheçam e visitem os museus (para que estes possam alargar os seus públicos, ou seja, aumentar o seu "alcance"), mas também para que quem efetivamente os visite volte muitas mais vezes no futuro, e para isso é indispensável estabelecer uma relação mais ativa e duradoura entre os públicos e as instituições e as suas ofertas culturais.


Hoje em dia, os museus e centros de arte que melhor utilizam as redes sociais implementam uma infinidade de estratégias de divulgação online, tais como campanhas à volta de determinados hashtags, publicações que aproveitam certas datas especiais, comemorações, aniversários, épocas do ano, mensagens ou publicações com base em comentários ou entrevistas a artistas e curadores, curiosidades sobre o museu ou objetos e obras que fazem parte das suas coleções, ou sobre o que acontece atrás das suas paredes ou durante, por exemplo, os processos de montagem e desmontagem das exposições. Especialmente interessante para mim é a forma como muitos museus se estão a tornar protagonistas ou centros de atenção duma espécie de "realidade", assumindo a qualidade de sujeito dotado de “vida própria”, e narrando o seu quotidiano, sempre debaixo da observação contínua de muitos internautas.


Entre todas estas estratégias, uma das que me parece mais interessante como objeto de análise é o convite aos visitantes para tirarem fotografias e as divulgarem nas redes sociais, partilhando a sua experiência da exposição, impressões e vivências. Por exemplo, sempre achei de grande interesse aquelas "microperceções" que muitos registam e partilham, aqueles fragmentos ou pormenores das obras nos quais provavelmente não teríamos reparado e que, por vezes, são extremamente reveladores.


Nesta altura, as instituições de arte têm de ser elas a ir ativamente à procura de visitantes, para que estes as ajudem a expandir-se digitalmente, aproveitando as possibilidades oferecidas quando os geradores de conteúdos e os públicos partilham não só interesses comuns, mas também as mesmas capacidades descritivas e narrativas. E isto é realmente importante, uma vez que os visitantes que partilham informação nas redes sobre os museus e exposições que visitam também o fazem de uma forma bastante percetível e atrativa para os seus seguidores  (algo que nem sempre os profissionais de arte ou de comunicação sabem ou conseguem), preenchendo ainda essa informação com elementos de cariz afetivo e pessoal (naquilo que poderíamos considerar como um sinal de apropriação pessoal das obras de arte), que podem ser muitas vezes bastante inspiradores para outros internautas. As instituições deveriam procurar ser catalisadores destes processos, incentivando os seus públicos a partilhar as suas impressões que, através das redes, dão uma dimensão pública às experiências individuais geradas pelas obras.


Até porque muitos utilizadores da internet, ao quererem vivenciar por si próprios aquilo que outra pessoa (amigo, conhecido ou profissional que seguem na rede) reparou numa exposição, irão querer ver essa exposição (ou revê-la), seguindo os seus passos ou até fazer a reinterpretação de algumas obras em função dos comentários e imagens que lhes chegam através das redes sociais. Considero que as redes sociais podem ter uma enorme importância nas fases precedentes, mas mais ainda nas fases posteriores à visita ao museu.

Torna-se especialmente significativo que as instituições tirem partido do facto de a fotografia partilhada se ter tornado atualmente, acima de tudo, uma interface que nos relaciona uns com os outros e, mais do que uma prática de produção de memória, a fotografia ser agora, fundamentalmente, um elemento de ligação, uma forma de comunicação social. Aliás, eu até diria que o principal mérito das imagens que circulam na web reside na sua capacidade de interconectar os sujeitos, ou seja, na sua natureza intersubjetiva.


Para resumir, considero fulcral que as instituições, através dos meios digitais, promovam aquilo de que eu estou plenamente convencido: que qualquer interpretação de obras de arte é sempre melhor se for realizada de forma colaborativa.

 

JPP: Como será possível assegurar a conservação e arquivo de obras num espaço em perpétua agitação, onde tanto o software como o hardware ficam frequentemente à beira da obsolescência? E depois, como assegurar a salvaguarda desses mesmos arquivos e projetos, quando, por vezes, também eles estão fadados ao abandono a certa altura, por falta de verbas ou porque as prioridades dos tempos se voltaram para outras áreas?

 

JMP: Existem muitas estratégias utilizadas pelos museus e centros de arte desde os primórdios da media art para conservar este tipo de obras de arte digitais. Entre elas contam-se a preservação de hardware e software originais da época, necessários para a visualização e experiência dessas obras, ou o desenvolvimento de emuladores que possibilitam que um computador atual consiga reproduzir com precisão suficiente o comportamento de um sistema mais antigo (possibilitando assim a visualização de obras concebidas para software e hardware já obsoletos), etc. Com efeito, muitas obras digitais, em especial as concebidas para o ambiente online, colocam enormes dificuldades a este respeito, mas a criação de ambientes emulados que reproduzem sistemas e navegadores mais antigos permite, com frequência, a execução de obras de arte digital com bastante exatidão. Mais complexa é, sem dúvida, a conservação de algumas obras pensadas como experiências participativas online, mas, nesses casos, os critérios de conservação não diferem substancialmente dos de muitas outras obras não-digitais que incorporam processos de colaboração e participação ativa (happenings, obras relacionais, etc.). Para estas, são essenciais a preservação e o estudo da documentação gerada em torno delas.

 

JPP: Em Prácticas artísticas e internet en la época de las redes sociales (2ª ed, 2015) é notória a tentativa de mapear as diversas tendências e redes tentaculares que alimentam as práticas artísticas, não só da chamada era pós-digital ou pós-internet, mas também nos seus primórdios. Como vê, desde então, a emergência de novas linhas de investigação e exploração, como os memes, os desafios causados pela pandemia, a omnipresença das aplicações e, mais recentemente, a livre circulação da Inteligência Artificial?

