
A revista internacional Monocle organiza entre os dias 17 e 19 de Abril a Conferência "
Monocle Quality of Life" na cidade de Lisboa. Conversámos com Robert Bound, editor de cultura da revista para saber mais sobre o evento, o seu trabalho e, claro, sobre o papel da cultura nos dias de hoje.
A Monocle é uma revista sobre assuntos globais. Que papel tem a cultura na estratégia geral?Bem, a Monocle é uma revista sobre assuntos globais, negócios, cultura e design, mas pode-se dizer que todos esses assuntos são assuntos globais. Apesar da cobertura da Monocle incluir entrevistas com Primeiros-Ministros, embaixadores e presidentes de Câmara, também se preocupa com a cultura das coisas – quem faz as relações públicas do presidente? Até que ponto o primeiro-ministro gere a sua agenda mediática, etc. Em termos de cultura como tal – arte, musica, filmes – a Monocle sempre se orgulhou de ser pioneira: fizemos a K-Pop há oito anos, questionámo-nos sobre o “Efeito Bilbao” há sete anos, etc.
És o anfitrião de um programa de rádio semanal sobre assuntos culturais. Como o descreverias a quem não o conhece?
O “Culture on Monocle24” foi recentemente reformulado – agora brilha como um carro novo, por isso fico feliz por falar disso! A cada semana fazemos uma pergunta, desde o literal, “Qual é o museu mais popular do mundo?”; “Como se escreve sobre moda?” até ao existencial, “O que passa de moda?”, e tentamos responder a essa pergunta em meia hora. Mesmo meia hora é muito tempo para ocupar os headphones das pessoas, por isso tentamos ser o mais acutilantes e engenhosos que podemos. Adoraria saber o que os vossos leitores acham do programa.
Vão organizar a Conferência “Monocle Quality of Life”. O que vos levou a escolher Lisboa como cidade anfitriã?
Pensamos que Lisboa compreende a ideia de qualidade de vida, e é uma cidade de oportunidades onde encontramos um grupo jovem de empreendedores que têm uma perspetiva fresca sobre o que um pequeno negócio pode ser, e mantiveram-se na sua capital para refrescar uma bela antiga cidade com algumas subtis novas pinceladas de tinha.
Qual é o principal foco do evento?
Será um dia de conversas
com, em vez de por, algumas excelentes mentes: Erik Spiekerman, o tipógrafo com um olho em
tudo, Martin Roth, o director do V&A em Londres, Isay Weinfeld, o rei da arquitetura brasileira, e Catarina Portas de “A Vida Portuguesa”, entre muitos outros. O foco são as cidades, os media, a arquitetura, a cultura e, acima de tudo – a oportunidade.
Pensas que a cultura é desvalorizada pelas cidades de hoje? Que potêncial está a ser desperdiçado?
É uma boa questão, mas eu pergunto-me se a cultura não será, de facto, sobrevalorizada como uma solução rápida pelas cidades. “Rápido – construam um museu ao estilo espacial ou estamos mortos!”. Penso que a cultura é mal compreendida por muitas cidades. A cultura é a economia de pensamento dos mercados livres, que felizmente é impossível de regular. As cidades desvalorizam galerias comerciais, espaços de música ao vivo, cinemas, teatros – rendas mais baixas e atrair pessoas para assistir a outras a atuar ou a vender arte – nem
tudo deverá ser um museu construído pelo quinto assistente de um nome famoso.
Na tua opinião, que cidades estão a abordar bem a cultura?
Lugares que tenham uma cena orgânica, em vez de cultura imposta por edital: Los Angeles, Melbourne, Amsterdão, Londres.
Read the interview in English