TUDO SOBRE A COMUNIDADE DAS ARTES

Ajuda-nos a manter a arte e a cultura acessíveis a todos - Apoia o Coffeepaste e faz parte desta transformação.

Ajuda-nos a manter a arte e a cultura acessíveis a todos - Apoia o Coffeepaste e faz parte desta transformação.

Selecione a area onde pretende pesquisar

Conteúdos

Classificados

Notícias

Workshops

Crítica

Entrevistas

Panorama 2015

April 13, 2015

Partilhar

Panorama 2015
600_panoramaO Panorama - Mostra do Documentário Português celebra este ano a sua nona edição. Espalhado por vários espaços da cidade de Lisboa tenta ser um ponto de encontro de todos os que se dedicam a este estilo de cinema. Falámos com as programadoras desta mostra para saber um pouco mais.

O Panorama já vai na sua 9ª edição, qual é o grande objectivo desta mostra?
Desde a sua primeira edição, que o PANORAMA – Mostra do Documentário Português se afirma como um ponto de encontro e reunião entre aqueles que fazem e aqueles que se interessam e preocupam com o que se faz em Portugal ao nível do cinema documental. É, também desde o seu princípio, um lugar único não só para ver e discutir o que está a ser feito hoje no âmbito do documentário português, mas também para descobrir as cinematografias que fizeram a sua história. São assim objectivos do PANORAMA divulgar o documentário português, desenvolver pensamento crítico sobre esse modo de estar e fazer cinema, e integrar o documentário que está a ser feito em Portugal na história do cinema português como um todo. Há uma frase do cineasta chileno Patrício Guzmán que acompanha o PANORAMA desde o seu início e que resume bem os objectivos todos desta Mostra: “um país sem documentários é como uma família sem álbum de fotografias”; no fim, o grande objectivo do PANORAMA é aproximar os espectadores portugueses do seu cinema.

600_vai-e-vemQual tem sido o envolvimento do público?
O PANORAMA foi recebido, desde que foi criado, em 2006, com um entusiasmo crescente. Até 2011, ano em que a pergunta de partida da programação foi “Como se relaciona o documentário português com o mundo de hoje?” e se fez uma retrospectiva do cinema no pós-Abril, não só o número de espectadores foi sempre aumentando, como a sua participação nas propostas da Mostra – por exemplo, os seus debates, elemento fulcral da programação - foi progressivamente mais activa. A partir desse ano o número de espectadores começou, contudo, a descer, descida aliás partilhada com os Festivais de Cinema de Lisboa, e com as salas de cinema em geral.
É também para reagir a esta descida, que o PANORAMA aparece este ano com uma vontade de reafirmar e radicalizar os objectivos fundadores da Mostra – e que assim aparece sem secções, a deixar cair de modo mais forte as fronteiras (também entre géneros do cinema), e sem lugar fixo, para incitar ao movimento.
Queremos remarcar que este é um lugar importante para justamente pensar e reagir a essas coisas que estão a afastar as pessoas da sala de cinema, e que passam muito pelas condições em que se vive hoje em Portugal, e pelo modo autista, incomunicante, como as decisões políticas se abatem sobre as pessoas. O documentário em geral, e em particular o documentário que está a ser feito em Portugal hoje, é um reflexo dessas condições (e dessa condição), o que faz do PANORAMA um bom lugar para discutir isso mesmo.

Quais as principais dificuldades deste tipo de cinema?
As dificuldades deste cinema são por um lado as dificuldades do cinema todo e isso vê-se, por exemplo, na descida do número de documentários produzidos em 2014, o ano que se seguiu ao ano zero dos apoios ao cinema português – um ano em que o ICA não abriu concursos porque os operadores de exibição audiovisual se recusaram a pagar a taxa sobre a publicidade que estão obrigados a pagar por lei, e que é de onde provém o orçamento dos apoios ao cinema, como aliás também o orçamento da Cinemateca. No caso do documentário, a falta de apoio ao trabalho dos cineastas, não só dificulta e torna pouco provável a realização dos filmes – que são assim fruto do investimento e teimosia daqueles que os fazem – como, ao impedir um completo tempo de pesquisa, fase fulcral no trabalho documental, altera o próprio carácter dos filmes que se fazem. Se por um lado é formidável a dinâmica que, ano após ano, no PANORAMA junta primeiros filmes e trabalhos de realizadores confirmados, por outro não podemos deixar de observar que a continuidade do trabalho é difícil, que muitos primeiros filmes são também os últimos e a maior parte dos realizadores tem uma produção muito irregular no tempo.
Não é por acaso que, este ano, o PANORAMA encontrou e irá mostrar muitos filmes que se concentram e filmam aquilo que está perto e é íntimo (desde logo a família). Como também não é por acaso que iremos mostrar alguns filmes do João César Monteiro, alguém que pensou com muita inteligência, astúcia, mas também escárnio e desprezo as condições do seu próprio trabalho.

