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Jorge Gomes Ribeiro (Companhia da Esquina) - Entrevista

July 8, 2015

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Jorge Gomes Ribeiro (Companhia da Esquina) - Entrevista
esquina02Como e quando surgiu a Companhia da Esquina?
A Companhia da Esquina surgiu em 2003 por ocasião de um grupo de actores que se juntaram depois de uma formação no Teatro da Trindade. Na altura esse grupo formado por mim, pelo Sérgio Moura Afonso, o Quimbé, a Rita Fernandes, a Rita Cruz, o Ruben Santos e o Pedro Martinho decidiu que se devia dar continuidade ás ideias que todos tínhamos, também continuar juntos e investir no texto dramático. Foi uma boa aposta, neste momento a Companhia da Esquina através das suas produções apresentou- se já nos principais Teatros do país e os elementos iniciais que sairam têm também projectos profissionais consolidados. Se nada acontecer de extraordinário no Mundo ou a Península Ibérica não se descolar de repente do continente europeu existem boas perspectivas para continuar.

Há alguma ligação com a população local?
A Companhia da Esquina divulga através de vários meios a programação do Teatro da Luz às populações e público das zonas de Carnide, Telheiras, Benfica, Colina do Sol e Laranjeiras.  Através dos seus canais de comunicação digital, na secção cultural da revista da Junta de Carnide ou com protocolos com escolas e IPSS da zona estabelece-se um plano de contacto e aproximação á população destas àreas da cidade de Lisboa. Acredito que vai ser o nosso maior empenho neste projecto. Conseguir uma aproximação e frequência da população local a um Teatro que não tem programação há vários anos como é o caso do Teatro da Luz.

A cooperação com a Junta de Carnide, um plano de comunicação bem elaborado, talvez com alguns apoios de empresas de comunicação, os protocolos com as escolas da zona e as parcerias com outras associações bem como a abertura de espaço de ensaios as outras companhias da zona podem assim consolidar este objectivo.

A componente de formação de Artes do Espectáculo no Teatro da Luz é também uma aposta para que esse relacionamento com o público da zona se fortaleça. Neste momento existe um cartaz de cursos em aberto que são dinamizados por três companhias diferentes. O Armazém Aéreo com aulas de Artes circenses, a Companhia Tradballs com cursos de danças tradicionais e a Companhia da Esquina com cursos de formação e representação em Teatro

esquina04Qual o critério de escolha das peças que encenam?
A proposta artística da Companhia pretende ser eclética e dirigida a vários tipos de público mas sem descurar a contextualização dos temas que integram a sua vocação de parceiro cultural activo, num sentido politico e social da comunidade.

É objectivo da Companhia, através do seu trabalho artístico, despertar a consciência do debate, a defesa dos princípios dos direitos humanos, o contraditório da nossa sociedade. Nesse sentido a escolha recai sobre textos que independentemente da sua essência moderna ou clássica, cómica ou trágica passem pela dialéctica e argumentação dos temas acima descritos. Textos que alertam de um modo descritivo, argumentativo ou metafórico para a solidão do homem , as assimetrias dos povos, a indiferença política, a discriminação dos pequenos poderes, a injustiça laboral e a manipulação da nossa sociedade. Felizmente existe muito por onde escolher, o papel do dramaturgo é também de poder utilizar a ferramenta da escrita dramática como elemento amplificado no palco para combater aquilo que chamo a desumanização progressiva. De qualquer modo a Companhia tenta aplicar as novas dramaturgias ao seu trabalho filtrando a proposta clássica e introduzindo elementos e estruturas contemporâneas na encenação. Tanto no que diz respeito ao tratamento da forma do texto, á organização da sua estrutura formal como à alteração de espaço e tempo em cena.  Este ano vamos iniciar uma viagem pelos pós modernos como grandes arautos de uma outra estética. Vamos começar com uma reestreia no dia 14 de Maio no Teatro Meridional. O critério da escolha recai no universo dramático de Beckett e é um trabalho que eu elaborei sobre questões existenciais mergulhadas no absurdo de dois homens que discutem a possibilidade e impossibilidade de abertura de uma mala de porão. Este texto foi publicado pela ESTC com o título de Em Baixo e Em Cima.

esquina01Estão actualmente no Teatro da Luz. Que dinâmica pretendem trazer a este espaço?
A Companhia da Esquina é residente no Teatro da Luz desde Dezembro de 2014 e, além de ter a seu cargo a programação de teatro deste espaço cultural para 2015, pretende através da escolha de repertórios efectivar um projecto cultural no sentido de desenvolver uma actividade permanente de serviço público de forma continuada.

