
Henrique Feist está ligado ao teatro musical desde criança, e desde então tem-se dedicado profissionalmente a esta área do espectáculo. Tem inúmeros sucessos na sua carreira. Vai repor em Junho "Broadway Baby", e encena a partir de hoje "Rapazes Nús a Cantar" no Casino Estoril. Nesta entrevista fala-nos sobre estes projectos, e sobre o seu percurso.
Actor, bailarino, cantor, és um artista multifacetado. Até que ponto a formação foi importante no teu percurso?A formação é o mais importante para qualquer actor, principalmente no que diz respeito a teatro musical. É importante ter talento sem duvida nenhuma mas as bases são muito importantes também. O talento dá-nos a espontaneidade o instinto, a formação dá-nos a técnica e a teoria e para se ser mutlifacetado a que saber casar as duas e não divorciá-las.
O espectáculo Broadway Baby teve um grande sucesso e vai voltar a ser apresentado. O que esteve na sua origem?O que teve na origem do espectáculo Broadway Baby até foram vários factores. Primeiro, o desejo de ilustrar ao publico português um pequeno resumo sobre a história do Teatro Musical. Segundo, mostrar que este género de teatro não está assim tão distante de nós como pensamos. Está muito próximo e é um género que sempre suscitou interesse no publico. Aliás, o espectáculo até mostra que há imensas canções que nós já cantámos, já trauteámos e já dançámos que vêm do Teatro Musical. E algumas nem sequer sabíamos que a sua origem era neste género de espectáculo.
Qual o significado do Globo de Ouro que ganhaste o ano passado?O Globo de Ouro por razões óbvias, foi a cereja no topo do bolo. O Broadway Baby surge como uma celebração de 30 anos de carreira dos irmãos Feist. Foi escrito por mim e encenado por mim. Claramente ao ver o espectáculo nomeado e vencedor de um Globo de Ouro traz outro sabor. E vencer um Globo de Ouro num espectáculo que é partilhado com o teu irmão...isso então é ouro sobre azul.
O que podemos esperar de “Rapazes Nús a Cantar”?Dos Rapazes Nus a Cantar podemos esperar um espectáculo que vai suscitar muita curiosidade e muitas opiniões...no entanto, quem o vier ver rapidamente aperceber-se-à que em termos artísticos o espectáculo é tão ou mais difícil que qualquer outro espectáculo do género Musical. Sim, com certeza que há o nu. Mas o que prevalece no espectáculo todo e o que se percebe é que quer em termos de canto, quer em termos de representação, quer em termos de dança é um espectáculo que exige muito de quem o faz e que não perdoa. Ou se é um bom actor e cantor para o fazer ou então o espectáculo não resulta. Ao mesmo tempo, é um espectáculo que entretém, faz pensar, desafia-nos e por vezes comove.
A ArtFeist tem a gestão artistica do Auditório do Casino Estoril. Quais os próximos projectos para esta sala?São vários os projectos:
António Raminhos com "As Marias"
João Blumel
Falta Aqui Qualquer Coisa...(um espectáculo de improvisação criado de raíz para o Auditório onde o público...é muito importante)
As Obras Completas de Shakespeare
Fado em Família (José da Camara e Vicente da Camara)
Henrique Feist e Lúcia Moniz
E muitos mais que na altura indicada divulgaremos.
O que falta fazer para levar a cultura portuguesa a mais público?O que falta fazer é os politicos e a Secretaria de Estado investirem mais na Cultura e acreditarem nela. Perceberem (pois ainda não o perceberam) que a Cultura é a nossa identidade e não é um nicho para meia duzia de engravatados que muitas vezes nem percebem o que estão a ver. A Cultura não é para as elites. E já agora, actualizem a lei do mecenato e ajudem a acabar com os falsos recibos verdes!!!! Podia também haver melhores condições e melhor planeamento a nível da publicidade e da promoção da mesma pois muitas vezes o grande público nem sonha o que custa pôr um espectáculo a correr de boca em boca através de publicidade ou da falta de acesso à mesma.