‘Sirât’ e a nova geografia do sagrado segundo Oliver Laxe

Depois de O Que Arde e Mimosas, o realizador franco-galego Oliver Laxe regressa com Sirât, um filme que rompe com os modelos clássicos da narrativa para mergulhar o espectador numa experiência sensorial, espiritual e profundamente contemporânea. Rodado no deserto de Merzouga, no sul de Marrocos, e centrado numa caravana techno em direção a uma rave perdida entre as dunas, Sirât é, ao mesmo tempo, um road movie cósmico, uma peregrinação coletiva e uma metáfora íntima sobre o caminho estreito entre o sofrimento e a transcendência.

Premiado com o Prémio do Júri na edição de 2025 do Festival de Cannes, o filme afirma-se como um gesto radical de liberdade estética, onde música eletrónica, espiritualidade sufi, fé islâmica e imagens de uma beleza árida e hipnótica se entrelaçam.

Nesta entrevista, falamos com Oliver Laxe sobre os significados ocultos de Sirât, a sua abordagem ao cinema como ato de fé e de cura, e o modo como o deserto - físico e interior - se tornou mais uma vez cenário e espelho da sua visão do mundo.