Integral João César Monteiro chega às salas a partir de 8 de janeiro

A Cinemateca Portuguesa concluiu a digitalização integral da obra de João César Monteiro, e a Medeia Filmes prepara agora o regresso dos seus filmes às salas portuguesas. A partir de 8 de janeiro de 2026, Lisboa, Porto e várias outras cidades recebem uma vasta retrospectiva dedicada a um dos nomes maiores e mais radicais do cinema português.

A iniciativa estende-se pelos Cinemas Medeia Nimas (Lisboa) e Teatro Campo Alegre (Porto), com passagem também pelo Auditório Charlot (Setúbal), TAGV (Coimbra), CAE da Figueira da Foz e Theatro Circo (Braga). O ciclo prolonga-se por fevereiro, mês de nascimento e morte do cineasta.

Com cópias digitais restauradas, a retrospectiva abrange toda a filmografia de César Monteiro - dos primeiros encontros com Sophia de Mello Breyner Andresen, em 1969, ao derradeiro Vai e Vem (2003), estreado em Cannes após a sua morte. Pelo caminho, percorre obras que fixaram o seu lugar singular no cinema europeu: Silvestre (1981), Recordações da Casa Amarela (1989), A Comédia de Deus (1995) ou Branca de Neve (2000), entre muitas outras.

Figura iconoclasta, desassombrada e sempre à margem das convenções, Monteiro construiu uma obra livre, ferida de humor e tragédia, onde o sagrado e o profano coexistem sem filtros — como escreveria Victor Erice. Entre polémicas, elogios internacionais e uma série de filmes que se tornaram referência, o seu legado continua a gerar fascínio dentro e fora de Portugal. Prova disso são as recentes retrospectivas no MoMA, em Nova Iorque, e a edição de cofres em DVD/Blu-ray em França e na América do Norte.

A programação inclui ainda as curtas-metragens, igualmente restauradas, permitindo uma visão completa do percurso do cineasta. A lista integral dos títulos já foi divulgada, enquanto os horários das sessões serão anunciados brevemente em medeiafilmes.com.

Num gesto de revisitação e celebração, esta integral oferece ao público a oportunidade de reencontrar, ou descobrir, uma obra que, como lembrou João Bénard da Costa, permanece “incandescente” e “desmedidamente genial”.