 

JMP: Grande parte destas novas questões já foram abordadas nos meus dois livros mais recentes, Seeing and Images in the Time of the Internet (2018) e Art Theory and Digital Culture (2023). Mas entre todas elas, as questões que me parecem mais relevantes são as relacionadas com os desafios que as tecnologias de Inteligência Artificial estão a acarretar.


Nos últimos anos, o surgimento de sistemas generativos de produção de imagens baseados em IA é um marco revolucionário no desenvolvimento das tecnologias de criação de imagens; a sua importância leva-nos a falar do início de uma nova fase da cultura visual, na qual uma grande parte das imagens produzidas terá origem, em maior ou menor escala, neste tipo de sistemas generativos baseados em IA ou, pelo menos, terá sido editada com recurso a algumas destas novas tecnologias. Estima-se já que, num futuro próximo, 90% dos novos conteúdos na internet serão gerados artificialmente. Em meu entender, a ascensão destes meios visuais generativos constitui um fenómeno tão relevante na evolução da cultura visual como o foram as redes sociais no início deste novo século. As problematizações do conceito de criatividade que o uso destes novos modelos de criação visual com base em sistemas de IA está a suscitar, são para mim empolgantes.


Contudo, diante dos modos extrativos de imagens, estilos e diretrizes estéticas operados por estes modelos, e das suas sínteses eficazes, desperta-me particular interesse a forma como muitos artistas focam hoje o seu trabalho na problematização crítica da IA. Assim como nos anos oitenta do século passado as práticas apropriativas do pós-modernismo mais eclético e historicista - através das quais se reciclavam e reutilizavam velhas e novas modas e estilos - foram confrontadas com um apropriacionismo crítico (que via nelas uma negação da historicidade das formas e materiais - na verdade, uma fuga ou escapismo pós-histórico), assistimos agora à formação de uma frente crítica semelhante em relação à IA. São práticas artísticas que, longe de se contentarem com o que é proposto por este apropriacionismo tecnológico assente na combinação maquinal e na transformação derivativa características da IA, optam por se referir criticamente aos próprios discursos da IA, muitas vezes apropriando-se deles, e tornando este questionamento ético o seu centro temático. Estas outras propostas, que podem ser enquadradas na chamada "IA Crítica", podem, porventura, servir de estímulo para acentuar as diferenças cruciais entre o humanamente intencional e o maquinal autónomo no campo da criatividade artística.

 

JPP:  Tem havido um cansaço crescente em relação ao mundo que o digital trouxe consigo. De repente, a nossa persona digital tornou-se um fardo: responder a e-mails, alimentar e trabalhar para os perfis das redes sociais, participar em videochamadas e reuniões online, tornaram-se tarefas extenuantes. Será demasiado extemporâneo e absurdo pedir-se que o mundo abrande? Será impossível viver-se uma vida com muito pouca ou mesmo nenhuma presença digital, sem que nos sintamos alienados do resto do mundo?

 

JMP: É seguramente difícil não se sentir essa sensação de cansaço. O nosso estado habitual é o da distração permanente, da ocupação múltipla. A nossa época é marcada pela prevalência do  princípio da alternância instantânea entre a transmissão e a receção, o que torna muito complicado qualquer atraso entre as duas. Não temos tempo no nosso tempo. E, a propósito disto, pairam sempre suspeitas sobre a ligação entre distração e regressão (algo que, provavelmente, não seria difícil associar à conformação dos corpos "dóceis" a que Foucault se referia). Resumindo, e como mencionei acima, considero que devemos proceder a um consumo mais consciente dos meios digitais e evitar, sobretudo, que a sua utilização acabe por se tornar viciante e prejudicial.


Em contrapartida, e novamente em relação aos temas da imagem e do olhar, é evidente que nos estamos a habituar a viver numa ecologia de fluxos visuais vertiginosos.  Assim, torna-se necessário pensar numa nova "kairologia" visual, numa nova pedagogia sobre onde e quando parar de olhar, onde concentrar a nossa atenção neste fluxo de uma multiplicidade de  imagens que passam rapidamente diante dos nossos olhos. Esta é, parece-me, a exigência mais importante no processo de formação de novos espectadores na era digital.


Este artigo foi publicado ao abrigo da nossa parceria com a Umbigo Magazine. A UMBIGO é uma plataforma independente dedicada à arte e cultura, que inclui uma revista trimestral impressa, uma publicação online diária, uma rede social virada para arte e um programa de várias atividades de curadoria.

Apoiar

Se quiseres apoiar o Coffeepaste, para continuarmos a fazer mais e melhor por ti e pela comunidade, vê como aqui.

Como apoiar

Se tiveres alguma questão, escreve-nos para info@coffeepaste.com

Segue-nos nas redes

Entrevista com Juan Martín Prada | Cluster Arte, Museus e Culturas Digitais 

CONTACTOS

info@coffeepaste.com
Rua Gomes Freire, 161 — 1150-176 Lisboa
Diretor: Pedro Mendes

Publicidade

Quer Publicitar no nosso site? preencha o formulário.

Preencher

Inscreve-te na mailing list e recebe todas as novidades do Coffeepaste!

Ao subscreveres, passarás a receber os anúncios mais recentes, informações sobre novos conteúdos editoriais, as nossas iniciativas e outras informações por email. O teu endereço nunca será partilhado.

Apoios

03 Lisboa

Copyright © 2022 CoffeePaste. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por

Entrevista com Juan Martín Prada | Cluster Arte, Museus e Culturas Digitais 
coffeepaste.com desenvolvido por Bondhabits. Agência de marketing digital e desenvolvimento de websites e desenvolvimento de apps mobile