O Silêncio, a Cidade e a Morte: Entrevista com Elmano Sancho e Mónica Calle

“A Mão do Senhor”, é mais uma viagem teatral criada por Elmano Sancho, com quem recentemente falámos a propósito de “Super Herói”.

Esta incursão nos territórios da morte traz-nos um singular dispositivo cénico: uma carrinha funerária avança pela cidade acompanhada por outras quatro carrinhas transportando os espectadores. O cortejo é escoltado por batedores da polícia, o que faz com que todo este acontecimento ressoe na cidade. “ É a cidade que é convocada!”, dirá Elmano na conversa que tivemos com ele e com Mónica Calle dentro da carrinha funerária, num registo de imagem que acaba também por dar conta da passagem do tempo, da luz, do que acontece lá fora.

Em “A Mão do Senhor” os espectadores acedem ao que se está a passar dentro da carrinha funerária, que transporta Elmano Sancho e Mónica Calle, através da sua imagem exterior e do som. A participação dos dois atores neste projeto consistiu também em uma viagem pelas memórias e pela relação pessoalíssima que cada um têm com a morte. Mónica Calle evocou a perda de uma amiga, a actriz e montadora de filmes Patrícia Saramago, que ocorreu antes de ter começado a trabalhar no espetáculo. Disse-nos: ”Cada morte ensina-nos e devolve-nos no momento da sua morte muitas coisas, nomeadamente o quanto precisamos uns dos outros.”

O espectáculo tem uma curta série de apresentações, dias 11 e 12 de dezembro, às 20h00 e 22h00 e 13 e 14 de dezembro, às 17h00 e 19h00 O público segue em quatro carrinhas, todas escoltadas pela polícia. Em silêncio, cada pessoa escuta a conversa transmitida em direto pela rádio desde o interior da carrinha funerária.