600_quem-espera

Quais os destaques desta edição?
Este é talvez o ano em que mais radicalmente o PANORAMA se faz a partir do visionamento dos filmes contemporâneos. Cada filme que vamos mostrar exigiu a sua programação, e no programa constitui uma pedra num percurso feito por movimentos que reflectem esta condição actual do cinema português: não só aquele que já aqui indicámos, o dos filmes que vão filmar o círculo familiar, e o espaço da casa; como também o movimento dos filmes que referenciam outros filmes ou que se referenciam a si próprios, filmes que pensam as suas próprias condições de produção ou filmes sobre a incapacidade de filmar, ou o movimento dos filmes que enchem espaços em ruínas com vozes ou sons ou imagens de hoje e que assim reabitam essas ruínas no presente. Esses movimentos são tanto construídos pelos documentários portugueses de hoje e que assim permitem pensar sobre o estado do país onde foram feitos, como também são construídos pela relação entre esses e os filmes de João César Monteiro. Pelas razões que apontámos acima, os seus filmes foram sendo chamados pelos filmes de hoje, e é por isso que aparecem a comentá-los – respeitámos o modo como se imiscuiu no programa.
Este ano o programa afirma-se então como um percurso, que contudo não é só construído pelos filmes: será também um percurso, físico, pela cidade de Lisboa e arredores. Porque queremos radicalizar o gesto original do PANORAMA – o de ser precisamente um “panorama”, uma vista larga e crítica -, não só implodimos com todas as secções da programação, como o próprio espaço de projecção será instável e exigirá movimento. Os filmes serão postos a dialogar com os espaços onde serão projectados – alguns dos quais são locais onde habitualmente não se vê cinema, caso do Reservatório da Mãe de Água, do Auditório do Hospital Júlio de Matos ou do Museu de História Natural e da Ciência – o que levará a que se descubram coisas novas nos próprios filmes (só visíveis nessa relação), ao mesmo tempo que se pensam as suas próprias condições de visibilidade.
Este percurso é ainda uma descoberta da cidade como matéria e pensamento, lugar da reconstrução da relação do homem com os elementos e a natureza, inclusive a sua própria, e assim circulamos entre o museu, o hospital psiquiátrico, o cinema, a sala paroquial e a assembleia municipal… Além de um piscar de olhos a João César Monteiro, que amou e filmou a cidade ao longo de três décadas, desde Quem espera por sapatos de defunto morre descalço até Vai e Vem.

Vão decorrer actividades paralelas?
De modo a radicalizar o gesto original do PANORAMA, que é o de ser uma vista larga e crítica sobre o documentário português contemporâneo, e o de descobrir a localização desse documentário na história do cinema português como um todo, decidimos este ano concentrar o PANORAMA num percurso. Será um percurso aberto e permitirá múltiplos sentidos de circulação – entre filmes, como entre espaços – mas será exclusivamente um percurso.

Como está o panorama do documentário em Portugal?
O documentário português está a reflectir talvez mais fortemente do que nunca sobre as condições em que é feito – com uma redobrada crítica, e acidez, mas também com humor e sensibilidade. Está por isso cada vez mais próximo do seu presente – com a distância crítica que o cinema exige. Ainda que as condições para a sua existência sejam poucas e difíceis, os filmes que são feitos têm cada vez mais força.

www.panorama.org.pt

Apoiar

Se quiseres apoiar o Coffeepaste, para continuarmos a fazer mais e melhor por ti e pela comunidade, vê como aqui.

Como apoiar

Se tiveres alguma questão, escreve-nos para info@coffeepaste.com

Segue-nos nas redes

Panorama 2015

CONTACTOS

info@coffeepaste.com
Rua Gomes Freire, 161 — 1150-176 Lisboa
Diretor: Pedro Mendes

Publicidade

Quer Publicitar no nosso site? preencha o formulário.

Preencher

Inscreve-te na mailing list e recebe todas as novidades do Coffeepaste!

Ao subscreveres, passarás a receber os anúncios mais recentes, informações sobre novos conteúdos editoriais, as nossas iniciativas e outras informações por email. O teu endereço nunca será partilhado.

Apoios

03 Lisboa

Copyright © 2022 CoffeePaste. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por

Panorama 2015
coffeepaste.com desenvolvido por Bondhabits. Agência de marketing digital e desenvolvimento de websites e desenvolvimento de apps mobile