Como é um dia tipico de Herman José?Não há dias típicos. Todos são diferentes. Ou no estrangeiro a caminho de um palco, ou em Azeitão, ou navegando no mediterrâneo, ou reunindo, ou escrevendo...
Acompanha o meio artístico actual? Costuma ir a espectáculos regularmente?Em Portugal pouco. Mas vou várias vezes por ano a Nova Iorque ver teatro.
Depois de uma carreira tão cheia, que desafios ainda o entusiasmam?Fazer de cada dia uma obra de arte !
Onde encontra inspiração?Observando sempre, e cada vez mais. Na net, na televisão, na rua... Tenho sempre o radar ligado.
Dentro da comédia, o que actualmente lhe enche as medidas?Em Portugal ninguém. Em Inglaterra a dupla Matt Lucas / David Walliams. Nos Estado Unidos, uma longa lista de talentos.
Tem saudades dos tempos em que escrevia os seus próprios textos?Continuo a escrever muito. Tudo o que encomendo a colegas autores é rescrito, recriado, adaptado. São muitas horas em frente ao computador e é trabalho duro.
Ainda há censura no humor em Portugal? Quer da parte das instituições, ou mesmo do público.Hoje em dia a censura não é explícita. Aprendeu a linguagem da chantagem, da pressão velada e sobretudo da "descontinuação dos projectos" sob outros pretextos: económicos, práticos, logísticos... "nunca jamais" por causa dos conteúdos. Portugal só será uma democracia, quando se tiver mecanismos de controlar os controladores.
Qual é a sensação de estar de novo “na estrada”? Encontra novos públicos?É essencial. Fechado dentro de um estúdio estava a definhar e a desaprender.
Existe alguma personagem/personalidade que gostaria de interpretar e ainda não teve oportunidade?Não. A única coisa que está por fazer, é uma autobiografia contando tudo aquilo que por enquanto não posso.
Como vê o panorama cultural português actualmente?Como o resto do País: desanimado, frágil e falido.