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Arrancou ontem, em França, a 79.ª edição do Festival d’Avignon, um dos mais prestigiados certames europeus de artes performativas, sob a direção do português Tiago Rodrigues. Esta edição, marcada por uma programação profundamente engajada com questões culturais e sociais, destaca três vetores essenciais: a participação da coreógrafa cabo-verdiana Marlene Monteiro Freitas, a valorização da língua árabe e a apresentação do impactante espetáculo “O Processo Pelicot”.
Em entrevista à agência Lusa, Tiago Rodrigues sublinhou que o festival “tenta responder, em primeiro lugar, às responsabilidades históricas” de fomentar a criação artística, razão pela qual grande parte dos espetáculos são estreias mundiais.
A abertura oficial deu-se com “Nôt”, de Marlene Monteiro Freitas, no emblemático Cour d’Honneur do Palácio dos Papas. A peça, com mais cinco récitas até 11 de julho, inspira-se na noite como lugar de evasão e imaginação, cruzando referências das Mil e Uma Noites, obra fundamental da língua árabe. Tiago Rodrigues descreveu o momento como “importante” tanto para o festival como para a carreira da coreógrafa, recentemente distinguida pela Bienal de Dança de Veneza.
Monteiro Freitas assume ainda o papel de “artista cúmplice”, tendo sido convidada a influenciar a programação com escolhas pessoais. Entre os seus convidados estão a cantora Mayra Andrade, que atua a 12 de julho no Palácio dos Papas, e o cineasta Pedro Costa, cujo ciclo de cinco filmes dá voz às comunidades imigrantes cabo-verdianas em Portugal.
A marcar também esta edição está a presença da língua árabe como “língua convidada”. Embora reconhecendo que a escolha poderia gerar controvérsia, Tiago Rodrigues frisou tratar-se de um gesto de inclusão e recusa de visões xenófobas. “Convidar a língua árabe é convidar toda a sua diversidade”, defendeu, sublinhando a importância de a valorizar como uma “fonte de riqueza” cultural.
Outro dos pontos altos será “O Processo Pelicot”, peça do suíço Milo Rau que recupera o mediático julgamento de Gisèle Pelicot, violada durante anos pelo marido e por dezenas de outros homens. Em cena a 18 de julho no Cloître des Carmes, o espetáculo reúne mais de cinquenta figuras públicas para uma leitura dramatizada dos autos do processo judicial. Para Tiago Rodrigues, trata-se de “mudar a vergonha de lado”, honrando o gesto corajoso de Gisèle ao tornar pública a sua história.
A produção, já estreada em Viena, será transmitida ao vivo por streaming e em salas de cinema, reforçando a dimensão pública do testemunho e do apelo à mudança social.
Tiago Rodrigues estreia também a sua mais recente criação, “La distance”, de 7 a 26 de julho, no L’Autre Scène du Grand Avignon. Passada num futuro distópico, a peça explora a comunicação entre gerações e as consequências das escolhas individuais. A obra, falada em francês e legendada em português, conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e seguirá, após Avignon, para digressão internacional.
Ao todo, o Festival d’Avignon apresenta mais de quarenta espetáculos, entre teatro, dança, ópera e propostas multidisciplinares, até 26 de julho, afirmando-se como um palco de diversidade artística, reflexão política e abertura cultural.
Foto: Nôt, de Marlene Monteiro Freitas © Christophe Raynaud de Lage / Festival d'Avignon
Notícia adaptada. Fonte: LUSA
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