Incluido nestes objectivos nucleares existe tambem a promoção do Teatro da Luz a um espaço de experimentação de novas linguagens que entrecruzam diferentes disciplinas das artes e a divulgação de novos criadores e novas estéticas de representação. A criação de repertório de peças pedagógicas e formação em aberto para o grande público através de cursos de Artes Performativas. Neste caso o Teatro , a Dança e as Artes circenses.

O que mudariam amanhã no panorama cultural português?
Essa pergunta é um convite sério para começar a escrever uma bíblia.

Se fosse possível começaria por reeinstalar todo o processo democrático dentro das artes, dos seus directores e das suas instituições.

Um processo democrático exige que se acabem com os monopólios, as ditaduras de opinião, os compadrios e as oligarquias. É uma velha questão mas uma verdade presente, de tal modo que ainda não se conseguiu a sua extinção. Já Aristóteles tinha esta preocupação.De acordo com Aristóteles e a sua divisão de formas de Estado, a oligarquia é contemplada como uma depravação da aristocracia, onde o poder é exercido para o benefício de um grupo ou classe e não da população em geral. No caso do nosso panorama cultural é mais perverso já que advém de pessoas que supostamente se integram dentro do tecido mais popular ou social da coisa em si;  já que fazem parte da genesis da area do Teatro.

Essencialmente iniciava um clima de transparência nos concursos relacionados com projectos de Teatro. Existem neste momento em Portugal equipamentos municipais que não abrem reuniões a Companhias profissionais com créditos estéticos comprovados. Os que concorrem à DGArtes e que são elegíveis não podem ser esquecidos depois só porque o montante de subsídio não chega para todos. Seria criada uma lista dos projectos elegíveis e pelo menos esses teriam de vir a público, teriam oportunidade de mostrar o seu projecto, já que é elegível e como tal artísticamente impactante. Todos os anos ficam projectos por ver e nós com uma rede de teatros Municipais que podiam contribuir para melhorar o acesso do público ao teatro e a novas obras , dramaturgias e criadores. O Teatro Nacional também tem por obrigação e ética democrática abrir as suas portas a Companhias profissionais com currículo e obra feita em vez de funcionar numa redoma de vidro. É um comportamento obsoleto e ultrapassado considerar que só existem 5 ou 6 eleitos com conhecimento para apresentar no Nacional. Abram concursos, mas sem aquela condicionante dos mais novos abaixo dos 17 anos e meio. Este país como diz o Filipe Crawford parece que não é para velhos de 40 anos. Seria também urgente no panorama cultural criar uma carteira profissional. É uma falta de auto estima não termos uma carteira profissional para uma ocupação tão vital para o país como são a classe dos actores e criadores.

esquina03Que podemos esperar da Companhia da Esquina nos proximos tempos?
Tentar reanimar a programação do Teatro da Luz.
Afinar uma orientação pós moderna no que diz respeito à abordagem das obras escolhidas.
Abrir espaço para acolhimentos em 2016 a outras Companhias profissionais.
Construir também espectáculos para escolas com rigor de modo a angariar mais público para o Teatro.
Produzir mais textos originais que abordem temas vitais do nosso quotidiano e tentar publicar esses textos como foi o caso da peça Em Baixo e Em Cima que esteve agora no Teatro Meridional e que o texto foi publicado em livro na coleção Dramaturgos Contemporâneos.
Iniciar uma Itinerância cuidada e apresentar em mais Festivais. Vamos agora à 16 ª Mostra Internacional de Teatro de Sto André. Mais um...ficamos felizes!!

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