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Hugo Tornelo: Contar o montado em banda desenhada

Por

 

Pedro Mendes
September 30, 2025

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Hugo Tornelo: Contar o montado em banda desenhada

O montado de sobro é um dos grandes símbolos do Alentejo - território, economia, cultura e memória cruzam-se neste ecossistema único que ocupa quase um quarto da área florestal nacional. Desde 2022, o projeto “Histórias à Sombra do Montado”, criado por Hugo Tornelo e pela Ronha-Associação Cultural, tem procurado dar-lhe voz e imagem através da banda desenhada. Escritores e artistas juntam-se para criar narrativas que celebram o montado e, ao mesmo tempo, alertam para a urgência da sua preservação. Na sua terceira edição, o projeto volta a reunir nomes de destaque da literatura e das artes visuais, num trabalho que alia criação artística e consciência ambiental. Conversámos com Hugo Tornelo sobre o nascimento da iniciativa, os bastidores desta nova publicação e a forma como a arte pode contribuir para reforçar a identidade e a sustentabilidade do Alentejo.

Como nasceu a ideia de criares o “Histórias à Sombra do Montado” e porquê através da banda desenhada?
A ideia foi surgindo de forma gradual. Em 2019, quando comprámos um terreno no concelho de Odemira, maioritariamente composto por montado, já com o intuito de nos mudarmos em família, de Lisboa para cá, começámos a olhar para esta paisagem de perto. Ao falar com várias pessoas e entidades locais, percebemos que os problemas que afetavam o nosso montado eram comuns a muitos outros. Assim, quando, em 2022, surgiu a oportunidade de apresentar uma candidatura ao programa "Garantir Cultura", quisemos criar algo que fosse relevante para o território. Daí nasceu a vontade de cruzar dois mundos que nos são próximos: por um lado, a banda desenhada, uma linguagem que admiramos e que nos acompanha há anos; por outro, o mundo rural e o montado, que passava a ser a nossa nova casa. O conceito de homenagear o montado através da banda desenhada foi-se então definindo e crescendo até dar origem ao projeto.

Que papel achas que a banda desenhada pode ter na sensibilização ambiental e cultural de comunidades locais?
A banda desenhada é um meio acessível, visualmente apelativo e capaz de transmitir ideias complexas de forma simples e envolvente. Permite chegar a públicos que muitas vezes não se aproximariam de temas literários ou artísticos mais convencionais, e tem ainda a vantagem de cruzar gerações, criando pontos de encontro entre diferentes idades.

Com este projeto, o nosso objetivo sempre foi reforçar a relação entre a população, o território e o montado de sobro. Para isso, convidámos autores de renome, com estilos literários e gráficos distintos, que criaram histórias pensadas especificamente para o concelho de Odemira. Dessa forma, procuramos gerar sentimentos de identidade e pertença, valorizando o montado enquanto património ambiental e cultural, mas também democratizar o acesso à cultura, oferecendo gratuitamente à comunidade histórias de elevada qualidade artística e literária.

Acreditas que este projeto contribui para reforçar uma identidade cultural ligada ao Alentejo?
Sim, sem dúvida. Essa é uma das principais motivações do projeto. Os escritores e autores de banda desenhada vêm primeiro ao território, antes da escrita e da adaptação gráfica, exatamente com essa preocupação: que quem lê as histórias se identifique, seja pelo enredo, seja pela forma como o território é representado.

Como é que o projeto se articula com iniciativas como o LIFE Montado-Adapt?
O projeto "Histórias à Sombra do Montado" conta com o LIFE Montado-Adapt, da associação ADPM, como parceiro estratégico. Considerando que as publicações de banda desenhada são distribuídas gratuitamente por todo o concelho de Odemira, em locais do dia a dia das pessoas, como cafés, supermercados, juntas de freguesia, entre outros, percebemos que a publicação poderia funcionar também como uma plataforma de discussão sobre a gestão do montado.

No território ainda existem opiniões muito diversas sobre como gerir este ecossistema, e a má gestão tem sido um problema significativo. Ao conhecer as 42 boas práticas do LIFE Montado-Adapt, que visam sensibilizar produtores e proprietários para a regeneração do montado, decidimos selecionar algumas e colocá-las no final da publicação. O objetivo é promover boas práticas, oferecer informação prática e, simultaneamente, lançar uma reflexão e discussão sobre a gestão do Montado, tornando a banda desenhada não só uma homenagem ao ecossistema, mas também uma forma de apresentar algumas soluções.

Que impacto gostarias que estas publicações tivessem na preservação do montado e na consciência ambiental da população?
Gostaríamos que estas publicações contribuíssem para que a população veja o montado como um ecossistema de elevado valor social, económico e ecológico, intimamente ligado à identidade cultural do Alentejo. Muitas das suas valências estão ameaçadas pelos atuais contextos sociais, económicos e ambientais, e o futuro do montado depende de quem o gere de forma próxima e consciente.

Ao incluir boas práticas de gestão e regeneração do montado, procuramos disseminar conhecimentos que harmonizem a produção agrícola sustentável com o desenvolvimento económico regional, preservando este património natural único. Esperamos que, através do envolvimento emocional com as histórias e da acessibilidade do projeto, a comunidade se sinta mais consciente e motivada a cuidar do montado, reforçando a ligação entre identidade, cultura e sustentabilidade.

Já estás a pensar na próxima edição? Que direções gostarias de explorar?
Sim, tendo em conta que tivemos um apoio do “Odemira Criativa”, para 2 anos, em 2026 sairá o nº 4. A ideia é continuar a trabalhar com novas duplas criativas. A nível de escrita, gostaríamos de envolver músicos e cantautores, procurando perceber como a música pode contribuir para contar histórias de forma diferente.

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